por Cristiane Porto Rodrigues(*)
Como o filósofo Walter Benjamin conceituou em seu trabalho, o que define uma obra de arte é o fato de ser única. Não é algo a ser usado, mas a ser apreciado – o que significa que se trata de um bem com valor cultural e também emocional. Isso, porém, não impede que uma obra de arte tenha valor monetário. Como parte de um patrimônio, assim como qualquer outro, está sujeita a riscos e perdas.
Se uma obra de arte é importante para você, seja por causa do valor financeiro ou da conexão emocional, fazer um seguro é fundamental. Afinal, por mais que você trate suas peças com cuidado, não há garantia de que ela não venha a ser afetada por outros ou pela natureza. Danos causados pela água ou incêndio podem exigir restaurações caras, roubos ou avarias ocorridas quando as peças são transportadas para um museu, casa de leilões, galeria ou simplesmente realocação durante uma mudança, também são riscos fora de seu controle.
Colecionáveis, obras de arte, móveis de design, objetos de decoração, tapetes e tapeçarias e antiguidades são alguns dos itens normalmente cobertos por uma apólice de seguro de Obras de Arte. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, elas não devem ser integradas a uma apólice patrimonial. O impacto financeiro associado a perda de uma obra de arte pode ser bastante considerável quando levadas em consideração as taxas de restauração e a depreciação do valor, que são cobertos pela maioria das apólices de obras de arte. O seguro patrimonial, por não conter linguagem específica para esse tipo de bem, pode não responder a uma perda da mesma maneira. Além disso, uma apólice exclusiva de Obras de Arte pode ter uma franquia muito baixa, dependendo das exposições, ao contrário das apólices patrimoniais.
Não é raro que uma obra de arte seja armazenada ou exibida junto com outras peças, o que provoca um efeito cascata quando se falando em danos. A possibilidade de uma perda impactar várias obras ou até mesmo uma coleção inteira é muito real, especialmente nos dias de hoje, quando grandes catástrofes naturais estão se tornando cada vez mais comuns. Para colecionadores privados, muitas vezes a coleção de arte é um investimento e pode representar uma parte significativa de seu patrimônio geral. Fazer um seguro de arte protege o valor da coleção e a segurança financeira do segurado, porém, é preciso desmistificar a concepção de que só vale a pena fazer seguro para uma coleção que inclua muitas peças e, portanto, seja avaliada em uma determinada quantia. Em arte, existem apólices diferentes, assim como em outras linhas de produtos: segurar um iate, por exemplo, é diferente de segurar uma frota de cargueiros.
As seguradoras precisam de uma prova do valor da obra a ser segurada, por isso, recibos de compra, atestados de originalidade e avaliações feitas por experts são fundamentais na hora de adquirir uma apólice, uma vez que todos os dados da obra são auto-declarados. Certifique-se de ter recebido um certificado de título ou autenticidade, pois o mundo da arte está repleto de falsificações. Manter registros organizados também ajuda a avaliar a arte por um valor justo. Mesmo que você comece com um registro em papel, faça o que puder para digitalizar o máximo possível para que possa facilmente, por e-mail, compartilhar esses resultados com uma seguradora.
Não há um valor fixo para segurar obras de arte, pois se trata de um seguro muito personalizado – não apenas por conta das características das peças em si, mas também do tipo de cobertura que o segurado prefere. Entre os fatores considerados, estão: o perfil do cliente, o tipo de arte, tamanho do risco, características específicas do local onde a arte é mantida, entre outros itens. Como as apólices de Belas Artes são geralmente subscritas com base em Todos os Riscos, ou “All Risks”, como é mundialmente conhecido, é importante prestar muita atenção às exclusões específicas listadas em uma proposta de cobertura, junto com os sublimites oferecidos para Trânsitos e Locais Não Nomeados. A AXAXL tem equipes com experiência nesse segmento, bem como com fortes relacionamentos com a comunidade artística, visando sempre favorecer o acesso aos melhores restauradores, conservadores e avaliadores.
Como reduzir o risco
Proteger obras de arte envolve mais do que a aquisição de uma apólice. É preciso ter consciência dos riscos aos quais ela está exposta e planejar e implementar estratégias de prevenção de perdas.
Depois que uma peça é comprada, por exemplo, o primeiro desafio é garantir a segurança no transporte. Uma obra de arte pode viajar por terra, mar ou ar para chegar ao seu destino, e é durante esse movimento que ocorre a maioria dos possíveis danos a uma obra de arte, como quedas, roubos e acidentes. Para minimizar as chances de que isso ocorra, procure contratar empresas especializadas, transportadores não especializados não terão os procedimentos adequados para garantir que a arte seja transportada com segurança. Solicite imagens da peça no contêiner de armazenamento em que ela viajará para identificar quaisquer ferramentas ou artigos soltos que possam se mover durante a viagem e danificar a arte, opte por caixas personalizadas para obras de arte de alto valor, pois elas permitem uma amarração mais resistente para evitar o movimento durante o transporte. Vale a pena também fazer uma inspeção profissional de pré e pós-condição em todas as peças que estão sendo movidas, bem como revisar os relatórios de condição antes e depois da mudança para garantir que a obra seja entregue sem danos. E não esqueça de incluir em sua apólice a garantia de que a peça será coberta antes da mudança e o valor seja adequado para cobrir uma perda total.
Galerias, museus, universidades e outras organizações estão constantemente em busca de novas obras para exibir em seus espaços, e se você decidiu emprestar uma obra de sua propriedade, comece solicitando o certificado de seguro e detalhes de como a apólice da entidade cobrirá a peça enquanto estiver sob seus cuidados, custódia e controle. A entidade tem cobertura “prego a prego” para ser coberta durante o transporte? Eles têm a cobertura adequada se a arte for transportada por via marítima ou aérea? Os limites de cobertura de sua apólice são adequados para cobrir uma perda total? Reveja o contrato de empréstimo para garantir que está evidenciado onde a arte será exibida, por quanto tempo e se será movida, e, por fim, se a entidade tem um plano de resposta a emergências. Revise os relatórios de condição antes e depois do período de empréstimo para garantir que a arte seja devolvida sem danos. Assim como no transporte, após a aquisição da peça, ao emprestá-la você também precisa se certificar de que ela seja embalada e enviada por especialistas em transporte de arte.
Caso você precise armazenar suas obras de arte em um depósito, aqui vão algumas dicas importantes: revise sua apólice para checar se ela tem uma cobertura adequada para situações como essa; preste atenção à localização do depósito para avaliar se ele está localizado em uma área de alto risco de inundação, roubo, terremoto ou incêndio florestal; certifique-se de que a obra nunca seja mantida no chão; faça uma inspeção profissional de pré e pós-condição em todas as peças armazenadas e, por fim, revise os relatórios de condição antes e depois de movê-los para o armazenamento, para garantir que a arte seja entregue sem danos.
(*) Cristiane Porto Rodrigues é Head of Art/ Brazil da AXA XL