Com Selic a 9,25% os rendimentos da poupança e dos investimentos mudam, alerta executiva da MAG Investimentos

"A curto prazo o conservadorismo vai reinar, certamente", analisa

Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar em 1,5% a taxa básica de juros (Selic) para 9,25% ao ano, o cálculo da rentabilidade da poupança voltará às velhas regras. Com a mudança, a rentabilidade da poupança passa a ser de 0,50% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano, mais a TR – o equivalente a receita já paga pela chamada “poupança antiga” (depósitos anteriores a maio de 2012). Quando a Selic fica igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a variação da TR. 

Ainda que o retorno da poupança aumente com a alta da Selic, o método de investimento mais popular do país continuará a perder de outras opções de investimentos com características semelhantes, na opinião da estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira. “Estamos vendo uma volta muito forte para investimentos em renda fixa em geral”, diz ela. “Investimentos indexados à Selic, como a LFT (Letra Financeira do Tesouro, ou Tesouro Selic), fundos DI e títulos de crédito privado que pagam em % do CDI tem performado bem. Para o investidor conservador, acaba sendo uma notícia ainda melhor”, explica Pereira. 

Sobre a composição da carteira dos investidores nesse contexto, Patrícia acredita que “o apetite ao risco para o próximo ano deve ser bastante reduzido”. De acordo com o contexto econômico e político do país, a bolsa de valores brasileira, por exemplo, tem apresentado resultados insatisfatórios. “A bolsa tem ido mal, muito mais pelo ambiente institucional do país do que pelos valores das empresas em si”, explica Patrícia. “Com as eleições de 2022, a incerteza aumenta, o que traz volatilidade e ainda mais desafio para os investimentos de maior risco. Difícil ser otimista, no curto e médio prazo, e consequentemente em tomar algum risco nos investimentos”, comenta a executiva. 

Vale lembrar que a Selic está subindo exatamente porque a inflação está bastante elevada. Logo, o ganho real no curto prazo segue desafiador. Títulos que pagam IPCA mais uma taxa são boas alternativas para se proteger da alta da inflação e promover uma diversificação na renda fixa, mas são mais arriscados. Títulos privados indexados à Selic também promovem diversificação, com risco mais controlado. Nesse caso, vale atentar para a diminuição do spread desses títulos, assim como para o rating do emissor. 

No entanto, é sempre bom lembrar que retornos mais elevados costumam estar associados a aplicações financeiras mais arriscadas e de mais longo prazo. Portanto, ao investir, é necessário avaliar não apenas a rentabilidade esperada, mas também os objetivos do seu investimento, a demanda por liquidez e a disposição para enfrentar as volatilidades do mercado (perfil de risco do investidor). 

“A visão institucional do Brasil está abalada. Não sabemos quem vai ser o candidato [das eleições], não conseguimos aprovar reformas”, destaca Patrícia. “A curto prazo o conservadorismo vai reinar, certamente”, analisa. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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