A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2022 voltou a cair, agora abaixo de 1,00%, percentual em que estava na semana passada, para 0,93%, no Boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta terça-feira com estimativas coletadas até o fim da semana passada. Para 2021, o ponto-médio das expectativas para a expansão do PIB também foi reduzido, pela quinta semana consecutiva, agora de 4,93% para 4,88%.
O economista Pedro Simões, do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, a Confederação Nacional das Seguradoras, explica que com um quadro de indicadores econômicos aquém do esperado divulgados na semana passada, como a queda das vendas do varejo e dos serviços, as expectativas para o desempenho do PIB no terceiro trimestre se tornam nitidamente mais negativas e, dada a queda entre abril e junho, cresce a probabilidade de termos uma recessão técnica este ano (dois trimestres seguidos de contração). “Ainda estamos saindo de uma forte recessão decorrente do Covid-19, seria particularmente negativo, nesse cenário, entrar em recessão técnica tão cedo”.
Outra notícia desfavorável veio da inflação, destaca Simões. O IPCA de outubro acima das expectativas e qualitativamente desfavorável, mostrando uma inflação persistente e disseminada entre diversos produtos e serviços. A inflação oficial acelerou de 1,16% em setembro para 1,25% em outubro. “Diante da surpresa relevante no IPCA de outubro, cresceu no mercado a sensação de urgência quanto a uma resposta ainda mais forte do Banco Central para conter as pressões inflacionárias. Não é possível desprezar a possibilidade de um aumento maior que o de 1,50 ponto percentual na Selic em dezembro, como ainda se projeta hoje”, avalia. Na política, destaque para as primeiras tratativas da PEC dos Precatórios no Senado, que podem pesar nas projeções para a próxima semana.
Leia a íntegra do boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas semanal feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg, no portal de CNseg.