ESSOR Seguros lança apólices sem retoques para obras de arte

"O seguro especializado é particularmente valioso em todos os ramos, mas em arte, é imprescindível”, afirma o CEO Fabio Pinho

Sem retoques. Essa foi a diretriz de Fabio Pinho, CEO da ESSOR Seguros, ao tomar a decisão de entrar no especializado mercado de seguros de obras de artes. “Nossa estratégia é clara e permanece a mesma: Só entramos em nichos nos quais podemos construir produtos e serviços com especialistas e assim levar aos clientes o que eles realmente esperam de uma seguradora: proteção. O seguro especializado é particularmente valioso em todos os ramos, mas em arte, é imprescindível”, afirma Fabio Pinho, que está no comando da seguradora francesa no Brasil há 10 anos, desde sua fundação. 

A estratégia de Pinho começou por avaliar o potencial do segmento de artes no Brasil, conversando com os principais especialistas do setor em diversas áreas, até  a criação futura de cursos para compartilhar a expertise adquirida com corretores de seguros interessados em ofertar produtos e serviços diferenciados aos potenciais clientes como museus e instituições culturais nacionais e internacionais, colecionadores privados e corporativos, e órgãos públicos nas esferas municipal, estadual e federal. 

Assim como fez em outros nichos especializados de seguros, o grupo contratou profissionais apaixonados pelos ramos e busca corretores especialistas. Para disputar o seletivo mercado de obras de artes, Pinho contratou Ana Maria Soares Guerra Notari em fevereiro deste ano. Museóloga, com pós-graduação em obras de artes na Itália, começou sua carreira em museus e logo partiu para logística de exposições, coleções e chegou ao mundo dos seguros depois de atuar por 15 anos no ramo da arte e ter uma vasta rede de contatos. “Estudar na Association for Research into Crimes against Art foi incrível, pois pude aprofundar o conhecimento através de profissionais renomados de conservação, segurança, patrimônio e até da Scotland Yard”, conta.

A subscritora atuará bem próxima à KNW Brokers, corretora de resseguros liderada por Marcio Ribeiro, fundador e CEO, que atua desde 1996 no segmento de artes. Além de trazer um conhecimento técnico relevante para o projeto, a equipe da KNW Brokers  construirá pontes entre a ESSOR, os corretores de seguros e os profissionais que atuam neste mercado, museus, empresas organizadoras de exposições, colecionadores e empresas de transportes. “Nosso cuidado é para que os clientes de nossos corretores recebam conselhos técnicos e práticos e fiquem satisfeitos com o que compraram, caso tenham um acidente e acionem a apólice”, explica Ana.

Com sua rica vivência em arte, Ana Maria mais do que ninguém entende a importância dos detalhes do processo de gerenciamento de riscos. Há muitas coisas sobre as quais se deve ter conhecimento: como comprar, proteger e segurar. Ter gente qualificada para compreender, faz toda a diferença quando o assunto é obra de arte. Praticamente todas as apólices que contemplam incêndio, exigem sprinklers. Neste caso, o cuidado está em posicionar a obra em um lugar seguro da água jorrada pelo equipamento, o quepode significar um agravamento do risco com perda total da obra, caso seja só um alarme falso de incêndio.  

“No caso de obras de arte, temos de orquestrar e supervisionar cada detalhe do transporte de todas as peças”, ressalta a subscritora da ESSOR. Há transportadores de arte experientes e muito já mudou no Brasil. “A Receita Federal, por exemplo, já entendeu que não se pode abrir algumas obras em razão da temperatura que precisa ser mantida para não haver danos na tela. É preciso criar um ambiente totalmente hermético para evitar a degradação”, acrescenta Ana. 

“Me sinto realizado com esta parceria com a ESSOR, que tem claro em sua estratégia a importância de criar um seguro sem retoques, colaborando com a viabilidade de projetos culturais e, assim, estimulando que a arte chegue a todos em seus diversos meios, desde uma exposição complexa como foi a dos Guerreiros de Xi´Na, em 2003, até um tour virtual como temos visto em tempos de pandemia”, comenta Márcio. “Imagina como foi difícil fazer esta exposição com centenas de peças feitas em terracota a mando de Qin Shi Huangdi, o primeiro imperador chinês, que unificou a China em 221 antes de Cristo. As peças mais antigas da exposição tinham 7 mil anos de existência”, conta.

Segundo Márcio, foi uma apólice cheia de remendos, pois os seguros disponíveis no Brasil ainda têm um clausulado do exterior mal tropicalizado, o que gera muitos conflitos e dúvidas, além de problemas na hora de acertar o pagamento de um acidente ocorrido. “Ficamos felizes que nossa empresa tenha sido convidada para desenhar com a ESSOR uma apólice que atenda às reais necessidades dos profissionais que atuam com artes, bem como saber que a subscrição será feita por uma executiva que fala a mesma linguagem do cliente, o que é algo realmente diferenciado”, afirma. 

Um outro exemplo recente foi o incêndio de grandes proporções, em Taboão da Serra, no dia 25 de março, que atingiu o galpão do grupo Alke, empresa especializada em logística, que guardava peças da Galeria Nara Roesler – um dos principais espaços de arte contemporânea do Brasil.  O fogo destruiu renomadas obras de galerias de arte de São Paulo, como a Nara Roesler, Vik Muniz e a Simões de Assis, que usavam o espaço para armazenar as peças. O que se sabe até agora é que há seguro, mas ninguém fala sobre valores. “Temos de tomar todas as medidas para não perder uma obra, pois não dá para reconstruir ou repor. É uma perda incalculável. O seguro traz um apoio financeiro importante, mas nunca substituirá a obra”, comenta a subscritora da ESSOR.

O fato, no entanto, dá mais destaque para o lançamento da ESSOR. A perda de várias obras no incêndio da Galeria Nara Roesler assustou as seguradoras que atuam no segmento. Enquanto boa parte delas reduziu os valores disponíveis para cobertura, a ESSOR estreia neste mercado com capacidade de até USD 50 milhões por apólice já aprovado em contratos de resseguro. Acima deste valor, o corretor negociará o risco de forma facultativa. “Mesmo sendo negociado caso a caso, apostamos na rapidez por já termos clausulas claras e dentro dos parâmetros exigidos pelos profissionais que atuam com obras de arte”, garante a subscritora.

A ESSOR chega ao mercado disputado por menos de 10 seguradoras no Brasil e conta com a expertise da matriz francesa, uma das mais reconhecidas neste segmento mundialmente. A apólice local é no formato “All Risks”, com cobertura para todos os riscos aos quais a obra está exposta – roubo, queda, deterioração (por chuva, luz, umidade), danos causados durante o transporte, entre outros. Em caso de o cliente enviar sua obra para alguma exposição, há a opção da cobertura “prego a prego”, que envolve todas as etapas do transporte da arte até o retorno ao local de origem. Nas exclusões, basicamente o trivial de todos os contratos: risco nuclear, asbesto e ato de autoridade pública. “O resto está tudo coberto”, garantem os executivos. O seguro da ESSOR cobre o valor declarado da obra. Sem pegadinhas sobre desvalorização da obra ou do artista. Em caso de sinistro total, se paga o valor acordado.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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