Estudo da Mercer aponta foco em ESG como tendências de investimentos de fundos de pensão em 2021

Conclusões fazem parte da pesquisa "Tendências de Investimentos 2021", realizada com 53 entidades fechadas de previdência complementar no país

Fonte: Mercer

O cenário de investimentos no Brasil mudou significativamente nos últimos anos, especialmente considerando os impactos da Reforma da Previdência e das baixas taxas de juros, que fez com que os investidores tivessem de ajustar seus planejamentos. Em 2020, a pandemia trouxe um novo componente e alterou novamente o cenário, inclusive impactando as ações planejadas para 2021. 

Em meio a esse cenário, a Mercer, líder global de consultoria em carreira, saúde, previdência e investimentos, conduziu a pesquisa “Tendências de Investimentos 2021” para entender os planos de alocação, composição de portfólios e tendências de investimentos para os ativos dos Fundos de Pensão brasileiros.

O estudo, realizado com 53 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) – incluindo seis das dez maiores do país -, que somam 219 planos e detêm R﹩ 275 bilhões em ativos, concluiu que parcela importante das entidades caminha para manter ou começar a investir parte do portfólio em ativos no exterior, buscando diversificação internacional em resposta a um ambiente de menores retornos no mercado local e de melhores produtos e estratégias no exterior. De acordo com os dados, 64% das EFPCs possuem investimentos no exterior, representando um montante de R﹩ 3,5 bilhões. 

Sobre as estratégias de investimentos que vêm sendo realizadas ou programadas para 2021, as entidades pretendem diversificar seu portfólio com exposições em ações, renda fixa, hedge funds, private equity e imóveis. 

Os grandes fundos (com patrimônio acima de R﹩ 2 bilhões) também pretendem aumentar sua exposição fora do país, sendo que 88% dos consultados com esse perfil afirmaram que pretendem incrementar em 73% sua alocação em 2021.

“Esses dados refletem amadurecimento dos gestores com relação à necessidade de diversificação do portfólio e à percepção de que fica cada vez mais claro para o mercado o retorno trazido pela prática. Manter parte do portfólio em ativos no exterior possibilita não só acessar estratégias e setores que não temos no mercado doméstico, como também protege a carteira em situações de risco com exposição à moeda forte e ativos mais resilientes na renda variável”, explica Maurício Martinelli, líder de Investimentos da Mercer Brasil.

Motivos

Os principais fatores apontados para o aumento do montante investido no exterior são: expectativa de menor retorno e/ou maior risco no mercado brasileiro, permanência da Selic em patamares baixos, melhores produtos e fundos de investimentos globais, mudanças e melhorias na legislação local, melhor conhecimento da equipe em relação ao tema, menores custos de administração dos investimentos no exterior, redução da volatilidade do mercado global e maior conhecimento dos consultores sobre o tema.

“No Brasil, por muito tempo as altas taxas de juros estimularam o investimento no mercado local, concentrado em renda fixa. Porém, com a queda das taxas de juros no país, a expectativa é de que haja maior diversificação dos investimentos, pois é necessário obter retornos consistentes com os objetivos de longo prazo destes investidores”, aponta Martinelli.

Investimento responsável

Os resultados da pesquisa também indicam o aumento do foco em sustentabilidade, governança e outros temas ligados ao ESG (em português, ASG – Análise ambiental, social e de governança) por parte dos investidores. A pesquisa mostrou que 64% dos maiores fundos consultados indicaram que possuem uma política para investimento responsável, sendo que 41% apontaram que pretendem melhorá-la. 

“O ESG é uma tendência e a adequação dos portfólios de investimentos é importante, necessária e irá exigir, de todos os atores de mercado, uma postura ativa para capturar as melhores oportunidades e gerenciar os riscos envolvidos. Mas é preciso ter em mente que esse não é um tema que se endereça em um ou dois anos, mas sim ao longo de uma década, pelo menos”, lembra Martinelli.

Desafios

Embora haja interesse em aumentar a exposição a ativos fora do Brasil, o estudo também apontou alguns desafios a serem enfrentados para realização desses aportes. Entre as grandes entidades que participaram da pesquisa, 58% apontaram como maior desafio a complexidade dessa modalidade de investimento. Já 60% dos médios e pequenos fundos apontaram o risco envolvido nessa modalidade de operação. Outros 15% dos consultados apontaram como desafios a falta de bons produtos e a ausência de apoio dos participantes, dos patrocinadores e do conselho.

Para realizar essa alocação no exterior, 71% dos consultados precisaram de suporte para desenhar a estratégia, ou seja, para escolher os melhores gestores de fundos. “Identificamos que, para 41% das grandes fundações, delegar o processo de gestão de investimentos no exterior já é uma necessidade concreta. Parcela semelhante indicou precisar de um suporte geral para a alocação. Essa realidade só comprova como vem crescendo a tendência de diversificação dos investimentos em ativos fora do Brasil e como o suporte e capacitação para esse tipo de operação trará cada vez mais oportunidades”, conclui Martinelli.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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