As tensões políticas se refletem no boletim Focus, que consolida as projeções de indicadores econômicos por cerca de 100 analistas do mercado financeiro, publicado às segundas. “As incertezas da pandemia, do fiscal e da política se retroalimentam. Às disputas em relação ao Orçamento de 2021, protagonizada por diferentes alas do Congresso e do próprio Governo Federal, somou-se na semana passada a determinação do Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, para que o Senado abra uma CPI para investigar a atuação do governo durante a pandemia. Nesse cenário, as projeções mostram sinais adicionais de deterioração e preocupam”, comenta Pedro Simões, do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, a Confederação Nacional das Seguradoras.
A possibilidade cada vez maior de que haja um descolamento entre o desempenho da economia brasileira e a mundial, particularmente a americana, mantém o câmbio pressionado, o que impacta a inflação e compromete a taxa de crescimento do PIB, cuja projeção para este ano caiu de 3,17% para 3,08%. A projeção mediana para a taxa Selic ao final deste ano, por outro lado, ano subiu de 5,00% para 5,25%, enquanto a projeção para o IPCA passou de 4,81% para 4,85%. “O Banco Central tem deixado claro, especialmente desde sua última decisão, que a política monetária agora é mais livre e pode mudar de acordo com as circunstâncias, e passará a ser mais reativo em relação aos dados que forem sendo divulgados, o que faz sentido em um momento de grande incerteza. Atualmente, o mercado interpreta isso como expectativa de Selic mais alta”, conclui Simões, no Boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas semanal feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg.
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