Aposentadoria: única saída é poupar, afirma Nilton Molina

Nilton Molina, presidente do conselho da Mongeral Aegon (MAG) e do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, conversou com o blog Sonho Seguro durante o evento MAGNext, que marcou a comemoração dos 185 anos da seguradora e trouxe muitas novidades, como nova marca (MAG), o lançamento de uma fintech para ofertar produtos financeiros para corretores e funcionários, numa primeira etapa. O grupo pretende crescer 19% em 2020, embalado pelo enorme potencial de crescimento do setor com a reforma da previdência realizada pelo governo Bolsonaro, que deixou claro para a população que cada indivíduo terá de ser responsável pela gestão financeira da sua aposentadoria. A única saída é poupar.

Leia a entrevista:

No Brasil, como o senhor considera o atual regime e o que mais teria de ser implementado para ser um sistema equilibrado?

O sistema brasileiro de previdência social é um regime bom. No entanto, precisamos ressaltar que, para que haja o devido equilíbrio e sustentabilidade financeira do sistema, é de extrema relevância que os governos fiquem atentos às transformações demográficas da população.
Quando isso acontece, as mudanças e ajustes não precisam ser radicais. No caso brasileiro, a discussão sobre a reforma da previdência estava, pelo menos, trinta anos atrasada, quando consideramos as questões atuariais. Entendo que avançamos com as alterações aprovadas no ano passado, mas é fundamental ter no radar o fenômeno da longevidade e os seus impactos diretos na previdência social.

Tanto jovens como 50+ que tenho entrevistado afirmam que nunca conseguirão parar de trabalhar diante das novas regras da aposentadoria e da crise que o Brasil enfrenta desde 2014, que consumiu a reserva financeira de muitos. O senhor concorda?

Eu já passei dos 80 anos e nunca parei de trabalhar. As pessoas estão cada vez mais ativas e querem se sentir úteis de alguma forma. O que vamos ver são novas formas de trabalho, com jornadas mais flexíveis e novas atividades. Acredito que, naturalmente as pessoas não seguirão, na velhice, fazendo as mesmas atividades que exercem hoje.

Em sua opinião, como gerar emprego para 60+? Existe um modelo no mundo que possa citar?

Tenho percebido que as empresas têm despertado para a importância da relação intergeracional. Estamos ainda a passos lentos, mas já saímos da inércia. Posso citar como um bom exemplo o RETA: iniciativa do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon em parceria com a USP. O Regime Especial do Trabalhador Aposentado é um projeto de lei que visa fomentar o reingresso de aposentados ao mercado de trabalho por meio da flexibilização da jornada de trabalho, semelhante ao que hoje conhecemos como Lei do Estágio.

Um dos maiores gastos dos idosos é com saúde. Como resolver essa questão: menos renda mais custo?

Temos duas questões para trabalhar aqui. O primeiro deles é a rediscussão do modelo atual de saúde suplementar, que certamente precisa ser visitado para ofertar condições mais acessíveis às diferentes faixas etárias, principalmente no cenário demográfico em que temos hoje.
Por outro lado, é preciso pensar na longevidade financeira e na qualidade de vida em todas as fases. O que chamamos de terceira idade é o momento em que há um aumento significativo com gastos com a saúde, seja pelo plano de saúde ou pela compra de medicamentos para cuidar, por exemplo, de doenças crônicas.

Quais mudanças a sociedade (governo, empresas, indivíduos) podem ajudar o cidadão a ter uma aposentadoria mais digna?

Na esfera governamental, é preciso que a longevidade e a demografia sejam temas que não saiam da visão dos dirigentes do país, independentemente de partido. É importante ressaltar que isto é uma questão social, e não partidária. Sob o ponto de vista das empresas, uma forma de ajudar é o estímulo à poupança por meio de educação financeira ou, até mesmo, por planos de previdência fechada. Já o cidadão precisa, independentemente de governo e empresa, assumir a responsabilidade pelo próprio futuro financeiro e fazer a própria poupança. A dica é guardar, pelo menos, 10% do que recebe.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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