Arrecadação do setor alcança R$ 220 bilhões em 10 meses, informa CNseg

Comportamento heterogêneo dos seguros permanece em outubro. Danos e Responsabilidades cresceram 5,9% em outubro sobre o mês anterior

Fonte: CNseg

Prêmios em forte evolução nos seguros de Danos e Responsabilidades, mas em queda nos planos de acumulação, fizeram a receita setorial retroceder em outubro, quer seja na margem, quer seja no acumulado do ano. Na virada de setembro para outubro (na margem), a queda foi de 8,8 % e, nos 10 meses do ano, de menos 0,3%. Ao todo, a receita até outubro totalizou R$ 220 bilhões, sem incluir Saúde Suplementar e DPVAT, de acordo com a nova edição da Conjuntura CNseg.

“A queda na arrecadação do setor de seguros deveu-se aos segmentos de Cobertura de Pessoas e dos Títulos de Capitalização, que após a sinalização de retomada no crescimento nos meses anteriores, tiveram arrefecimento em outubro. Em contrapartida, o segmento dos seguros de Danos e Responsabilidades teve um comportamento positivo”, destacou o Presidente da CNseg, Marcio Coriolano.

No segmento de Danos e Responsabilidades, a expansão em outubro foi de 5,9% sobre setembro e 12,7% sobre o mesmo mês de 2019. Mas chamou a atenção o salto de receita apresentado por algumas modalidades no ano. A começar dos seguros de Cascos Marítimos e Aeronáuticos (42%), Rural (30,4%); Crédito e Garantias (15,5%); Patrimonial (9,9%); Habitacional (7,6%), enumera Marcio Coriolano, em editorial da nova edição da Conjuntura CNseg. No acumulado do ano, a alta é de 5,1% nesse segmento.

Nos seguros de Pessoas, o ramo de Vida destacou-se em termos de alta no ano, acumulando crescimento de 10,5% até outubro. Em contrapartida, os planos de acumulação perderam tração, o que deve ter sido causado pela volatilidade de investimentos no mercado financeiro. Após uma reação em setembro, os produtos VGBL e PGBL, juntos, tiveram queda de 18,1% entre outubro e setembro e de 22,9% sobre outubro de 2019.  Já os seguros de Vida Risco tiveram, em outubro, desempenho inferior à média histórica, crescendo 1,2% sobre o mesmo mês do ano passado, assinalou Marcio Coriolano.

O segmento de Capitalização também caiu em arrecadação no mês, de 16,0% em relação a setembro, e de 10,9%%, se comparada a outubro de 2019. Entretanto, foi a forte participação dos planos de previdência privada aberta no conjunto da arrecadação do Setor Segurador (45,1% em bases de 12 meses) que pesou sobre o resultado.  No ano, houve decréscimo de 2,2% em Cobertura de Pessoas; e queda de 3,4% em Capitalização.

“Com o resultado de outubro, há dois meses para o setor selar seu destino entre estável, positivo ou ligeiramente negativo. Tudo dependerá de variáveis importantes, desde a duração do recente agravamento da pandemia no Brasil, até as respostas macro e microeconômicas à conjuntura caracterizada por menor massa de renda e alta taxa de desemprego”, ressalta Marcio Coriolano.

A expectativa volta-se para o resultado de novembro. Pela ótica de 12 meses móveis, se a receita subir pelo menos 10% sobre o mesmo mês de 2019 (que foi de R$ 22,8 bilhões), a taxa de crescimento setorial chegará a 1,7%, e caso não haja crescimento, se reduzirá para 0,8%.

Dois outros temas são tratados na nova edição da Conjuntura CNseg (Análise de mercado e Economia Brasileira).

No primeiro, um vigoroso estudo detalha o comportamento de diversas modalidades e ramos no mês de outubro- movimentou R$ 22,2 bilhões, sem Saúde Suplementar e DPVAT- e faz a conexão entre os seguros e as atividades econômicas aos quais se destinam. O grupo Automóvel, por exemplo, avançou 0,2% nas vendas, seguindo o ritmo de recuperação apresentado pelas montadoras em outubro. Mesmo assim, permanece entre os ramos mais impactados pela pandemia e marca perda de 3,6% no ano até outubro, com total de R$ 28,7 bilhões.

Já o seguro de Transportes apresenta melhor desempenho diante da reabertura do comércio e do retorno das atividades econômicas em geral. Em outubro, cresceu 26,9% comparando-se ao mesmo mês do ano anterior, o maior avanço registrado desde abril de 2019.

O outro texto faz um balanço dos indicadores econômicos no terceiro trimestre, demonstrando que a recuperação de fato ocorre, porém num ritmo ainda insuficiente para superar as perdas produzidas pela pandemia. O material avalia a retomada da indústria no período e o comportamento dos indicadores de confiança, com alerta de desaceleração no último trimestre, além de jogar luzes sobre o cenário internacional e os danos causados pela segunda onda da Covid-19. O debate sobre os rumos da inflação crescente nos últimos meses do ano está entre os destaques, porque pode acelerar a retomada do viés de alta dos juros básicos. No radar, a questão da sustentabilidade fiscal e o risco de gerar um crescimento menor, se houver descontrole do déficit público.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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