Riscos climáticos são preocupação para 34% dos empresários brasileiros, revela pesquisa da Grant Thornton

O Internacional Business Report (IBR) Sustentabilidade pesquisou 253 empresas no Brasil, de um total de mais de 4.600 empresas de 29 países

Fonte: Grant Thornton

Ao mesmo tempo em que a Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP26) discutiu rumos e metas para a sustentabilidade do planeta, a pesquisa global realizada pela Grant Thornton apontou que desde o início da pandemia a sustentabilidade, no Brasil, se tornou muito mais importante para 61% e um pouco mais importante para 26% dos empresários entrevistados. Na América Latina, esses índices ficaram em 53% e 28%, e globalmente em 41% e 30%, respectivamente.

Apesar de ter crescido em importância, somente 34% dos entrevistados brasileiros atribuíram esse crescimento às preocupações com as mudanças climáticas, apenas 1 ponto percentual (p.p.) acima dos empresários da América Latina (33%) e 5 p.p. a mais do que a média global (29%).

Isto mostra que ainda há muito que se avançar nessa questão da redução nas emissões de CO² e outros gases de efeito estufa em todo o planeta, pois a ONU concluiu, em relatório recente, que não é mais possível impedir que o aquecimento global se intensifique nos próximos 30 anos, com isso, a meta de limitar o aumento a 1,5ºC nas próximas décadas fica mais distante.

Na COP26, as discussões seguiram no sentido de definir metas mais ambiciosas para evitar o agravamento de eventos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento, que, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, já atingem todas as regiões do planeta.

Por outro lado, os resultados da pesquisa mostram que o que mais estimula os empresários rumo à sustentabilidade é melhorar a eficiência operacional e reduzir custos, item igualmente citado por 48% dos entrevistados no Brasil e na América Latina, contra 42% globalmente. Melhorar o acesso ao capital e a investimentos vem em seguida, é importante para 35% dos brasileiros e latino-americanos e 37% do global. Por último, o aumento na regulamentação e requisitos de relatórios não financeiros foi citado por 19% dos respondentes (Brasil e América Latina) e 32% do global.

Com relação às ações que as empresas têm adotado para tornar o negócio mais sustentável, 57% dos empresários brasileiros afirmaram ter desenvolvido uma estratégia de sustentabilidade, índice que ficou em 47% na América Latina e 43% no global; 26% afirmaram buscar padrões externos e certificações em sustentabilidade – América Latina 25% e global 16%; indicadores de desempenho e definição de metas foi opção para 20% (Brasil), 23% (América Latina) e 29% (global); e ações baseadas em medições ESG foram citadas por 15%, 14% e 22%, respectivamente.

Outra questão relevante diz respeito às barreiras que retardam o progresso da sustentabilidade nas empresas. Para 51% dos empresários brasileiros, a principal delas é a falta de clareza em torno de novos regulamentos/requisitos, que também é apontada por 43% dos entrevistados na América Latina e 31% globalmente. A confusão em torno das melhores estruturas de medição é outro entrave, citado por 31% dos brasileiros e 26% dos latinos, com índice global de 25%. Além disso, há uma preocupação com os custos das ações (Brasil – 25%, América Latina – 28%, global – 30%), assim como com os benefícios financeiros limitados de cada ação, que preocupam 16% dos brasileiros, 17% dos latinos e 22% globalmente.

“Não há dúvida que o tema sustentabilidade vem ganhando terreno nas empresas brasileiras e foi claramente impulsionado pela pandemia da covid-19. Porém, a integração dos aspectos ESG nos negócios é um processo que envolve etapas de entendimento e implementação. Os resultados da pesquisa demonstram que muitos empresários, especialmente os brasileiros, sentem falta de clareza do que é requisito importante dentro da sustentabilidade no contexto dos seus negócios. Para agilizar e facilitar a construção de parâmetros mais concretos, a articulação conjunta e colaborativa entre governos, reguladores e organizações é fundamental”, avalia Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil.

Para ilustrar o atual cenário, a executiva cita um estudo da Organização Mundial do Comércio (OMC) que afirma que os desastres naturais são uma ameaça real aos objetivos de desenvolvimento nacional e internacional e reforça a importância de neutralizar a emissão de gases e manter o aumento da temperatura média global em 1,5˚C até 2050, um dos objetivos da COP26. . Aponta, ainda, que a interdependência da economia mundial e a prevalência de cadeias de abastecimento globais implicam que danos à infraestrutura local ou à capacidade produtiva podem ter impactos econômicos e comerciais globalmente. “Em conjunto com seus stakeholders e assumindo uma atitude construtiva, as empresas precisam buscar mecanismos para eliminar as barreiras apontadas e avançar na agenda de sustentabilidade, para não ficarem à mercê de eventos climáticos e suas consequências, que podem abalar os negócios”, finaliza.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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