O CQCS Insurtech & Innovation, a versão brasileira do evento sobre insurtechs que acontece anualmente em Las Vegas, realizado nos dias 23 e 24 de novembro em São Paulo e também na forma online, suscitou debates sobre diversos temas relevantes para o mercado segurador local, que rema contra a maré das dificuldades impostas pelas volatilidades políticas e econômicas do país para elevar a venda de seguros, que ainda tem uma participação inferior a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Apesar do cenário de queda de PIB, alta da inflação e redução da renda média do brasileiro, o setor investe em tecnologia para reduzir custos, aumentar os canais de distribuição e levar uma experiencia mais amigável ao consumidor. Neste contexto, as insurtechs, empresas de tecnologia dedicadas a seguros, buscam investimentos e parcerias com players do setor, para acelerar a transformação necessária para fazer frente a um novo consumidor.
Segundo a revista Apólice, de acordo com Gustavo Doria Filho, CEO do CQCS e idealizador do evento, três pontos demonstraram o sucesso do encontro: o respeito às normas de segurança para o evento presencial, com todos utilizando máscaras e vacinados. “O segundo ponto é como o conteúdo remoto chega até a gente com qualidade, mas sem o mesmo calor do presencial; por último, os temas abordados, com palestrantes internacionais e tantos CEO’s apresentando assuntos que mostraram a importância deste acontecimento para o mercado”.
Abaixo um resumo do que acompanhei pelas mídias oficiais do evento. Este post será atualizado com a publicação de novos textos.
Transformação
O Valor traz entrevista com Matteo Carbone, que participa do CQCS Insurtech & Innovation. Segundo ele, para sobreviver na indústria de seguros nos próximos anos, todas as empresas terão de se tornar uma insurtech. “Agora temos visto as insurtechs voltarem a bater na porta dos intermediadores para conseguir que vendam suas apólices.” Carbone diz ter ouvido de uma grande insurtech ser “tão incrível trabalhar com agentes, pois você só paga um percentual dos prêmios, em lugar de fazer um grande investimento para adquirir dados de consumidores”, diz.
Fabio Luchetti, ex-presidente da Porto Seguro, resumiu o tema: 1. Quem não dominar a tecnologia, será dominado. 2. Inovações em seguros são mais fáceis de serem obtidas com as Seguradoras maduras. Seguros depende de muitos dados, história, bons algoritmos. O que precisa é de uma revolução interna para uma evolução externa. 3. Start ups ajudam mais na aceleração dos processos das Seguradoras tradicionais, que reagem, do que na disruptura ou conquista de market share (o famoso tubarão dentro do tanque de peixes). 4. Corretores de Seguros sempre são massacrados na utopia das vendas diretas (discurso que agrada investidores) mas o tempo revela que eles são o caminho e não o pedregulho!
Segundo Caribou Honnig, idealizador do Insuretech Connect, o mundo das insurtechs ocupou espaço aos poucos, mas ainda tem um longo caminho pela frente, informa a Apólice. Ele lembrou que os incumbentes têm a possibilidade de fazer, comprar ou ser parceiro neste processo de inovação. “Preste atenção na entrada de novos players no mercado: as big techs podem precisar dos seus serviços para atuar no mercado de seguros, colocando você como prestador de serviço”, avisou Honnig. Ele destacou o uso de API’s, que criam uma série de atalhos para a criação de novos produtos e serviços, e também para a incorporação de novas estratégias operacionais e comerciais. “A batalha entre cada startup e incumbente se resume a saber se a startup terá escala antes que o incumbente obtenha tecnologia eficiente”, resumiu Honnig.
Fábio Dragone, da Bradesco, destacou que o mundo vive um momento histórico, que afeta diretamente o mercado de seguros. “Hoje, tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Estamos vivendo uma revolução, que somente será notada no futuro. Os anos 2010 e 2020 serão lembrados como um período em que tudo mudou, seja no relacionamento, no consumo, ou como a gente vive Estamos vivendo um momento histórico”.
