Fator Seguradora diversifica atuação e potencializa a venda digital

“Tem gente que casa pela internet! E nós só queremos ajudar o corretor a vender uma apólice de seguro online”, diz o CEO Luís Eduardo Assis

A concorrência imposta ao mercado segurador por vários fatores, que vão desde a modernização do arcabouço regulatório até novos hábitos de consumo e riscos emergentes trazidos pela tecnologia, trouxe novos ares para a Fator Seguradora. Criada em 2008 com foco em atuar apenas em seguro garantia para grandes conglomerados, a seguradora comandada desde 2012 por Luís Eduardo Assis traz novidades em 2021. “Tudo mudou. E a Fator também. Diversificamos nossa atuação para acompanhar este cenário competitivo de negócios, que deixa para trás o velho modelo econômico fechado para mapear e gerir oportunidades que poderão impactar o futuro da sociedade, e, portanto, de nossos clientes”. 

A gestão de risco é algo intrínseco em uma seguradora. “Uma das nossas vulnerabilidades era a alta dependência de corretores especializados em garantia e também em emissão de grandes apólices. Nos consolidamos como uma das principais seguradoras de garantia contratual do setor por nossa especialização e por isso queremos ir além, otimizando o conhecimento técnico da nossa equipe em seguros financeiros”, comenta o CEO da seguradora controlada diretamente pelo Banco Fator, seu único acionista.

A diversificação tem dado certo. Das vendas totais de R$ 303 milhões em 2020, o seguro garantia representa 35% da Fator Seguradora, especializada em seguro de danos nos ramos relacionados à infraestrutura, como Riscos de Engenharia e Riscos Patrimoniais, Seguro Garantia e Fiança Locatícia. O grupo também se especializou em seguros de Responsabilidade Civil, especialmente D&O e E&O. 

A expectativa para este ano é superar R$ 400 milhões em vendas totais, impulsionadas, principalmente, pelos seguros de responsabilidade civil, uma das modalidades que mais cresce no mercado de seguros. “O nosso DNA é atender grandes grupos em riscos financeiros. Agora queremos diversificar e levar nossa especialização para mais empresas, de diferentes segmentos da economia, que passaram a demandar seguros financeiros, principalmente de responsabilidade civil e de garantia judicial”, afirma o economista e também professor. 

Assis acredita que as decisões de investimentos em projetos de infraestrutura virão e darão um ritmo aos seguros de grandes riscos, mas por enquanto os investidores são influenciadas por dúvidas em relação a vacinação e ao fim da pandemia. “Somente com  mais previsibilidade disso é que saberemos o ritmo do crescimento da economia”, diz. Segundo ele, a interferência do governo nos mercados também causa certo desconforto. Um impulso a infraestrutura e, consequentemente aos seguros de grander riscos, poder vir em 2021. “O governo mineiro vai retomar algumas obras com parte do dinheiro da indenização que recebeu da Vale no caso da tragédia de Brumadinho. Certamente irá movimentar o segmento de garantia e de riscos de engenharia”, aposta.

A estratégia da Fator também prioriza diversificar a carteira de clientes. “Temos ainda uma predominância de clientes públicos, que compram seguros por meio de licitação pública. Mas a tendência é de crescimento das vendas pelo canal digital, que atua com corretoras de todos os portes para produtos de fácil contratação, e o corporate, onde atuamos com corretores especializados no desenho de programas de seguros sob medida para clientes corporativos que exigem mais discussões e especialidade”, diz Assis.

A grande novidade vem no segundo semestre. A partir de julho, a Fator inaugura uma inovadora plataforma de distribuição idealizada para que os corretores de seguros possam explorar novos mercados e ofertar seguros diferenciados para pequenas e médias empresas de todo o país, sem limitações geográficas. “Tem gente que casa pela internet! E nós só queremos vender uma apólice de seguro online”, brinca. O resultado já obtido nesta fase de testes é comemorado. “Vendemos uma apólice no estado de Roraima, onde não estamos presencialmente, por um corretor que nos procurou virtualmente”. 

O objetivo da plataforma é parametrizar o canal digital a partir de um novo paradigma. “Temos de pensar de uma forma diferente. Não é a automação e sim a definição de novos processos. Não queremos uma camada de tecnologia e sim produtos inovadores e acessíveis aos empreendedores brasileiros”. Para se ter uma ideia do empenho do grupo para ter um canal digital inovador, da equipe total de 80 profissionais da Fator, 18 trabalham para que a plataforma de vendas seja diferenciada para os corretores que buscam agilidade, especialização e qualidade de atendimento.  

O grupo investiu na contratação de especialistas nas mais diversas áreas. Foram quase 30 contratações desde janeiro de 2020 até agora, instalados em uma nova sede em São Paulo inaugurada em novembro, já dentro do designer de um modelo híbrido de trabalho, homeoffice e presencial. “Para uma equipe de 80 pessoas, este número é bem expressivo”, compara. A mais recente contratação foi Luiz Antonio Fonseca, com mais de 33 anos de experiência no mercado segurador, ocupando posições de média e alta gestão em empresas líderes como AIG-Unibanco, Itaú-Unibanco e mais recentemente, Chubb, onde exercia o cargo de vice-presidente comercial. Ele tem como meta desenvolver melhor os vários canais de distribuição da companhia.

Mulheres, a prioridade do 2021

2021 também foi eleito o ano da Mulher na Fator, uma prioridade do RH comandado pelo gerente executivo Clayton Lima. Atualmente, 51% do quadro da Fator é composto por mulheres. No alto comando, uma. Dos quatro diretores que respondem diretamente a Assis, — além de Fonseca, Richard Mendes Leone, de seguros de de danos, e Pedro Mattosinho em garantia, há uma mulher: Juliana Lopes Amaral Decoussau Machado, diretora adjunta, responsável por sinistros, compliance e jurídico. O resseguro também é comandado por uma mulher, Juliana Kazumi Chen, que responde diretamente a Assis. A área de subscrição de seguros de responsabilidade civil também conta com a experiência feminina: Emanuele Credendio Parussolo.

Assis, que atuou como coordenador do comitê de diversidade do tempo de Citibank, instituição para a qual se dedicou por 6 anos na década de 90, quer um debate amplo e aberto para garantir o espaço da mulher na seguradora. “Não queremos arranhar a superfície e sim debater os temas mais delicados para sermos uma companhia que oferece oportunidade de carreira a todos os profissionais”. 

O ex-diretor de Política Monetária do Banco Central também ressalta a importância de ajustar processos aos novos tempos de taxa de juros num patamar baixo. “Este é um grande desafio para todo o setor, que nunca havia operado com taxas de juros negativas no Brasil. A boa notícia é que este cenário faz com que todos se tornem melhores a cada dia diante de uma complexidade do mundo de negócios. Ao mesmo tempo em que abre oportunidades, traz novas responsabilidades para todos. E certamente o mercado segurador tem muito a contribuir para mitigar os riscos deste novo normal”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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