A novidade foi a explicitação mais direta dos efeitos da depreciação cambial e dos preços das commodities sobre a inflação no curto prazo
Nesta quarta-feira (28), na penúltima reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 2%. Embora a expectativa ainda seja de não alteração da taxa até o final de 2020, o mercado já começa a vislumbrar um aumento entre 0,25 e 0,5 ponto percentual no início do ano que vem. O próximo e último encontro de 2020 ocorre em 9 de dezembro.
“A decisão do BC veio em linha com o que estávamos esperando, ou seja, pela manutenção da taxa Selic em 2% e de grande parte da comunicação adotada no comunicado anterior. Manteve tanto a percepção de um ambiente externo mais favorável para emergentes como as incertezas que cercam este cenário. Reforçou o caráter temporário do aumento dos preços dos alimentos”, disse Júlio Cesar Barros, economista da MAG Investimentos.
Segundo ele, a despeito dos enormes ruídos sobre a arrumação fiscal, o BC manteve o entendimento de que não houve alteração do regime fiscal e, portanto, seguiu com o Forward Guidance e com a opcionalidade de corte residual. A novidade foi a explicitação mais direta dos efeitos da depreciação cambial e dos preços das commodities sobre a inflação no curto prazo. “Além disso, também passou a considerar que os núcleos se encontram em níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária. Portanto, manteve o entendimento de que o quadro fiscal continua sendo o fator determinante para a trajetória futura dos juros”.