Mongeral Aegon comenta queda da Selic para 5% ao ano e aposta que taxa encerre o ano em 4,5%

Neste cenário, a educação financeira se torna uma prioridade para ensinar os investidores sobre o efeito dos juros no longo prazo

Mais uma queda da taxa básica da economia. O Comitê de Politica Monetária (Copom) cortou a Selic de 5,5% para 5% ao ano. “Nossa expectativa é de que vai cair mais, para 4,5% neste ano”, afirmou Patricia Pereira, especialista da Mongeral Aegon Investimentos, que administra patrimônio acima de R$ 5,5 bilhões de investidores, ao blog Sonho Seguro. “O comunicado do Copom trouxe novidades interessantes. 2021 entrou no horizonte de decisão; as projeções até lá estão abaixo da meta em todos os anos e modelos mostrados, o que sugere espaço para a taxa Selic ir abaixo dos 4,5%”, diz Rafael Cardoso, economista da Daycoval Asset Management, concordando com Patricia.

A especialista da Mongeral afirma que se trata de um momento único da economia brasileira e que vai realmente fazer os investidores conservadores a reverem seu perfil de risco. “Com uma taxa de juro de 14,5% como tínhamos no final do governo Dilma nao havia estimulo para correr risco em investimentos. Mas agora, com a taxa chegando a 4,5%, é preciso repensar na estratégica de investimento e correr um pouco de risco para buscar uma rentabilidade mais atraente”, explicou.

Segundo ela, é hora de todos reverem seus portfólios, o que já tem sido uma realidade neste ano para a Mongeral. “Antes éramos uma casa tipicamente de renda fixa. Mas hoje, metade do nosso portfólio já está em multimercados em razão da demanda de nossos clientes, que já perceberam que para rentabilizar o capital é preciso diversificar a carteira de apostas”, comentou.

A educação financeira tem sido um mantra entre os gestores de recursos uma vez que a aposta é de que a taxa de juros seguirá por um bom tempo neste patamar. “Considerando-se as reformas previstas pelo governo e a volta dos investidores em projetos que gerem emprego e aumento de renda da população, mesmo que haja um aumento da inflação, certamente a taxa de juros se manterá neste patamar”, disse. Realmente, não há quem aposte num cenário passado, quando a taxa de juros caiu para 7,5% e voltou a subir para 14%. “Esse é um cenário que ninguém aposta hoje diante do andamento das reformas do governo”, disse a executiva da Mongeral Aegon.

Sem dúvida, é um momento para capturar novas oportunidades. E o setor tem uma ampla linha de opções para atender a cada Perfil de Investidor”, afirma Jorge Nasser

“Para os participantes de Planos de Previdência Privada é uma oportunidade de diversificar seu portfólio em Fundos Multimercados, por exemplo. Sem dúvida, é um momento para capturar novas oportunidades. E o setor tem uma ampla linha de opções para atender a cada Perfil de Investidor”, afirma Jorge Nasser, presidente da Federação Nacional de Previdencia Privada (Fenaprevi).

Geralmente um investidor considera o tempo e o rendimento para calcular o valor mensal a ser depositado num fundo de investimento para atingir sua meta. Com a queda dos juros, ou precisará correr mais risco para tentar manter a rentabilidade inicial projetada. “Se optar pelo conservadorismo, ou investidor aporta mais recursos mensalmente ou alonga o prazo previsto para atingir o alvo”, avalia Patricia.

Se considerarmos a inflação em torno de 3,5% a 4% ao ano, o juro real chega a 1% em 12 meses. Isso significa que um investidor que aplicar R$ 1 mil na caderneta de poupança terá o equivalente a R$ 967 depois de 10 anos a valores de hoje, calcula a equipe da XP Investimentos. Se aplicar em um CDB que rende 85% do CDI, depois de 10 anos o investidor terá o equivalente a R$ 1.032.00. Ou seja, um ganho de apenas R$ 32 em uma década. Esse é o risco do cliente que não prestar atenção nos investimentos neste cenário de juros baixos.

As carteiras precisam ser repensadas e otimizadas para refletir este cenário, recomendam os especialistas. A título de exemplo, calcula a XP, um mix de investimento com perfil moderado, que renda 7,5% ao ano, em um ano, o rendimento seria 3,86% em termos reais. Assim, aqueles R$ 1 mil virariam R$ 1.461 em 10 anos. Bem mais razoável. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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