CNSP aprova novas regras para seguros de grandes riscos

Circular está prevista para ser divulgada na segunda-feira, 29, e detalhada pela Susep aos participantes do mercado e jornalistas

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) aprovou o tao aguardado normativo que vai regulamentar os contratos de grandes riscos entre seguradoras e corretoras com o mundo corporativo. “Estávamos aguardando esta regulamentação e a expectativa é grande pelos detalhes”, comentou Antonio Trindade, presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), em recente entrevista.

Segundo explicou a Susep, a circular dos seguros de grandes riscos visa a simplificação regulatória e proporcionará ao mercado maior liberdade contratual para as partes contratantes, permitindo que sejam desenvolvidos produtos customizados para grandes empresas e clientes, sem as amarras tipicamente geradas por planos padronizados e excesso de regulamentação. Nesse segmento o porte econômico e a capacidade técnica das partes demandam menos intervenção regulatória. Outro importante avanço é fortalecer as negociações entre seguradoras e resseguradoras, evitando descasamento de coberturas. As coberturas para seguros de grandes riscos serão desenhadas de acordo com a natureza dos riscos e a complexidade dos contratos.

Sem ainda ver o detalhamento do normativo, os executivos do setor estão animados com o novo cenário de maior liberdade. “O maior desafio é a combinação entre partes, já que estamos falando de PJ seguradora e PJ segurado. Dessa forma, a apólice passa a ter peso maior como um contrato particular entre as partes feito sob medida. E o desafio de trazer o mercado ressegurador à luz das condições negociadas com cada segurado, para que não haja diferença entre o seguro e o resseguro (apólice de seguro versus slip de resseguro). As condições Especiais e Particulares seriam diferentes para cada cliente, cada seguradora, envolvendo muito mais a área jurídica com respectivo subscritor, do que se pretende “redigir” nas cláusulas particulares”, afirmou o vice-presidente técnico da Ezze, Edson Toguchi (foto).

Para o consumidor, os principais benefícios são a possibilidade de personalização do seguro, a transparência sobre o serviço contratado e a garantia de que apesar dessa flexibilidade, a SUSEP continuará defendendo os interesses do consumidor. “Ou seja, ele poderá negociar e entender melhor o que está contratando, definindo as regras junto com a seguradora com total transparência e fiscalização de um órgão protecional que poderá ser acionado, em caso de necessidade”, acrescenta Toguchi.

Ele cita outra vantagem: a relação entre segurado e seguradora vai ser mais próxima. As seguradoras vão ter que falar de uma forma que o cliente entende, deixando o “segurês” de lado. Vão ter que se tornar mais ágeis, empáticas, que é algo que já acontece em vários setores da economia, como a indústria têxtil, que pode fazer roupas sob medida, por exemplo. Na indústria alimentar, encontramos produtos para todos os tipos de pessoas – do sem gluten ao sem açúcar, do que está na embalagem família ao que vem em porções individuais, para quem mora sozinho. É isso que, agora, começa a acontecer no segmento de seguros.  

“Nesse mercado, vai sair na frente as seguradoras que se adaptarem melhor à esta nova realidade que é o cliente no foco de todas as ações”, afirma o executivo da EZZE. “As seguradoras não estão mais engessadas a oferecer apenas produtos padrão com as mesmas coberturas e regras aprovadas pela Susep para todos os clientes. Então, claro que vamos continuar oferecendo os produtos padrão que atendem necessidades de uma parcela dos clientes e vamos criar produtos personalizados. Aliás, já estamos conversando com nossos clientes sobre estas possibilidades, entendendo o que é importante para cada tipo de negócio e de realidade”, contou ele ao blog Sonho Seguro.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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