O grupo Saúde e Cuidados Pessoais apresentou queda mais acentuada (-0,64%) no IPCA. O IBGE cita como principal responsável o item plano de saúde (-2,31%)
O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira aumentou a previsão do IPCA 2020 para 2,47%, 0,35 p.p. maior do que a mediana da semana passada (2,12%). Para 2021, houve um leve aumento, passando de 3,00 para 3,02%. O blog Sonho Seguro traz o Acompanhamento das Expectativas Econômicas divulgada pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp), da CNseg e conversou com Priscila Aguiar, economista do CEM – Comissão Estudos de Mercado da CNseg, sobre como isso pode afetar o mercado de seguros. Leia abaixo:
Apesar de a inflação mais pressionada despertar uma onda de revisões para cima no índice oficial, a maioria dos economistas acredita no efeito temporário da alta, concentrada nos alimentos e combustíveis. Qual o impacto de uma revisão do índice oficial de inflação para o setor de seguros?
O índice de inflação mostra a variação dos preços na economia. Para o setor de seguros, ele é utilizado para tanto para atualizar investimentos como para os contratos de seguros. No caso dos planos de saúde, a inflação médica influencia diretamente o valor dos reajustes. Na divulgação do IPCA de setembro na última sexta-feira, que registrou alta de 0,64% no mês, esse grupo (Saúde e Cuidados Pessoais) apresentou a queda mais acentuada, de -0,64%, no índice, resultado da suspensão dos reajustes dos planos até o final de 2020. O IPCA é utilizado, também nas análises de desempenho do setor. Na atualização dos valores de arrecadação corrigidas pelo índice de inflação é possível avaliar o crescimento real do setor, para cima ou para baixo.
Se as reformas não avançarem, o Copom poderá abandonar o forward guidance, adotado para sinalizar a estabilidade da taxa Selic, enquanto as expectativas não ameaçarem as metas de inflação, informou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em webinar na semana passada. Como isso impacta a avaliação da CNseg sobre os efeitos dos indicadores no mercado de seguros?
A expectativa do setor é de que a economia continue em trajetória de recuperação. Uma retomada de forma mais acentuada da atividade econômica é muito positiva para o setor, pois estimularia o aumento do emprego e da renda, que são fatores importantes. Na ata da última reunião do COPOM, o comitê sinalizou que, com projeções e expectativas de inflação significativamente abaixo da meta, seria validada a sua prescrição futura (forward guidance) de Selic baixa por maior tempo. O avanço das reformas também permitiria ao Banco Central manter a taxa Selic estável.
Segue a íntegra do boletim elaborado pela CNseg:
Com a proximidade das eleições municipais no Brasil e presidenciais nos EUA, as expectativas se mantêm estáveis e os analistas estão com olhar de cautela para os próximos acontecimentos nos cenários políticos e econômicos aqui e no exterior.
A projeção do PIB para 2020, divulgada hoje pelo Relatório Focus do Banco Central, mostra uma pequena redução de 0,01 p.p., passando de -5,03% para -5,02%, após quatro semanas de revisões positivas no indicador de atividade, que amenizaram a previsão de recessão de -6,54% divulgada no relatório no final de junho.
Para 2021, a mediana do PIB se mantém em 3,5% pela 20a semana consecutiva. Em linha com a retomada das atividades econômicas, o Banco Mundial divulgou na última semana a previsão do PIB brasileiro e melhorou consideravelmente sua avaliação. Os analistas do banco confirmam que é possível que o país tenha uma recuperação mais rápida após o tombo que sofreu, fazendo com que a previsão salte de -8% para -5,4%.
Para 2021, também houve melhora e a estimativa é de uma alta de 3%, ante os 2,2% divulgados anteriormente. O relatório cita o efeito multiplicador das ações de transferência de renda na América Latina (no caso brasileiro, o Auxílio Emergencial) permitindo o retorno mais acelerado da atividade econômica e, no Brasil, que a taxa de pobreza estimada ficasse abaixo de seu nível pré-crise pandêmica. Boas notícias também vêm do comércio global, que está retomando as atividades, e a China mostra rápida recuperação com o aumento das exportações e importações.
A divulgação do IPCA de setembro na última sexta-feira, que registrou alta de 0,64% no mês, já era esperada, mas a sua intensidade surpreendeu (em agosto, o índice foi de – 0,24%), sendo o maior resultado para o mês de setembro desde 2003. No acumulado até setembro, o IPCA apresenta alta de 1,34% e em 12 meses, 3,14%.
O grupo que mais pressionou os preços foi o de alimentos, o que está relacionado à alta demanda por refeições em domicílio, sendo o arroz o protagonista entre as maiores variações (17,98%). O grupo Saúde e Cuidados Pessoais apresentou queda mais acentuada (-0,64%) no IPCA. O IBGE cita como principal responsável o item plano de saúde (-2,31%), devido à suspensão dos reajustes dos planos até o final de 2020 divulgada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Para os próximos meses, o aumento das exportações de alimentos, que reduziria a oferta interna, pode vir a pressionar ainda mais os preços.
O Boletim Focus aumentou a previsão do IPCA 2020 para 2,47%, 0,35 p.p. maior do que a mediana da semana passada (2,12%). Para 2021, houve um leve aumento, passando de 3,00 para 3,02%.
A projeção para a taxa de câmbio aumentou em 0,05 p.p. em 2020, de R$/US$ 5,25 para R$/US$ 5,30 e, para 2021, passou de R$/US$ 5,00 para R$/US$ 5,10. A previsão para a taxa Selic em 2020 se mantém estável em 2,00% pela 15a semana consecutiva, e em 2,5% para 2021.
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de agosto, divulgada pelo IBGE, mostra que o setor de serviços cresceu 6,1% quando comparado ao mesmo mês do ano anterior, seguindo na trajetória positiva iniciada em maio. No acumulado do ano, o índice continua negativo (-0,9%), mas com intensidade menor que nos meses anteriores. As atividades que apresentaram crescimento mais expressivo em relação a agosto de 2019 foram Móveis e Eletrodomésticos (36,3%) e Material de Construção (24,1%) – terceira alta consecutiva.
Para a próxima semana, aguarda-se a divulgação do IBC-Br (15/10), índice de atividade econômica divulgado pelo Banco Central, que é uma prévia do PIB e tem forte correlação com a atividade do setor de seguros.