Valor: FGV lança ‘think tank’ para desenvolver setor de seguros

Entre os primeiros patrocinadores, estão confirmados no comitê gestor BMG Seguros, Mattos Filho e Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). B3 e IRB, além de uma “big tech” global, estão em fase de finalização das análises para entrarem no conselho

Fonte: Valor Econômico

Questionamentos sobre como destravar o potencial de crescimento dos seguros no Brasil, estimular a inovação e melhorar o ambiente regulatório têm sido levantados há décadas sem, efetivamente, o setor obter respostas concretas.

Com a percepção de que é preciso realizar diagnósticos efetivos e embasados academicamente para conseguir resultados, um grupo de empresas se juntou à Fundação Getúlio Vargas (FGV) para criar o primeiro “think tank”, ou seja, um laboratório de estratégias e discussão de novas ideias, voltada ao mercado de seguros do país, informa matéria do Valor.

O novo centro de pesquisa, batizado de Instituto de Inovação e Seguros (IIS), vai fazer parte da FGV, sob coordenação do professor Gesner Oliveira, chefe do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da fundação, e de Goret Paulo, diretora da Rede de Pesquisa e Conhecimento Aplicado da FGV. Entre os primeiros patrocinadores, estão confirmados no comitê gestor BMG Seguros, Mattos Filho e Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). B3 e IRB, além de uma “big tech” global, estão em fase de finalização das análises para entrarem no conselho.

O instituto será lançado oficialmente hoje após a assinatura do convênio entre os patrocinadores e a FGV. Segundo o CEO da BMG Seguros, Jorge Sant’Anna, um dos idealizadores do think tank, o IIS vai realizar pesquisas e análises, tanto locais quanto internacionais, que vão servir de base para iniciativas com objetivo de “aumentar a conscientização do público e promover a transformação da indústria de seguros no Brasil”. De acordo com o executivo “tentamos atrair empresas com diversidade e não ter concentração em nenhum segmento no comitê gestor”.

A primeira atuação do instituto será patrocinar o prêmio de monografia da Susep, diz Sant’Anna. Os estudos, explica o executivo, terão implicações práticas, como fomentar discussões para a evolução do ambiente regulatório.

O CEO da BMG Seguros explica que, além das pesquisas, o think tank também vai atuar junto a reguladores e ao Congresso para implementação de novas legislações que beneficiem o setor. “Não é papel da Superintendência de Seguros Privados (Susep) fazer o ‘advocacy’ de mudar a legislação no Congresso. Isso é papel do mercado. O instituto vai fazer essa interlocução com Congresso, reguladores e stakeholders para promover a inovação.”

Os desafios não são pequenos. A indústria de seguros no Brasil vive a expectativa de engrenar uma forte expansão em termos de disseminação dos produtos de proteção há, ao menos, uma década. No entanto, os dados mostram que essa ampliação parece ter estagnado diante de seguidas crises econômicas.

Segundo os dados da Susep, a taxa de prêmios (receitas) de seguros em relação ao PIB alcançou 3,5% em 2019 e, estima-se, que tenha subido para 3,7% no ano passado. Essa medida é conhecida por definir o índice de penetração de produtos do setor na economia.

Porém, a taxa é basicamente a mesma vista desde 2014, quando estava em 3,64%. O valor é baixo quando comparado com a média mundial, que exibe um índice de 6,1%, segundo dados da Confederação Pan-Americana de Produtores de Seguros (Coparose).

Para o sócio do escritório Mattos Filho, Cassio Amaral, “o mercado segurador e ressegurador no Brasil e na América Latina se ressente de um think tank que pense de forma relativamente imparcial, fora do mercado”. Conforme o advogado, “é preciso oxigenar e ventilar o mercado e trazer stakeholders que pensam diferente”.

“A gente está convidando Susep, Banco Central, CVM e BNDES para apoiarem as discussões”, conta Amaral. Sant’Anna, do BMG, acrescenta que o instituto vai promover seminários e palestras. A meta é realizar até quatro eventos em 2021. “A temática dos primeiros encontros tende a abordar temas como inovação, canais, open insurance e infraestrutura.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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