Apesar de apresentar prejuízo, os resultado do IRB Brasil RE mostram melhorias em diversas linhas do balanço. Começando pelo próprio prejuízo, que foi bem menor do que os apresentados nos últimos balanços, desde o inicio de 2020 quando a crise teve inicio com as acusações de fraudes contábeis. A perda de R$ 206,9 milhões no segundo trimestre do ano indica melhora em relação ao mesmo período de 2020, quando reportou prejuízo de R$ 656,7 milhões. Nos primeiros seis meses de 2021, o prejuízo líquido foi de R$ 156,1 milhões, ante perdas de R$ 621,7 milhões no ano anterior.
Em vendas, o ressegurador registrou R$ 1,24 bilhão em prêmios emitidos no Brasil entre os meses abril e junho. A performance foi quase 7% superior a do mesmo período em 2020, quando a companhia somou R$ 1,16 bilhão. O resultado está em linha com a estratégia da companhia de não renovar os contratos internacionais não lucrativos e focar em oportunidades no país. Os segmentos das atividades nacionais do setor de seguros que mais causaram impacto positivo no resultado do IBRN, no segundo trimestre, foram Vida (+42,9%), Rural (+34%) e outros (+34,5%).
A avaliação e limpeza dos contratos no exterior terminou em julho deste ano e a tendência é de que a cada trimestre os resultados sejam menos impactados pelo residual de negócios deficitários. “O nosso foco está concentrado nos principais mercados da América Latina, em particular no Brasil, que reúne boas oportunidades no resseguro que virão por meio do novo marco legal do saneamento, da nova Lei do Gás, do 5G e do seguro para o descomissionamento de plataformas de petróleo”, diz o CEO interino e vice-presidente Técnico e de Operações do IRB Brasil RE, Wilson Toneto, em teleconferência com jornalistas.
O sinistro retido total do IRB Brasil RE, no segundo trimestre de 2021, foi de R$ 1,658 bilhão, uma redução de 29,1% ante o mesmo período de 2020. A companhia obteve ainda queda da taxa de sinistralidade: de 135,3% para 95,7%, quando comparada com igual período do ano passado. Já na análise comparativa semestral, o recuo foi de 108% para 85%. “Quanto menor for este índice, melhor, do ponto de vista da eficiência, é o negócio, pois representa a relação dos sinistros ocorridos nas atividades com os prêmios ganhos no período correspondente, impactando o resultado final do desempenho operacional da empresa”, explica Toneto.
Parte desta melhora nos índices de sinistralidade do IRB acontece em decorrência da estratégia bem-sucedida de reavaliação do portfólio e de manutenção apenas de contratos com margem de risco adequada para a companhia. “Temos observado nos últimos trimestres uma tendência de recuperação deste indicador, fruto de um trabalho contínuo de gestão de riscos e de foco nos negócios rentáveis do IRB no país”, acrescenta Toneto.
Pelo quarto trimestre consecutivo, o IRB apresentou melhora na geração de caixa operacional. Entre os meses abril e junho, o acumulado da companhia, de R$ 352 milhões, dobrou frente ao trimestre anterior (R$ 176 milhões) e foi cerca de 225% superior se comparado com igual período em 2020 (prejuízo de R$ 282 milhões).
“Outro dado relevante notado, no período trimestral do IRB, foi o avanço da eficiência operacional em custos e qualidades dos serviços que serão potencializados com inovação e novas ferramentas. No segundo trimestre de 2021, o índice de eficiência foi de 5,5% contra 4,3% no mesmo período do ano passado. Já na comparação dos primeiros seis meses, houve crescimento de 4,6% para 6,1%”, afirma Werner Suffert, vice-presidente Executivo Financeiro e de Relações com Investidores.
Para isso, desde o ano passado, nota-se uma tendência de recuperação devido à revisão do portfólio, à descontinuação dos contratos no exterior não lucrativos e ao foco nos negócios rentáveis no Brasil.
Os executivos explicam que o resultado do segundo trimestre foi impactado pela conjuntura econômica que afetou globalmente o setor de resseguros, bem como por sinistros decorrentes de negócios descontinuados (run-off), com efeito de R$ 190,3 milhões, e por eventos não recorrentes (one-offs) de R$ 14,4 milhões. A partir da exclusão de tais efeitos, run-off e one-off, o IRB teria apresentado um prejuízo líquido normalizado bem menor: R$ 31 milhões no 2T21. Já no 1S21, com a retirada dos contratos deficitários e dos efeitos não-recorrentes do resultado, a companhia teria registrado um lucro líquido normalizado de R$ 57,1 milhões.
Neste período, a companhia obteve resultado de subscrição superior ao verificado no 2T20 em quase R$ 700 milhões, reforçando a curva de melhora nos resultados esperada para este ano. Se excluirmos os efeitos do run-off no período avaliado, a melhora no resultado de underwriting é de R$ 889 milhões.
Novas perspectivas até o fim do ano
Com a divulgação dos resultados do 2T21, o IRB Brasil RE concluiu tendência positiva para os próximos meses. “A companhia prevê que, de forma gradual, a performance dos negócios continuados irá se sobrepor aos descontinuados. Além disso, há projeção de redução da sinistralidade e melhora no índice combinado em relação aos patamares atuais”, conta o CEO interino e vice-presidente Técnico e de Operações do IRB Brasil RE, Wilson Toneto
O executivo explica que “há um conjunto de ações a fim de gerar e agregar valores importantes para a companhia nos próximos anos. Contamos com mais de 80 profissionais com business plan que trarão bons frutos à empresa”. Outras boas perspectivas para o ano incluem a redução das despesas de retrocessão em razão da menor exposição internacional e riscos catastróficos, maior representatividade da operação doméstica e na América Latina, manutenção da robustez na solidez regulatória e total, bem como a suficiência de cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatória.
Atividades econômicas nacionais que devem gerar boas oportunidades de negócio, como privatizações, concessões e investimentos em infraestrutura, também estão no radar do IRB para que os próximos meses.
R$ 28,6 milhões em JCP
Aprovado em Assembleia Geral Extraordinária, o IRB anuncia que o pagamento de Juros sobre o Capital Próprio (JCP) de R$ 28,6 milhões será realizado no dia 8 de setembro a fim de honrar seu compromisso com os acionistas. Contudo, a companhia avaliará nova programação para liquidação dos dividendos complementares ao longo do segundo semestre de 2021. Com relação à recompra de ações, tecnicamente e de forma regulatória, a companhia não tem condições patrimoniais de fazê-la. É impraticável por normas regulatórias”, explica Toneto.