No tema sobre a importância de vida, Jorge Nasser, presidente da Bradesco Vida e Previdência, evidenciou que o antigo Corretor ‘morreu de Covid’, e deu lugar a um novo profissional, que vai andar lado a lado com a inovação. “É importante entender que a inovação é necessária independente de ser disruptiva”, contou. Nilton Molina, presidente do conselho da MAG Seguros, também destacou como a penetração de seguros ainda é um desafio. “É uma coisa bonita, mas não sabemos fazer direito. Fazer o seguro ser demandado é o nosso grande desafio de disrupção”.
Open Insurance
A advogada Marcia Cicarelli lembrou que o órgão regulador – Susep – tem o intuito de promover inovação e promover o protagonismo do cliente. “É o que se vê como sandbox o open insurance, um sistema padronizado de compartilhamento de dados”, ponderou.Ela disse ainda que acabou de sair resolução sobre os requisitos da Siss. “Ela não retém o risco, mas é ela que vai intermediar a venda de dados. Vamos, em um momento futuro, passar em um sistema complexo (open insurance e open banking) e o objetivo é melhorar a experiência do cliente”. Para ela, é um incentivo claro à concorrência. “O seguro hoje é uma indústria que tem menos que 4% do PIB há um grande espaço de crescimento e o open insurance deve promover concorrência e crescimento”, analisou.
Denise Oliveira, CEO e fundadora da Fitinsur, disse que a empresa nasceu com o open insurance na cabeça e olha pra ela com um prisma diferente. “O open insurance está em voga em função da regulação. Na Inglaterra já se pratica, é uma experiência real e quando falamos de Open Insurance existe o arcabouço regulatório. Temos a parte da lei, mas temos o costume. Embora exista o regulatório e a grande sacada dasseguradoras do sandbox é a velocidade”, ressaltou.
Guilherme Jun Haragushi, superintendente executivo da Bradesco, enfatizou que o cliente está no centro e que independente de insurtech ou grandes seguradoras, o objetivo é fomentar o crescimento do mercado. “A proteção que oferecemos aos nossos clientes é o valor que oferecemos. Precisamos de um canal de distribuição eficiente”, afirmou. Ele disse ver o open insurance como oportunidade para a indústria do seguro e isso vem carregado de atenção com os dados. “Isso passa por quão responsáveis somos pelo tratamento da informação. Fator de confiança passa a ser fundamental seja por parte dos corretores, seguradores. A regulamentação está aí para termos esse cuidado”, ressaltou. Acrescentou ainda que a questão do consumidor empoderado é uma realidade. “O grande poder de decisão que os consumidores têm deve aumentar e cabe a gente, como agentes dessa indústria, estar à frente para oferecer soluções”, analisou.
Boris Ber, presidente do Sincor-SP, ressaltou que o open baking é uma operação B2C (Business to Consumer, negócio para consumidor na tradução) e o Open Insurance está longe de ser isso. “Nós, enquanto corretores de seguros, sabemos quando a relação começa, mas não sabemos como termina a nossa prestação de serviço e nem qual vai ser o tamanho. Por isso, hoje, fazemos muito mais do que o serviço da SISS. Fazemos um trabalho de prospecção, técnico, com sugestão de valores, de avaliação de risco, de estudo de dano máximo provável, de lucros cessantes. Nós contribuímos tecnicamente e fica pouco claro como essa contribuição vai se dar no Open Insurance”, ressaltou. Para o presidente do Sincor-SP, o momento é de cautela e reflexão, mas, principalmente, de união. “Acredito que, juntos, vamos achar uma solução para esta e outras oportunidades que estão por aí”, traz nota do Sindicato.
Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguros (SISS)
Armando Vergílio , presidente da FENACOR , afirmou que as #siss Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguros não fazem parte do Sistema Nacional de Seguros e, portanto, não podem ser contempladas no #openinsurance. Este assunto ainda permeará muitas discussões no setor. Boris Ber, Marco Antônio Messere Gonçalves e Lucas Vergilio também comentaram as implicações do Open Insurance para os corretores de seguros. “A Resolução CNSP nº 415, que cria o Open Insurance apenas cita a SISS, não impõe regras, por isso, não se sabe se é um substituto do corretor, um marketplace, não dá para identificar. Do ponto de vista jurídico, ela é ilegal, já que o mercado de seguros é baseado em legislação e para se criar um operador novo dentro do setor é necessária uma lei complementar, que passe pela Câmara e pelo Senado”, ressaltou Armando.
