Projeções do PIB melhoram com notícias mais claras sobre auxílio emergencial

A projeção mediana para a variação do PIB subiu mais uma semana, de -5,46% para -5,28%. Para o ano de 2021, a projeção foi mantida em 3,5%

“Apesar do noticiário destacar o que temos chamado de “desencontro” dos tempos da política e da economia, uma leitura mais atenta dos acontecimentos da última semana revela um cenário não tão desfavorável”, afirma Pedro Simões, economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, a Confederação das Seguradoras, no boletim Acompanhamento das Expectativas Econômicas semanal feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg.

Para Simões, há sinais de coalizão do governo em buscar um equilíbrio. “O debate entre o Executivo e o Ministério da Economia em relação ao Renda Brasil e mais investimentos em infraestrutura e o teto de gastos está mais em como acomodar essas demandas em um orçamento que resulte em resultados fiscais que inspirem confiança na sustentabilidade da dívida pública. O Teto de Gastos assim cumpre um de seus principais objetivos, que é explicitar a restrição orçamentária do governo”.

O economista da CNseg destaca a alta de dois pontos percentuais na projeção para o IGP-M este ano, que chegou a 11,39%, ampliando uma diferença entre a inflação medida pelo IGP e pelo IPCA. Isso que traz desafios para negócios em que há indexação por diferentes índices, como é o caso de alguns segmentos do setor de seguros. “Acredito que podemos esperar novas altas nas projeções e isso pode realmente aumentar desafios para negócios”, afirmou.

Leia abaixo o texto completo produzido pela CNseg:

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS E PROJETOS – SUESP | [email protected]

No 114 – agosto/2020 – semana 5

Após uma semana de muito ruído na política, inclusive com o adiamento do anúncio de medidas do programa Pró-Brasil e até especulações em relação à permanência do ministro da Economia, as projeções de retração do PIB deste ano continuam a melhorar. Isso ocorre por dois motivos principais:

i) os dados de atividades no período mais agudo da crise provocada pela pandemia da Covid-19 não foram tão ruins quanto o esperado nos cenários mais pessimistas (houve momento em que algumas empresas de análise do mercado chegaram a projetar quedas de quase 10% do PIB neste ano) e garantem uma recuperação consistente no 3o trimestre, ainda que haja dúvidas daí para frente;

ii) apesar do noticiário destacar o que temos chamado de “desencontro” dos tempos da política e da economia, uma leitura mais atenta dos acontecimentos da última semana revela um cenário não tão desfavorável.

Em primeiro lugar, fica evidente que o Teto de Gastos está cumprindo uma de suas principais funções, que é a de escancarar a restrição orçamentária do governo brasileiro, impondo debates e escolhas. Dessa maneira, o conflito entre o Renda Brasil e mais investimentos em infraestrutura e o Teto não reside tanto sobre como financiar os programas – o que cortar ou que imposto criar -, e mais sobre como acomodar essas demandas em um orçamento que resulte em resultados fiscais que inspirem confiança na sustentabilidade da dívida pública.

Em segundo lugar, a solução encontrada para a questão do Renda Brasil – a extensão do Auxílio Emergencial com valor menor até dezembro – dará tempo para que o programa que vier a suceder o Bolsa Família seja melhor desenhado. E, mais, com a constatação de que não há como acomodar o Renda Brasil no Teto sem custos econômicos e políticos, haverá tempo também para um debate mais construtivo sobre o orçamento e para que se negociem importantes reformas (como a tributária e a administrativa) como contraponto ao aumento dos gastos sociais.

Além disso, a extensão do Auxílio Emergencial diminui aquela incerteza que temos destacado a respeito da economia ao final do ano. Uma retirada suave dos estímulos certamente é mais favorável para a expectativa de crescimento. Assim, a projeção mediana para a variação do PIB subiu mais uma semana, de -5,46% para -5,28%. Para o ano de 2021, a projeção foi mantida em 3,50%. A projeção para o IPCA voltou a subir ligeiramente para 1,77% ao final deste ano.

Mas, após a divulgação do IGP-M de agosto (aceleração para 2,74% no mês, com acumulado em 12 meses chegando a 13,02%, sua maior taxa em 12 anos), a projeção para esse indicador aumentou mais de 2p.p. esta semana, para 11,39%, ampliando uma diferença entre a inflação medida pelo IGP e pelo IPCA que traz desafios para negócios em que há indexação por diferentes índices.

No calendário econômico da semana, destaque para o PIB do 2o trimestre, que será divulgado amanhã (01/09) e para a produção industrial de julho, a ser divulgada na quinta- feira (03/09), ambos pelo IBGE.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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