A Caixa Seguridade já concluiu praticamente quatro acordos, que criaram as super poderosas empresas “XS”que devem atrair investidores para a sonhada emissão inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2021. Esta será a quarta tentativa. Segundo entrevistas concedidas pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, são cinco joint-ventures. “Fora a nossa corretora e o ‘bid’ da co-corretora. Resolve isso e o IPO, para março de 2020, já está 100%. Era a única questão de incerteza que o mercado tinha. Quando a gente for, vai estar tudo funcionando”, comentou ele em entrevista ao Valor, no dia 30 de dezembro de 2020.
A terceira foi protocolada em julho de 2020 na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A oferta inicial de ações do braço de seguros e capitalização do banco estava estimada entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões. Em 24 de setembro, o banco informou que o motivo da suspensão teria sido a “atual conjuntura do mercado”.
Em fevereiro de 2020, foi protocolado a segunda tentativa de IPO, numa oferta estimada de R$ 15 bilhões. O primeiro foi em 2015, que acabou não vingando porque a taxa alta de desconto impediu.
Os acordos fazem parte do programa de reestruturação de parcerias do braço de seguros, previdência e capitalização da Caixa. Saiba quem são:
XS1 – É a holding de seguros da Caixa.
XS2 – Antiga parceira da Caixa, a francesa CNP irá explorar, por 25 anos, os ramos de seguros de vida, prestamista e produtos de previdência. O acordo foi fechado por R$ 7 bilhões, subscritos na holding XS1. O acordo também contempla mecanismo de incentivo atrelado ao desempenho, limitado ao valor de R$ 800 milhões corrigido pela taxa Selic a partir de 31 de dezembro de 2020, a ser pago em duas parcelas (2024 e 2026).
XS3 – A seguradora Tokio Marine pagou R$ 1,52 bilhão para constituição de XS3, para operar, de forma exclusiva, o balcão da instituição financeira nos ramos de seguros habitacional e residencial pelos próximos 20 anos. A Caixa terá 75% de participação no capital da XS3, com 46,99% das ações ON e 100% das PN. Já a Tokio Marine ficará com 50,01% das ações ON e 25% do capital.
XS4 – O banco Caixa informou no inicio de janeiro deste ano que o acordo previsto com a Icatu Seguros para o ramo de capitalização, anunciada em janeiro de 2020, teve prazo de fechamento prorrogado para até 30 de março de 2021. O acordo prevê exclusividade por 20 anos na distribuição de produtos de capitalização nas agências e correspondentes bancários da Caixa Econômica Federal e também na rede de lotéricas. A Icatu terá 25% do capital total da XS4, enquanto a Caixa 75%. Com gestão e governança compartilhadas, a empresa será controlada pela Icatu, que vai deter 50,1% das ações ON (com direito a voto). Já a Caixa terá 49,9% das ações ON e 100% das ações preferenciais. Com este movimento, a Icatu consolida uma sólida parceria de mais de 20 anos com a Caixa Econômica no segmento de capitalização. A seguradora irá realizar um aporte de capital de R$ 180 milhões na nova empresa, valor que será repassado à Caixa Econômica Federal como pagamento pela concessão da utilização dos canais do banco. Caberá também a Icatu prover parte dos serviços para operacionalizar a nova companhia. A Caixacap continuará comercializando os produtos de capitalização nos balcões do banco até fevereiro de 2021, data em que passa a contar o prazo de exclusividade da nova companhia.
XS5 – Será a corretora da Caixa ou uma co-corretora, como citou o presidente da Caixa em entrevistas. Atualmente é a Wiz, que tem contrato com prazo de validade até fevereiro de 2021. Em fato relevante divulgado no final de novembro de 2020, quando foi deflagrada a operação Canal Seguro pela Polícia Federal e que investiga um esquema de fraude envolvendo três ex-diretores da Wiz, a Caixa Seguridade divulgou comunicado à CVM informando que “em linha com seu planejamento estratégico, constituiu corretora de seguros própria no dia 17 de agosto de 2020, que terá a exclusividade no balcão Caixa a partir de 15 de fevereiro de 2021”. Hoje, a Caixa Seguridade tem participação indireta de 12,05% na Wiz e não faz parte do controle e da gestão da companhia. A Wiz tem 70% de sua receita atrelada à venda de apólices no balcão da Caixa Econômica Federal e tinha a intenção de ser a parceira da Caixa. Mas o cenário mudou de 2019 para 2020. Em entrevista concedida ao Valor em maio do ano passado, o CEO da Wiz, Heverton Peixoto, disse: “A Caixa quer e precisa de excelentes parceiros privados. A Wiz tem a melhor operação de bancassurance. Mas é óbvio que pode chegar uma multinacional com dinheiro no bolso, custo de capital menor que o nosso e imaginar que tem condição de replicar o que a Wiz faz. Então eu não posso dizer que é uma situação tranquila”.
XS6 – A Tempo Assist prevê a exploração do ramo de serviços assistenciais na rede de atendimento do banco por um período de 20 anos. Dentro do acerto, o banco receberá R$ 30 milhões a título de ortoga. Com o acordo concluído agora e que havia sido anunciado em agosto de 2020, a Tempo Assist subscreve um aumento de capital na nova companhia, a XS6, no valor de R$ 30 milhões.