Série: O que esperar de 2021 – Helio Kinoshita, VP da Mitsui Sumitomo Seguros


A série “O que esperar de 2021”, visa trazer um pouco de luz sobre as incertezas do próximo ano. Nesta edição, Helio Kinoshita, vice-presidente da Mitsui Sumitomo, fala um pouco sobre suas expectativas. Leia abaixo:


Como descreve o ano de 2020?

Certamente é um ano desafiador para todos. Apesar dos vários impactos negativos para as pessoas e para a economia por conta da Covid-19, para a Mitsui Sumitomo tem sido um ano muito bom. Isso porque a seguradora colhe os frutos do plano 2018/2021, que tem como base investimentos em pessoas, processos e inovação. A pandemia acelerou vários projetos que estavam no planejamento e colocamos a companhia em outro patamar, o que resulta em crescimento de 32% ao mês no ano. Desde 2018 aderimos a filosofia Lean, que propõe um novo jeito de fazer as coisas acontecerem. Pensamos e agimos mais rápido ao empoderar as equipes com ações pequenas. Se der certo, segue. Se não, corrige. E isso ajudou a nos reposicionar rapidamente num momento em que a agilidade tem sido a ordem do dia. A empresa anda numa velocidade diferente e tem um novo jeito de fazer a coisa acontecer de forma decentralizada.

Qual o impacto da pandemia na empresa?

Tivemos que agir rapidamente para colocar todos os nossos colaboradores em segurança e em trabalho remoto. Tivemos uma logística que envolveu Infraestrutura, área Administrativa e de Recursos Humanos. Inicialmente, prevíamos ter algum problema com queda de vendas e distribuição. Mas todos reagiram muito rápido. Foi um trabalho a quatro mãos com nossos corretores e parceiros de negócios. Uma verdadeira união no momento inicial da pandemia. Já no terceiro trimestre, passada a primeira expectativa de superar o desconhecido, intensificamos o viés inovador com novas formas de relacionamento e de produtos, reagindo neste tempo diferente que parece ser um possível novo normal. Tem sido uma experiência muito rica em todos os sentidos e para todos os envolvidos.

Quais as áreas mais afetadas?

Positivamente, por conta do isolamento social mais rigoroso no segundo trimestre, registramos queda na frequência dos pedidos de indenização, o que gerou efeito positivo para todo o setor. Por outro lado, a redução da taxa de juros determinada pelo governo afetou drasticamente o resultado das seguradoras com a queda do ganho financeiro obtido com a aplicação das reservas. Isso nos fez rever a estratégia sobre como aumentar as vendas e como reduzir despesas para melhorar o índice combinado.

Em linhas de negócios, a carteira de transporte foi a que mais sofreu com a quarentena, com exceção dos segmentos de medicamentos, agronegócios e alimentícios. Todos os outros bens de consumo tiveram queda significativa com a restrição de circulação de pessoas. O seguro de vida também sentiu efeitos negativos, pois a pandemia elevou a sinistralidade da carteira. O seguro de automóvel sofreu queda nas vendas com o fechamento das concessionárias, mas conseguimos manter a produção próxima ao planejado graças aos nossos parceiros corretores. Juntos, conseguimos inovações na oferta, o que resultou na retenção de clientes. O segmento de grandes riscos seguiu num ritmo positivo mesmo com a pandemia. Três anos consecutivos crescemos acima de 40% ao ano.

O que mudou na forma de se relacionar com o consumidor?

Temos investido muito em nossas parcerias. Os corretores são nosso principal canal, responsáveis por 65% da produção da Mitsui Sumitomo. A companhia busca uma diversificação no sentido de estar presente em outros canais, sempre fortalecendo o relacionamento com o corretor. Temos hoje cerca de 30 assessorias e parceiros com suporte automatizado, como Lojacorr, Seguralta, Sicredi entre outros. Também temos nos conectado com diversos bancos digitais. 

Quais as tendências da empresa e do setor para 2021?

Estamos muito otimistas com 2021. Há receios de uma possível desaceleração da economia por conta da segunda onda da Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos, mas estamos confiantes de que haverá uma solução. Temos algumas incógnitas sobre o Brasil, como a equalização do déficit fiscal, gerar empregos e retomar investimentos. Por outro lado, há uma agenda positiva do setor de seguros. A Susep tem como meta estimular o mercado. As ideias são inovadoras e podem impulsionar tanto os segmentos corporativos como individual. Sabemos que seguros ainda tem uma baixa penetração no Brasil e essa agenda deve estimular novos produtos que trarão mais negócios para as seguradoras e um leque maior de proteção para a sociedade de uma forma dinâmica. Especialmente para os programas de seguros globais. A nova regulamentação em curso pela Susep com sugestões dos participantes do mercado certamente vai facilitar a colocação de programas de seguros mundiais.

O crescimento de 32% ao mês obtido pela Mitsui Sumitomo nas vendas até setembro em 2020 é considerado por nós um sucesso, principalmente observando a expectativa da CNseg de crescimento do setor entre 3 e 4%.  Seguimos investindo na digitalização, tanto para garantir a eficiência operacional como para nos conectar com distribuidores e clientes. Esses projetos se tornam chave para o ciclo dos próximos quatro anos, que começaremos a desenhar no segundo semestre de 2021, um ano que exigiu muito de todos.

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Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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