Estudo da CNseg aponta oportunidades e desafios na economia prateada

Intenção é ampliar oferta de produtos e serviços de seguradoras para público sênior

Fonte: CNseg

Uma pesquisa realizada no mercado local, acompanhada das principais ações (públicas e privadas) voltadas ao público sênior em cinco países com a maior presença de idosos em sua população, é o mote do estudo “Público sênior, oportunidades e desafios para o mercado segurador – Fase II”, concluído pelo Grupo de Trabalho da Comissão de Inteligência de Mercado (CIM), da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg.    

A ideia central do estudo foi entender como o mercado local está trabalhando com esse público e conhecer a experiência internacional de forma a oferecer insights às seguradoras a fim de ampliar a oferta de produtos e serviços a uma faixa de consumidor que será progressivamente mais relevante no mercado com o avanço da longevidade.  “O estudo mostra que as seguradoras, inclusive aqui, devem ter estratégias para atender ao consumidor que envelhecerá nos próximos anos ou décadas. Esse público, enquanto ativo e independente, tem poder de compra e alguns deles podem se dar ao luxo de gastar um pouco mais. O mercado segurador precisa estar atento à cadeia de valor que surge em seu entorno e aos riscos específicos de cada atividade”, destaca Antonieta Scarlassari, líder do Grupo de Trabalho responsável pela pesquisa.

Na pesquisa, que teve adesão de 42% das seguradoras selecionadas para o estudo, foram levantados aspectos relacionados a produtos, serviços, análise de informação, subscrição, ações de comunicação, idade máxima na contratação do seguro, distribuição dos clientes por faixa etária e programa de contratação de funcionários.

Para fins do entendimento do mercado internacional, foram selecionados países com maior relevância econômica na atividade de seguros e com percentual representativo de idosos na população.  O ano escolhido foi o de 2017, e os países pesquisados foram, por ordem, os Estados Unidos (1º no ranking mundial de volume de prêmios), com market share de 28,15% naquele ano e 15,4% de idosos acima de 65 anos; a China (2ª do ranking global de seguros dos prêmios), cuja população acima de 65 anos representava 10,6% do total; o Japão (3º do ranking, 8,63% dos prêmios mundiais), que contava com 27% de idosos a partir de 65 anos; Alemanha (6º do ranking do setor e market share global de 4,56%), com 21,4% da população com mais de 65 anos. Os quatro países representavam 53% do mercado mundial de seguros em 2017 e uma população idosa somada bastante significativa. Por entender, contudo, que seria importante contar com um país da região da América do Sul para ter um espelho em termos de similaridades, os pesquisadores optaram pelo Chile.

O estudo faz um vigoroso raio-X dos modelos americanos de saúde e de previdência (social e privada) e aponta importantes diferenciais na comparação com o Brasil. Os gastos americanos com saúde dos idosos somam US$ 1,2 trilhão ao ano, contando 50 milhões de pessoas com mais de 65 anos.  Em 2030, a previsão é que sejam 72 milhões, representando 19% do total da população. A oferta de saúde está predominantemente com a iniciativa privada, havendo uma gama de produtos para os mais variados bolsos. O modelo americano de saúde estimula a criação de empresas dedicadas aos idosos, abrindo um leque de oportunidades para o seguro, com soluções que tranquilizem cuidadores, reduzam riscos de acidentes e enfermidades e, por fim, assegurem maior segurança, independência e qualidade de vida ao público sênior. 

O estudo prevê problemas para o pilar público da previdência americana. Motivos? O regime de repartição e o maior número de beneficiários esperados nas próximas década em virtude da longevidade. Para se ter uma ideia, acredita-se que, nos próximos 30 anos, o número de idosos dobrará e haverá maior tempo de duração de pagamento dos benefícios- em média por 30 anos subsequentes no futuro. Em 1940, os americanos que completavam 65 anos recebiam o benefício por 18 anos. Logo haverá uma pressão de custos insustentáveis, dizem especialistas.  Os planos privados serão uma saída para dar melhores condições de vida aos futuros idosos.

A China, país mais populoso do mundo – com mais de 1,4 bilhão de habitantes –, enfrenta desafios proporcionalmente maiores.  Sua população idosa soma 230 milhões de pessoas (16% do total), há gaps entre as gerações (forte redução da população jovem em virtude da Lei do Filho Único dos anos 70), e agora o país paga caro pelo rápido envelhecimento da população.

A rede de apoio em torno dos idosos chama a atenção pela diversidade de ações, como apartamentos/condomínios voltados para o cuidado de idosos, incluindo centro médico, área de lazer e escola em seu entorno. A presença de equipamentos urbanos, como escolas e área de lazer, é um chamariz para atrair os cuidadores, em sua maioria jovem (mão de obra escassa), e estimulá-los a manter residência fixa na casa dos idosos. Algumas dessas iniciativas estão a cargo de seguradoras, que criam lares que sirvam tanto de férias como de casa de repouso e podem, inclusive, garantir suas reservas técnicas com esses empreendimentos. Essas participações geram duplo benefícios:  fidelizam segurados de vida e previdência e geram rentabilidade aos recursos aplicados. 

No estudo de 73 páginas que fornece inspirações para o setor segurador, há ainda exemplos promissores de iniciativas em prol dos idosos. No Japão, destaques para as ações no campo da saúde, os gastos pesados com a previdência, quase 30% do orçamento, e forte presença dos planos privados; na Alemanha com ações amigáveis aos idosos, presentes no mercado de trabalho, em universidades, com cidades acessíveis, supermercados exclusivos para o público sênior e modelo de saúde descrito como eficiente, mas com falhas no atendimento, e, no Chile, que parece fazer contrapontos aos demais modelos, com o crescente empobrecimento dos idosos.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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