“Independentemente da nossa opinião, o Open Insurance veio para ficar, para ampliar e democratizar o acesso às informações. Baseado no open banking, a única diferença é que no setor de seguros temos o corretor que já exerce esse papel há décadas”, declarou o presidente do Conselho Consultivo da MAG Seguros, Marco Antônio Gonçalves.
Segundo o deputado Lucas Vergilio, sociedade e poder público enxergam o setor de seguros como um apêndice do setor financeiro e o Open Insurance é a prova disso. “Infelizmente, nós não fomos ouvidos, o órgão regulador se distanciou do diálogo com as seguradoras, com os corretores e com a sociedade, por isso, foi esse copia e cola do open banking”. Vergílio anda falou sobre o papel do setor para mudar isso. “Falta para um trabalho institucional e de conscientização, para mostrar à sociedade o lado social do seguro, de proteção, para depois tratarmos do lado financeiro”, divulga o CQCS.
José Adalberto Ferrara, presidente da Tokio Marine, ofereceu a visão de um segurador. Como desafio na distribuição de seguros ele citou a SISS, uma nova oportunidade que ninguém ainda sabe como funcionam exatamente. “A partir do momento em que ela conhecer a jornada do cliente, ela pode passar a oferecer produtos que hoje são comercializados pelos canais atuais”. O corretor deve procurar a diversificação das suas vendas, estimulando o cross-selling. “Para o corretor conectado não há fronteiras para prospectar”, apontou Ferrara.
Potencial
Kassie Bryan, da Swiss Re, projetou um cenário em que haverá aumento da receita de prêmios nos próximos anos em decorrência de fatores econômicos, climático, sociais e tecnológicos.Na visão dela, haverá também mudanças expressivas em carteiras importantes como a de veículos, a reboque do aumento da automação. Nesse contexto, ela projetou redução da sinistralidade por acidentes e a da frequência de novos veículos. “Carros privados serão menos importantes, o mix vai mudar. O seguro baseado no uso vai aumentar, mas vai demorar décadas para substituir o que temos hoje, vai ser evolução, não disrupção. O impacto virá com o tempo”, observou.A executiva previu ainda aumento da receita nos seguros de propriedades em razão do crescimento da economia, especialmente nos mercados emergentes. “A América Latina, por exemplo, terá grande crescimento.
Investimentos
“Muito se fala em digitalização, inovação e transformação. Mas, é preciso lembrar que isso demanda muito dinheiro. Na HDI, desde 2017, investimentos R$ 450 milhões. São valores que impactam nos resultados das companhias”, frisou. Já em sua palestra, Jeremy Jawish, CEO da Shift, destacou que as seguradoras precisam mostrar ao consumidor que, de fato, se importam com a experiência do usuário, como fazem empresas de outros segmentos, como a Amazon e a Uber. “Na pandemia isso se tornou ainda mais importante. Os segurados estavam muito estressados e precisavam se sentir cuidados, especialmente no caso de seguro saúde. Então, foi importante criar processos de automação, serviços para os segurados se informarem de forma on-line a qualquer hora e dia. Além disso, há os funcionários das próprias companhias que tiveram que trabalhar de casa e ficaram sobrecarregados para atenderem consumidores estressados. Os processos que não foram criados para serem usados de casa”, comentou.
Ao falar sobre o mercado de investimento de risco em Insurtechs, Jonathan Kalman, CEO da EOS Venture Partners, afirmou que os investidores estão levando em conta fatos como a aceleração do ritmo de mudanças e questões sociais e ambientais. Além disso, os eventos climáticos estão mais severos e frequentes, o que traz consequência para os investimentos em insurtech.Para ele, os aportes em projetos de Cyber vão continuar aquecidos, ao contrário dos IPOs, que enfrentam barreiras. “O mercado está se educando e antes de irem ao público, investidor vai pedir desempenho melhor financeiro”, comentou.Ele disse ainda que os investimentos em distribuição feitos por tecnologia são vistos como prioridade. Assim, essas insurtechs vão continuar a conseguir capital. “Precisam de alguns trimestres para ficar maduros, mas é um segmento muito legal”, acrescentou.
