O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) aprovou o tao aguardado normativo que vai regulamentar os contratos de grandes riscos entre seguradoras e corretoras com o mundo corporativo. “Estávamos aguardando esta regulamentação e a expectativa é grande pelos detalhes”, comentou Antonio Trindade, presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), em recente entrevista.
Segundo explicou a Susep, a circular dos seguros de grandes riscos visa a simplificação regulatória e proporcionará ao mercado maior liberdade contratual para as partes contratantes, permitindo que sejam desenvolvidos produtos customizados para grandes empresas e clientes, sem as amarras tipicamente geradas por planos padronizados e excesso de regulamentação. Nesse segmento o porte econômico e a capacidade técnica das partes demandam menos intervenção regulatória. Outro importante avanço é fortalecer as negociações entre seguradoras e resseguradoras, evitando descasamento de coberturas. As coberturas para seguros de grandes riscos serão desenhadas de acordo com a natureza dos riscos e a complexidade dos contratos.
Sem ainda ver o detalhamento do normativo, os executivos do setor estão animados com o novo cenário de maior liberdade. “O maior desafio é a combinação entre partes, já que estamos falando de PJ seguradora e PJ segurado. Dessa forma, a apólice passa a ter peso maior como um contrato particular entre as partes feito sob medida. E o desafio de trazer o mercado ressegurador à luz das condições negociadas com cada segurado, para que não haja diferença entre o seguro e o resseguro (apólice de seguro versus slip de resseguro). As condições Especiais e Particulares seriam diferentes para cada cliente, cada seguradora, envolvendo muito mais a área jurídica com respectivo subscritor, do que se pretende “redigir” nas cláusulas particulares”, afirmou o vice-presidente técnico da Ezze, Edson Toguchi (foto).
Para o consumidor, os principais benefícios são a possibilidade de personalização do seguro, a transparência sobre o serviço contratado e a garantia de que apesar dessa flexibilidade, a SUSEP continuará defendendo os interesses do consumidor. “Ou seja, ele poderá negociar e entender melhor o que está contratando, definindo as regras junto com a seguradora com total transparência e fiscalização de um órgão protecional que poderá ser acionado, em caso de necessidade”, acrescenta Toguchi.
Ele cita outra vantagem: a relação entre segurado e seguradora vai ser mais próxima. As seguradoras vão ter que falar de uma forma que o cliente entende, deixando o “segurês” de lado. Vão ter que se tornar mais ágeis, empáticas, que é algo que já acontece em vários setores da economia, como a indústria têxtil, que pode fazer roupas sob medida, por exemplo. Na indústria alimentar, encontramos produtos para todos os tipos de pessoas – do sem gluten ao sem açúcar, do que está na embalagem família ao que vem em porções individuais, para quem mora sozinho. É isso que, agora, começa a acontecer no segmento de seguros.
“Nesse mercado, vai sair na frente as seguradoras que se adaptarem melhor à esta nova realidade que é o cliente no foco de todas as ações”, afirma o executivo da EZZE. “As seguradoras não estão mais engessadas a oferecer apenas produtos padrão com as mesmas coberturas e regras aprovadas pela Susep para todos os clientes. Então, claro que vamos continuar oferecendo os produtos padrão que atendem necessidades de uma parcela dos clientes e vamos criar produtos personalizados. Aliás, já estamos conversando com nossos clientes sobre estas possibilidades, entendendo o que é importante para cada tipo de negócio e de realidade”, contou ele ao blog Sonho Seguro.