Fonte: Valor Econômico
O consumidor mudou seu hábito de consumo e quer tudo na palma da mão. Isso exigiu uma simplificação monumental do arcabouço regulatório do mercado segurador. Missão assumida pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que desde o início de 2019 se debruça na simplificação das normas. “A Susep tem o projeto de ampla revisão do marco regulatório visando criar condições para um mercado cada mais competitivo e diversificado”, afirma o diretor da autarquia, Rafael Scherre.
Um negócio exemplifica o novo ciclo do setor. A fintech unicórnio Creditas comprou em 21 de julho a corretora Minuto Seguros, com 160 mil clientes e faturamento anual de R$ 250 milhões. Um mês depois, o Nubank, com IPO programado para o próximo ano e que busca uma captação entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões, com valuation entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões, fez uma parceria com a Creditas para diversificar o portfólio de produtos, que inclui investimentos, empréstimo pessoal, cartão, conta corrente e conta para PJ e seguro. O fundador da Minuto Seguros, Marcelo Blay, que passa a ser sócio da Creditas e vice-presidente da nova unidade de seguros, está ansioso para ofertar seguros para os mais de 40 milhões de clientes do Nubank.
Essa movimentação toda só foi possível graças ao “open”. Em dezembro, está prevista a integração entre a fase 4 do open banking com a fase 1 do open insurance com o objetivo de dar início ao open finance. “Creio que nunca existiu uma medida como o open insurance, que tenha mobilizado tanta informação, gere tantas dúvidas e incertezas e necessite de tanto investimento”, afirmou Marcio Coriolano, presidente da Confederação das Seguradoras (CNseg), em recente webinar, reconhecendo a importância do projeto.
Apesar do prazo curto para a implementação e o argumento que o “cobertor está curto para tantos investimentos”, o diretor da Susep argumenta: “O alinhamento realizado com o open banking nos coloca a necessidade de manutenção dos prazos acordados. Vale destacar que há um acompanhamento contínuo das entregas do projeto, inclusive por meio de comunicação permanente com os representantes do setor através do Conselho do Open Insurance e demais canais de comunicação.”
Paralelamente, a Susep faz experimentos por meio do sandbox, ambiente constituído com condições especiais para teste de produtos, serviços ou novas formas de prestar serviços tradicionais. Na primeira fase foram 14 projetos recebidos, 11 selecionados e 10 autorizados a operar como seguradora no ambiente experimental, sendo que quatro delas já estão em operação. Na segunda edição serão selecionados mais 15 projetos.
A Pier foi a primeira insurtech autorizada a participar da edição inicial do sandbox. “Recebemos em agosto nova injeção de capital de mais de R$ 100 milhões e temos previsão de fechar o ano com receita anualizada de R$ 60 milhões. Queremos acelerar nosso crescimento. Para isso, estamos nos preparando para solicitar a licença definitiva de seguradora junto à Susep para impulsionar ainda mais a nossa expansão em seguros de auto e celular”, conta Lucas Prado, co-fundador da insurtech.