Valor Econômico: Seguro de vida cresce 19% no primeiro semestre

“O setor avançou dez anos em 30 dias. Não podemos trazer a vida de uma pessoa de volta, mas podemos dar um alívio financeiro para um recomeço”, afirma Helder Molina, CEO da MAG

Fonte: Valor Econômico

A preocupação com a saúde e bem-estar das famílias e a conscientização sobre a necessidade de proteger o patrimônio financeiro em caso de perda de renda ou doença grave têm favorecido o mercado de seguro de vida. De acordo com dados da Susep, o seguro de vida teve crescimento de 19,1% no primeiro semestre, em relação a igual período de 2020, correspondendo a um aumento de R$ 1,75 bilhão na arrecadação de prêmios, para R$ 24,4 bilhões. Também registra o menor número de cancelamentos de apólices. “Apesar de todas as perdas envolvidas nesta crise sanitária, ela despertou as pessoas para a necessidade de se fazer um check-up da saúde financeira das famílias”, afirma Bianca Mangraviti, head comercial B2B da XP Inc, no evento XP Expert.

Segundo Helder Molina, CEO da MAG Seguros, a pandemia acelerou os projetos de inovação das seguradoras e mostrou à sociedade o propósito do setor: proteger famílias de imprevistos financeiros. “O setor avançou dez anos em 30 dias. Não podemos trazer a vida de uma pessoa de volta, mas podemos dar um alívio financeiro para um recomeço”, afirma. O setor pagou indenizações para mais de 10% das mortes confirmadas por covid-19. “Queríamos pagar para 100% das pessoas que tiveram perdas. Mas, infelizmente poucos ainda têm seguro de vida no Brasil.”

Luciano Snel, CEO da Icatu Seguros, dimensiona o impacto social. Já foram pagos R$ 3,8 bilhões em indenizações por mortes provocadas pela covid-19 entre abril de 2020 e julho de 2021. Quase 86 mil apólices foram acionadas, diante das mais de 577 mil mortes registradas desde o início da crise. Deste total, R$ 2,8 bilhões foram pagos em 2021. Cerca de 90% do valor pago foi por morte.

Apesar de muitas apólices terem cláusula de exclusão no caso de pandemias, as seguradoras decidiram pagar. “O contrato conta com programas para gerenciar a saúde integral e evitar uma possível ‘morte’ financeira. E é isso que estamos conseguindo mostrar às pessoas, que agora parecem estar mais abertas para ouvir o que temos a dizer”, acrescenta CEO da Prudential, David Legher.

Cerca de 95% das pessoas com covid-19 sobreviveram e uma parte significativa precisa de apoio para lidar com problemas decorrentes da pandemia. “Eu calculo que 25% das coberturas em vigor podem ser usadas em vida, permitindo, assim, uma reorganização da nova realidade que surge”, afirma Snel.

Ele cita a cobertura por doenças graves, em que o beneficiário poderá usar o dinheiro, sem qualquer tipo de burocracia, para fazer um tratamento que talvez não seja coberto pelo plano de saúde, por exemplo.

“Estamos em processo de construção de uma nova consciência que nos traz a clara percepção de que o nosso futuro depende das decisões que estamos tomando no presente.”

O maior legado da pandemia, segundo os seguradores, foi despertar a necessidade de reavaliação da saúde financeira das famílias, uma vez que o seguro de vida é uma das melhores ferramentas para garantir o planejamento financeiro e sucessório. “A procura por proteção do patrimônio ou da renda vai depender do momento em que o cliente está, e a consultoria que prestamos ajuda a despertar este interesse no cliente”, destaca o CEO da MetLife Brasil e Colômbia, Raphael de Carvalho. “O objetivo é olhar o cliente de forma holística e apresentar as melhores soluções para o seu momento de vida e seus objetivos futuros”, recomenda.

Todos estão animados com o potencial de negócios neste segmento. Os executivos citam o baixo consumo do seguro de vida no Brasil, inferior a 1% do PIB brasileiro, em comparação a dois dígitos de países como Estados Unidos, França, Suíça, Inglaterra.

“No Japão, por exemplo, 70% das vítimas da covid-19 receberam indenização”, afirma Carvalho, da MetLife. Molina, da MAG, traz outro dado sobre o potencial. “Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nossa população economicamente ativa é de 140 milhões de pessoas. Temos 15 mil assessores financeiros. Ou seja, 9 mil por pessoa. Cada assessor pode ir buscar 9 mil clientes para colocar em sua base. Este é o tamanho do mercado potencial que calculamos que temos para conquistar”, afirma.

“É um ganha-ganha para todos os envolvidos na cadeia do seguro de vida”, ressalta o CEO da Prudential. Ele cita o Prudential Vitality, programa de bem-estar e recompensas que incentiva as pessoas a uma vida mais saudável, com foco na longevidade. “Na África, a expectativa de vida é de 63 anos. Registramos aumento de 37% na prática de atividades esportivas dos clientes que usam a nossa plataforma de bem-estar, o que eleva a expectativa de vida. Nosso objetivo é chamar a atenção para a saúde integral, corpo, mente e financeira.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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