Newe Seguros eleva lucro para R$ 6,5 milhões no 1o. semestre de 2021

"Nosso empenho está em sempre estar um passo a frente de nossos concorrentes com nossos investimentos em especialistas e tecnologia", diz o CEO Carlos Caputo

Mesmo com toda a seca que afeta o lucro das companhias que atuam com seguro rural, a NEWE Seguros obteve crescimento no lucro líquido, passando dos R$ 800 mil registrado nos seis primeiros meses de 2020 para R$ 6,5 milhões de janeiro a junho de 2021. O valor está 45% acima do resultado obtido durante todo o ano passado, que fechou em R$ 3,9 milhões. Outro destaque dos resultados do primeiro semestre deste ano é o avanço das vendas para R$ 232 milhões em prêmios, acima dos R$ 65 milhões do mesmo período do ano passado. 

“O valor de vendas do primeiro semestre deste ano já e maior do que o registrado em 2020 inteiro, quando totalizamos em 12 meses R$ 170 milhões”, comemora o CEO Carlos Caputo. “Ou seja, já temos até junho 40% a mais este ano do que todo o ano passado”, acrescenta. A expectativa é encerrar 2021 acima de R$ 400 milhões, mantendo o ritmo de crescimento de vendas com lucratividade. 

Segundo Caputo, o bom desempenho da companhia, que completa dois anos de carreira solo, com a saída da Markel em junho de 2019, vem dos investimentos na contratação de pessoas especializadas para cada nicho de negócio que atua e em tecnologia de ponta para prestar um atendimento ágil aos clientes e poder subscrever riscos com boa margem de segurança, mantendo o índice combinado (indenizações e despesas menos vendas) abaixo de 100%. 

“Somos especializados em rural, garantia e responsabilidade civil. Os três nichos com maior índice de crescimento no mercado segurador. De janeiro a junho deste ano, o mercado de seguros brasileiro cresceu 19,8%, com arrecadação de R$ 145,1 bilhões”, destaca o executivo. O seguro rural avançou 37,9% e o seguro de responsabilidade civil teve alta de 37,4%, segundo dados analisados pela Confederação das Seguradoras, a CNseg. “Nosso empenho está em sempre estar um passo a frente de nossos concorrentes, por meio dos nossos investimentos em especialistas e tecnologia”, afirma. 

Agronegócios, o grande encanto de Caputo

Financiar, semear, plantar, colher, alimentar. E fazer o seguro para garantir o ciclo virtuoso da produção que alimentará o mundo. Pensar neste processo preenche o dia a dia da carreira de Carlos Caputo. “Sou encantado pelo seguro agrícola, pois é ele quem pode mitigar perdas de uma atividade que tem como principal risco as intempéries do clima”. 

A evolução no campo é visível, com tecnologia embarcada para sementes, adubos, equipamentos e vendas. “Mas segue passível a condições climáticas que o produtor não tem como controlar, como chuvas, secas, ventos. Temos oscilações de temperaturas em um mesmo dia de 8 a 25 graus, que causam danos sérios a vários tipos de cultivos. E o seguro é quem pode mitigar esses riscos”, afirma Caputo. Se a lógica é tão clara – o agricultor sem seguro se endivida com bancos, cooperativas e fornecedores caso não tenha o seguro para recuperar parte da perda e recomeçar um novo ciclo de plantio – o que precisa ser feito para aumentar a área plantada coberta por seguro?

“Previsibilidade”, responde Caputo. “O produtor precisa ter a segurança que pode contar com o subsídio do governo”. O Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao agricultor a oportunidade de segurar sua produção com custo reduzido por meio de auxílio financeiro do Governo Federal. O Plano Safra 2021/22 entrou em vigor em 1° de julho, com R$ 1 bilhão para a subvenção ao PSR. O valor previsto permitirá a contratação de aproximadamente 158.500 apólices para proteger 10,7 milhões de hectares e um valor total segurado de R$ 55,4 bilhões. São números melhores do que os de 2020, com orçamento de R$ 881 milhões, que já foi o dobro de 2019, com 100 mil produtores atendidos no ano, 84% a mais que 2019 e 44% a mais que o recorde anterior.

O valor médio do subsídio utilizado pelo produtor em 2020 foi de 35%, com volume total de seguro rural de R$ 3 bilhões, alta de 36%. As indenizações também avançaram. As seguradoras pagaram em 2020 mais de R$ 2,46 bilhões, em comparação a R$ 1,9 bilhão de 2019. “Claro que comemoramos o avanço no valor do subsídio, que cresce a cada ano. Em 15 anos, o governo contabiliza a marca de 1 milhão de apólices subvencionadas pelo PSR. Mas ainda é pouco”, afirma o CEO da NEWE. 

Em outros países, governos incentivaram o seguro em vez do crédito. No Brasil, apesar do subsídio rural aumentar a cada ano, ainda há uma grande incerteza se os recursos serão liberados. Ter esta certeza ajudará a criar a cultura do seguro no agronegócio ao estimular o ciclo virtuoso. Mais produtores com acesso ao subsídio, mais investimentos das seguradoras em tecnologia para subscrever riscos, pagar indenizações, treinar peritos e implementar programas de gerenciamento de riscos junto aos produtores, que incluem cursos técnicos sobre como preparar a terra, qual a melhor época de plantar e de colher, qual a melhor semente, entre outros conhecimentos cruciais para ter uma colheita farta”.  

Comparado a outros países, este valor ainda é ínfimo. A China gastava o mesmo que o Brasil há 10 anos. Agora, investe 10 vezes mais em subsídios. Nos EUA, quase 100% da produção tem seguro. No Brasil ainda não chega a 20%. “Aqui, cada vez que temos uma catástrofe, produtores vão atrás do governo para refinanciamento, que tem um custo muito maior do que o seguro”, argumenta. Segundo ele, o incentivo dos governos norte-americano e chinês às empresas para compensar riscos desconhecidos foi o que popularizou o seguro.

Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram crescimento em torno de 29,5% em 2020, para R$ 6,8 bilhões no seguro rural. Com isso, o segmento saiu de 7% em 2019 para 8,7%, a segunda maior participação em vendas de seguros de danos, liderado apenas pelo seguro automóvel. A NEWE avançou no ranking rural. Em 2019 ocupava o nono lugar. Em 2020, o sétimo. “Nossa meta é terminar 2021 entre as cinco primeiras colocadas. No primeiro semestre fechamos na 3ª posição”, orgulha-se Caputo. Em 2021, a seguradora prevê contabilizar perto de 20 mil apólices comercializadas.

A jornada de Caputo é escancarar para todos que o agronegócio pode ser uma grande saída para todos no Brasil. “Se dermos condições para as famílias de pequenos produtores plantarem, traremos pessoas para o campo. Mas é preciso ensinar como fazer, além de subsidiar o seguro. Como melhorar a terra para ter melhor produtividade. Se tiver nutriente, a colheita será melhor. A grande saída para isso são as cooperativas. E o seguro pode ajudar a prevenir e melhorar a qualidade do risco. É preciso ter um projeto de longo prazo capitaneado pelo governo, que use o seguro como um incentivador de qualidade. Nós estamos muito interessados nesta jornada”. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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