O CEO Vinicius Albernaz aposta numa recuperação dos investimentos e do emprego, duas variáveis econômicas que beneficiam muito o mercado segurador
Vinicius Albernaz, presidente do grupo Bradesco Seguros, o maior do Brasil em faturamento e lucro, está otimista com os resultados do fechamento de 2019 e mais ainda com as expectativas para 2020. “Até setembro, temos resultados relevantes mesmo com a situação econômica que ainda apresenta um cenário de expectativa com a retomada do emprego. Mas já sentimos uma retomada do crédito, fruto de um longo período de longo conservadorismo em consumo. O crédito ainda tem um participação no PIB ainda tímida e tem muito ainda a avançar”, disse ele durante almoço com jornalistas na sede do grupo em Alphaville (SP).
Tal cenário favorece a venda de seguros de vida (inclui o prestamista atrelado ao crédito e também invocações como o seguro que une formação de poupança e risco), o seguro saúde e também previdência privada. “A estratégia do grupo está focada em ser mais relevante para o cliente. “Temos um consumidor em mutação, cada vez mais ativo em diferentes fases da vida, que muda com a demografia, e nos, como uma seguradora multinha e presente em todo o território brasileiro, temos de nos adaptar a tantas mudanças. E estamos no caminho ao observar nossos relevantes resultados até setembro”.
Nos nove primeiros meses do ano, o grupo apresentou lucro líquido de R$ 5,53 bilhões nos segmentos de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar Aberta. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio foi de 23,6%. O resultado das operações atingiu R$ 10,9 bilhões, o que representou crescimento de 13,7% na comparação com igual período de 2018. As provisões técnicas cresceram 5,9% na comparação com setembro de 2018, atingindo cerca de R$ 270 bilhões – correspondentes a aproximadamente 25% do total do mercado segurador – e os ativos financeiros, 9,4%, para R$ 306 bilhões. Outro dado relevante foi o valor pago em indenizações e benefícios, de R$ 24 bilhões, o que corresponde a R$ 126 milhões por dia útil.
Inovação – Neste tema, o CEO da Bradesco Seguros conta que o grupo esta atuando em várias frentes. “Aumentamos nosso investimento em TI para 2019 e mais ainda em 2020. Esse é o caminho. Mundo competitivo exige que seja altamente digital, rápido e assertivo. Encantamento do cliente é o nome do jogo. Nosso investimento prioritário é em tecnologia, que tem tornado os processos bem mais simples e fluídos, com produtos e serviços disponíveis na palma da mão do cliente. Outro desafio é capturar leads para dar aos corretores informações qualificadas onde ele pode atuar para fazer uma oferta mais assertiva”.
Segundo Albernaz, os executivos de seguros participam com mais frequência do dia a adia da InovaBra, entendendo as startups e como elas podem agregar valor às prioridades do grupo segurador. “É uma rotina integrante do processo, pois não vamos desenvolver tudo que precisamos em casa”. Se por um lado insurtechs são fator de disrupção, a maior parte delas têm possibilitado seguradoras fazerem melhor o que ja faziam, como vistoria de veículos, cita o executivo. “Fizemos uma parceria com uma startup que oferta esse serviço e ganhamos muita eficiência. Assim como o reembolso digital em saúde. Mais de 38% dos pedidos e pagamentos já são feitos pelo aplicativo. Isso gera muita conveniência para o clientes”.
A concorrência é um fator importante para estimular a mudança de qualquer setor. E em seguros e previdência não poderia ser diferente. A Bradesco Previdência foi uma das que registrou grande fluxo de portabilidade para as plataformas de investimentos como a XP, que estreou hoje na bolsa de valores dos EUA, a Nasdaq, avaliada como companhia aberta em US$ 14,9 bilhões, ou R$ 61,7 bilhões. Parte do valor captado será usado para otimizar o braço de seguros da plataforma de investimento.
Sobre isso, Albernaz afirmou que a competição em produtos financeiros tem crescido muito nos últimos anos e já faz parte da estratégia de bancos tradicionais mudanças para fidelizar clientes abordados com novas plataformas. “Temos capacidade de ter produtos competitivos e com retornos atraentes. Tanto que nosso fundo de previdência multimercado foi premiado nesta semana na revista do Valor no ranking produzido em parceria com a FGV. Temos olhado os movimentos do banco em ofertar atendimento consultivo via a plataforma da Agora, que deve se tornar um canal importante para nós”, afirmou.
Em saúde, Albernaz afirma que a perda de clientes por conta do desemprego nos últimos quatros anos já se estabilizou. “Temos observado crescimento na margem, com alternativas de diversos produtos com opções de preços para diferentes bolsos. A Bradesco Saúde vem evoluindo no estudo do perfil de cada região, buscando precificar de forma mais adequada o risco, com rede credenciada regional para ofertar produtos com preços competitivos”, disse.
Segundo dados do grupo, já são mais de 3,5 milhões de downloads de Apps. Em Saúde, 38% do reembolso já é feito por meio digital, um avanço significativo, considerando que há um ano esse dado era inferior a 10%. Em Auto: 65% das vistorias e 14% dos pedido de reboque já são digitais. Em Previdência: quase 130 mil propostas validadas pelo App. Seis produtos são comercializados 100% online: Viagem, Dental, Residencial, Acidentes Pessoais, Previdência e Capitalização, além do Prestamista, cuja jornada está inserida no crédito do Banco.
DPVAT – Quanto ao fim do DPVAT, o mercado segurador e o órgão regulador devem se unir para pensar em que tipo de proteção será colocada no lugar do seguro obrigatório que hoje atende milhões de pessoas vítimas de acidente de trânsito, especialmente motoqueiros, afirmou o presidente da Bradesco, que é o terceiro maior em volume de prêmios em DPVAT, com pouco menos de R$ 100 milhões até setembro deste ano. “Se o governo vê que esse seguro deve ser operado não por um consórcio e sim por empresas competindo no mercado, não tenho nada contra isso. Mas temos de colocar um produto de responsabilidade civil no lugar do DPVAT para amparar as pessoas vítimas de acidentes”, opina o presidente da Bradesco.
Segundo a Líder Seguradora, que administra o DPVAT, caso o seguro seja extinto, mais de 300 mil pessoas perderão o direito ao seguro apenas em 2020. O estudo indica, ainda, que serão mais de 38 mil casos de vítimas fatais no trânsito e mais de 205 mil pessoas que ficariam com alguma sequela permanente depois de um acidente.