Valor: Seguradoras planejam reaver valores de Germán e José

Fator e Chubb devem pedir colaboração para a justiça criminal para identificar bens da dupla e reaver os valores pagos em uma apólice acionada há seis anos

A jornalista Flávia Furlan, do jornal Valor Econômico, informa na edição desta quinta-feira, 20, que as seguradoras Fator e Chubb devem pedir colaboração para a justiça criminal para identificar bens da dupla e reaver os valores pagos em uma apólice acionada há seis anos diante do envolvimento dos irmãos Efromovich na operação Lava-Jato.

A 13ª Vara Criminal de Curitiba autorizou a prisão preventiva de Germán e José Efromovich, que ficarão em prisão domiciliar devido à pandemia de covid-19. Na operação “Navegar é preciso”, deflagrada ontem, investiga-se um suposto esquema de pagamento de propinas à Transpetro, subsidiária da Petrobras.

Os valores teriam sido pagos pelo estaleiro Ilha, no Rio de Janeiro, do qual os irmãos são sócios, que também é o epicentro do processo das seguradoras. Em 2014, o estaleiro não entregou três embarcações à empresa sul-coreana Swire e as seguradoras arcaram com a conta do atraso por força de um seguro garantia de contrato, mas ingressaram posteriormente com uma ação de cobrança, como é comum nesses casos.

A Justiça reconheceu o direito das seguradoras ao ressarcimento, em segunda instância, em um valor que estima-se esteja hoje em R$ 400 milhões. Além disso, permitiu arrestar ações da Avianca como pagamento, provando que os irmãos, por meio de outras empresas, tinham participação significativa na aérea. No entanto, com o processo de recuperação judicial da Avianca, os papéis perderam o valor.

Em um processo de busca de bens dos irmãos, foram encontrados apenas dois imóveis de José, na cidade de São Paulo, em um valor inferior a R$ 10 milhões. Estruturas societárias e ativos líquidos no exterior, do grupo Sinergy e dos próprios irmãos, estavam sendo rastreados, mas a falta de acordos da justiça cível brasileira com outras jurisdições se tornou um desafio.

Segundo disse uma fonte ao jornal, acordos internacionais para mapeamento e bloqueio de bens são eficientes na esfera criminal, a exemplo do que ocorre na Lava Jato. Já no caso da esfera cível, é preciso ter todo o trânsito em julgado para efetivar a apreensão de um bem no exterior.

No processo com as seguradoras, os irmãos ainda podem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que já permite no Brasil uma execução temporária, mas não ajuda em uma busca internacional.

A expectativa é de que, com os bens dos irmãos mapeados no exterior pela justiça criminal, seja possível discutir a divisão entre os credores em qualquer esfera, de acordo com o interlocutor.

Consultado, o escritório Mattos Filho, que defende as seguradoras, não quis se manifestar. O escritório Galdino & Coelho Advogados, que representa os irmãos Efromovich, não respondeu até o fechamento desta edição.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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