Parcerias
“Como seguradora, temos que pensar os canais de corretores como plataformas de apoio na venda, prover cada vez mais ferramentas, conhecimento para que eles tenham cada vez mais condições de fazer uma venda mais fluida”, afirmou o Superintendente Executivo Bradesco Seguros, Giuliano Generali, durante o painel Tech Transformando o Seguro. O corretor passa a atuar então como um consultor, que conhece todas as opções disponíveis e oferece o produto certo para cada momento de vida de cada um dos clientes. “Não precisa contar só com estrutura própria para que as coisas aconteçam, pode chamar empresas parceiras. Mesmo que não tenha a tecnologia embarcada na empresa, tem muitas soluções no mercado”, ressaltou o Head de Produtos & Parceria SUTHB, Ricardo Nishimura. Esta troca entre as empresas permite que produtos sejam lançados com muito mais agilidade e os clientes sintam que tem suas demandas atendidas de maneira mais rápida.
Corretor “Biônico”
Claudio Lendecker, diretor comercial da Pottencial Seguros comentou que para se tornar um “corretor biônico” o corretor, inevitavelmente, deverá enxergar as seguradoras como suas grandes aliadas. “O corretor de seguros é uma parte ativa do ecossistema de proteção da sociedade”, traz a Apólice.
Leonardo Freitas, diretor da Organização de Vendas da Bradesco Seguros, lembrou que a nova geração é movida por significado e por propósito. Quem lida com a proteção da vida, patrimônio, saúde, financeira tem um super poder e chega a ser um “herói sem capa”. “O corretor é capaz de lidar com o futuro, com a proteção do acontecimento futuro, atuando também como um pilar para a inovação”. A tecnologia deve complementar o trabalho deste profissional, com cursos para que ele seja cada vez mais poderoso e possa atuar na multicanalidade.
O diretor executivo da GC do Brasil, José Luiz Ferreira, apontou as ameaças aos corretores de seguros nos últimos anos e que não vingaram. Ele destacou que os fatores que influenciam o consumo online de seguro podem ser supridas pelos corretores de seguros. “As pessoas procuram na internet prêmios de seguro mais baixas. Ao pegar o preço mais baixo, o nível de sinistralidade acaba subindo também”. Portanto, a agilidade e a customização podem ser oferecidas pelo corretor, com condições melhores para as seguradoras.
Homenagens
O primeiro homenageado no evento foi o fundador da Porto Seguro, Abrahão Garfinkel. A gravura foi recebida por seus netos, Bruno Garfinkel e Marcelo Blay. Antonio Carlos de Almeida Braga, o “Braguinha” (representado por Raphael Caetano, diretor da Icatu); Mátrio Petrelli (representado por sua filha), Patrick Larragoiti e Nilton Molina também receberam a placa. O presidente da Fenacor, Armando Vergilio, também foi homenageado pelos relevantes serviços prestados ao mercado de seguros, assim como Almir Ximenes, que, como executivo de seguradoras, prestou relevante apoio ao CQCS nos primeiros anos do portal; Cecilia Cavalcante, primeira jornalista a trabalhar no portal; além dos colaboradores Monique Dutra e Maria.
Parabéns por acreditar e realizar! Isso move o mundo! bjus
Oiê!!!
Não tinha visto!!!
Ameeeeeiiii!!!!
Gratidão esse seu olhar tão apurado para o nosso evento!
Q tal organizarmos algo mais estruturado para edição 2022?
Se fizer sentido, just let me know!
Só um ponto me preocupou na matéria…
Maria não foi exatamente homenageada, apesar de ser a chefe.
Assim vc me obriga a homenagea-la no proximo!!!
😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂
Gratidão mesmo!
Beijo