Seguradora, especializada em nichos, passa a atuar em linhas financeiras depois de se consolidar em agronegócios
A NEWE Seguros estreia no mercado de seguro garantia e promete entregar ao corretor um serviço diferenciado, que realmente impulsione o crescimento da base de clientes (tomadores e segurados) em todo o setor. “Nos preparamos em três frentes que são prioritárias para elevar o patamar do garantia, visto hoje como uma commodity, principalmente para as médias e pequenas empresas: estímulo ao corretor com processos ágeis e simples, emissão na ponta e preço competitivo”, afirma Átila Santos, superintendente de riscos financeiros da seguradora.
Segundo o executivo, praticamente 90% das vendas do seguro garantia no Brasil nos últimos anos vem do seguro garantia judicial, o que acentuou ainda mais pelo cenário atual. “Com a pandemia, o seguro se tornou uma saída imprescindível para as empresas liberarem recursos depositados em juízo, garantindo o fluxo de caixa e a possibilidade de utilizar o limite de crédito concedido pelos bancos para alavancar os negócios ou, simplesmente, pagar as contas. Isso elevou muito a demanda e acabou consumindo bastante do capital disponível no mercado”, explicou.
Diante deste cenário, o nicho tem atraído players, mas a aposta da NEWE já estava em andamento antes mesmo da pandemia. “Nossos principais executivos são oriundos do mercado de seguros financeiros e resseguro e o projeto visa otimizar esta experiência para trazer diferenciais competitivos que beneficiem o corretor e o consumidor”, afirma Santos. Além do seguro garantia, está no radar do grupo ingressar no médio prazo em riscos cibernéticos, e seguro de responsabilidade civil de executivo, conhecido como Directors & Officers (D&O).
A NEWE começou a operação no seguro garantia em julho, de forma conservadora e agora, depois dos ajustes, expande sua atuação para todo o Brasil. O plano da NEWE em garantia está fundamentado em atuar em todas as linhas do produto, como judicial, garantia de contratos, tanto com o setor público, como privado. “Queremos atuar com operações que não são triviais para atrair o corretor com amplitude de oferta. Isso fará com que o corretor seja um protagonista do crescimento deste segmento”, acredita Santos.
A NEWE irá encerrar o ano de 2020 com cerca de R$ 6 milhões em prêmios emitidos no ramo de seguro garantia, o que já representará, aproximadamente, 3% da carteira de R$ 175 milhões em prêmios emitidos no ano de 2020. “Para 2021, estimamos uma receita em seguro garantia na ordem de R$ 25 milhões, considerando os novos nichos. Esse número pode chegar até 35 milhões. Mas, esta meta só se justifica com o investimento que fazemos para ter o apoio dos corretores de seguros. Há quem acredite que o corretor perderá espaço, mas, nós da NEWE Seguros, apostamos na forte parceria com esses profissionais. Todavia é muito importante que todas as partes envolvidas estejam preparadas para utilização de tecnologia em virtude da elevada transformação digital que o setor experimenta”, promete Santos.
Atualmente, cerca de 87% dos contratos de garantia envolvem o setor público, o que significa que o setor privado tem muito espaço para crescer. Caminhos para fazer esse mercado crescer é incentivar as prestadoras de serviço a oferecerem às empresas contratantes um seguro garantia para cobertura de prestação de serviço com cobertura trabalhista. É uma forma dessas empresas deixarem de oferecer comodities e passarem a se diferenciar no mercado. Um outro exemplo citado é buscar capacidade para empresas que podem ter adiantamento de valor para entregas futuras. “Uma rede hoteleira, por exemplo, pode ter um seguro garantia para oferecer em troca de vagas futuras no hotel. O segurado antecipa o valor de R$ 1 milhão e garante que terá R$ 3 milhões no uso de apartamentos em determinados anos”, disse.
Os bancos fazem este tipo de operação com a fiança bancária. No entanto, o valor cedido consome a capacidade de crédito da rede hoteleira, neste caso hipotético citado. O formato do produto visa dar um adiantamento ao pagamento e não crédito, que é uma outra modalidade de seguro.
Ainda que subestimado por previsões cada vez mais baixas de crescimento econômico do país, o mercado de seguros, em especial, o seguro garantia, tem muito espaço para crescimento, uma vez que, para que a economia do País volte a crescer, o governo federal deverá retomar o investimento para grandes obras. Para isso, depois de anos em discussão, foi aprovada pelo Senado a Lei de Licitações, que obriga a contratação de um seguro garantia de até 30% para as obras contratadas pelo poder público, o que permitirá às seguradoras garantirem a retomada das obras em caso de impedimento pelo executante.
Aprovada no senado dia 10, a lei segue agora para sanção presidencial. O texto aprovado é o substitutivo elaborado pela Câmara dos Deputados ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 559/2013. Entre outras medidas, o substitutivo cria modalidades de contratação, tipifica crimes relacionados a licitações e disciplina itens do assunto em relação às três esferas de governo: União, estados e municípios.
De acordo com a superintendente da Susep, Solange Vieira, o novo marco regulatório é de extrema relevância para o setor de infraestrutura brasileiro e para o desenvolvimento do país, que poderá contar com o suporte do setor de seguros nas grandes obras. “Além das garantias de execução da obra propriamente, com a ampliação das possibilidades de cobertura do seguro, inclusive o step-in, o próprio modelo de governança trará um acompanhamento maior da obra por parte das seguradoras, permitindo maior transparência nos custos e minimizando sobrepreços”, explica.
Outro tema de extrema relevância para aceleração do mercado de seguro garantia é o novo marco legal do saneamento básico, editado pela Lei Nº 14.026. Hoje, no país, 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada e mais de 100 milhões não contam com serviços de coleta de esgoto. A meta, com o marco, é garantir o atendimento de 99% da população com água potável e de 90%, com tratamento e coleta de esgoto, até 31 de dezembro de 2033. Para isso, o governo estima investimentos entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões em 10 anos, o que refletirá numa aceleração no mercado de seguros como um todo e em especial para o seguro garantia.