Mitsui Sumitomo reforça a importância dos atuários com o avanço da tecnologia

Os atuários são uma peça chave dentro da estratégia da companhia, em todas as fases de qualquer projeto”, afirma Helio Kinoshita

A Mitsui Sumitomo, integrante do maior grupo segurador da Ásia e um dos maiores do mundo, destaca a importância do atuário nestes tempos de mudanças pelas quais passa o mundo e o mercado segurador. Os atuários de hoje não precisam mais seguir os métodos tradicionais, calculando as reservas. Em vez disso, os programas revelaram novos métodos e modelos de análises em tempo real. Este é o novo normal. Os impactos dessa mudança são sentidos em todo o setor. Os atuários são uma peça chave dentro da estratégia da companhia, em todas as fases de qualquer projeto”, afirma Helio Kinoshita, vice-presidente da Mitsui Sumitomo Seguros.

Gustavo Genovez, atuário da Mitsui Sumitomo, concorda com Kinoshita. “Temos muitos desafios, principalmente agora, neste momento ‘pós’ pandemia, que expôs os diversos riscos a que todos estão expostos. Também temos a urgência do investimento das empresas em políticas sociais, ambientais e de governança, tema conhecido pela sigla em inglês ESG ou em português ASG. E para tornar o ambiente ainda mais complexo, temos taxas de juros baixas para remunerar ativos financeiros, trazendo mais relevância para a subscrição e precificação de riscos e para a correta alocação de recursos”, enumera. 

Para ele, este cenário traz a urgência de reformular a forma de olhar para o profissional responsável por cálculos de probabilidade de riscos acontecerem. Anteriormente parte das atividades era calculada em coeficientes estáticos, precificação via tarifas padronizadas e modelagens estatísticas embrionárias. O tempo passou e modelos probabilísticos robustos, randômicos, estocásticos aplicam-se às diversas estimativas, precificação e mensuração de passivos através de fluxos, passando a figurar no radar dos profissionais que atuam na área, especialmente com vistas a garantir a solvência das companhias.

“São mudanças em metodologias e também na nossa forma de pensar e de fazer. Nos levam a um próximo passo desafiador, dentro de um ambiente extremamente competitivo, com os adventos de inteligência artificial, machine learning e outras novidades que surgem dia após dia. O atuário passa atuar com experimentos, como simular cenários e acreditar em algumas hipóteses”, afirma. 

Atualmente, ele cita como principais desafios as adaptações das companhias às regras do IFRS. “Se hoje as atividades atuarias impactam nos balanços, com o IFRS-17 impactarão ainda mais, especialmente diante da perspectiva de utilização crescente de fluxos financeiros e respectivas premissas técnicas para mensuração das demonstrações financeiras”, cita. 

Ele esclarece a perspectiva de que o regulador deve requerer a adoção de um modelo híbrido entre IFRS-17 e Solvência 2. No entanto, companhias estrangeiras são obrigadas a implementar por força das normas de suas matrizes. Já a partir de 2020, a agenda do atuário conta com uma avalanche de inovações trazidas não só pela tecnologia como também pelo regulador, como sandbox (já em prática) e debêntures de seguros e LRS (Letra de Risco de Seguro), ainda em consulta pública, só para citar as mais recentes normas divulgadas pela Superintendência de Seguros Gerais (Susep). “Passamos de regulação repressiva para regulação baseada em risco, o que traz um novo paradigma para a profissão do atuário”, diz. 

Para ele, as mudanças e urgência de atualização dos atuários vieram para ficar, o que traz mais responsabilidades não só para o atuário, como também para o pessoal de TI, Contabilidade e de Governança, afirma. Para ele, trabalhar próximo dos colegas que atuam em sinistros, produtos e resseguro também é muito rico para o atuário, principalmente no que diz respeito às  estimativas de provisões técnicas, créditos com ressegurador, reduções a valores recuperáveis , entre outras tantas possibilidades.

O atuário da Mitsui Sumitomo também destaca a importância do atuário nos seguros sob demanda, que irão requerer muitos cálculos probabilísticos na interpretação de dados trazidos pelos robôs. “Temos um oceano de oportunidades para inovação e aprendizado, bem como, um ativo de conhecimento acumulado digno de destaque. Nunca é demais reconhecer o arcabouço técnico de conhecimento acumulado por profissionais Brasileiros, especialmente na utilização de técnicas estatísticas para precificação de riscos. 

Há no mercado um clichê no qual atuários e comerciais brigam muito em reuniões de produtos. Enquanto o atuário tende a ser mais conservador nas estimativas de segurança, o comercial quer trazer receita para a companhia com aumento das vendas. Mas, segundo Genovez, atualmente atuário e comercial são parceiros. “Muitas vezes vale mais a pena vender com margem menor, preservando os parâmetros mínimos de riscos ou não vender?”, explica. Segundo ele, o atuário pode ajudar muito nessas avaliações, levando em consideração o custo da oportunidade. “O casamento desses dois conceitos é que faz com que os atuários contribuam com o negócio, inclusive com áreas comerciais.”Outro fato destacado é a mudança de hábitos dos consumidores e também da atuação dos corretores, que estão se especializando na venda de novos riscos. “Atuários podem ajudar a equipe de vendas a traçar a melhor estratégia com seus parceiros de negócios, bem como, nos monitoramentos de performance. Maior assertividade nas conversões demanda mais tempo presencial ou estímulo virtual aos parceiros, por exemplo”, finaliza o atuário.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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