Completou 60 anos e reclama? Mas pensa bem. Qual seria a outra alternativa a não fazer aniversário? Por isso, a longevidade é algo bom. Acredite. Aliada à qualidade de vida, com alimentação saudável, prática de esportes, convivência e reservas financeiras, é uma verdadeira benção. Mas como conquistar esse equilíbrio?
Esse foi o tema do debate promovido pelo Instituto Mongeral Aegon dentro do ciclo de Inovação e Tendências, promovido no Centro Cultural dos Correios, no Rio. “Além de cada um se conscientizar que precisa se preparar, será que nossas cidades estão preparadas para a longevidade?”, questionou Henrique Noya, diretor executivo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.
Todos concordaram que o Brasil está envelhecendo sem pensar na longevidade. Em 2050, estudos mostram que o Brasil será o país com maior número de pessoas com mais de 60 anos. “Temos muitas políticas para desenvolver o indivíduo, como empreender, que é o caminho para sustentar o crescimento econômico do Brasil. Mas temos de aproveitar que no ano que vem teremos eleições e podemos exigir que os candidatos se posicionem sobre quais politicas públicas serão implementadas”, reforça Clarissa Filgueiras, analista do Sebrae.
Uma das iniciativas do Instituto Mongeral é a criação do Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, feito em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP). Com este Índice, são reveladas as atuais condições de 498 cidades brasileiras, tendo em vista sua capacidade de atender às necessidades básicas de vida, destacadamente dos adultos mais idosos. “A nova edição esta quase pronta e será um bom tema para ser debatido pelos candidatos às prefeituras”, citou Noya.
Tão importante quanto incentivar o desenvolvimento e incentivos de políticas públicas, é prioritário que cada qual invista em sua própria vida. “Todos precisam se reinventar. Não há empregos para todos e os salários de R$ 20 mil não são mais a realidade de muitos”, citou Patrícia Braga, empreendedora aos 50+, na Navi Delicias, na qual vende artesanatos e artigos de culinária em uma bicicleta.
Patrícia conta que sua carreira foi desenvolvida em multinacionais, na quais viajava muito para o exterior. Quando foi demitida aos 50, passou por um luto empresarial de três anos “É preciso se atualizar, pesquisar cursos gratuitos e online, acreditar e ser humilde. Pouco a pouco percebemos que a vida de empreendedor traz desafios, mas o prazer e a saúde são mais relevantes do que a pressão do mundo corporativo”, afirmou.
Sergio Duque Estrada, 60+, trabalhou durante anos em bancos de investimentos. Hoje, usa sua experiência e networking para criar facilidades para esse nicho da população, por meio da representação da Aging 2.0. Ele ez carreira em bancos de investimentos, e ha alguns anos passou a se envolver com o mercado imobiliariio voltado para o tema longevidade. Foi quando descobriu algumas startups no Vale do Silicio e trouxe algumas ideias para o Brasil. Fez varias parcerias, incluindo a Universidade de São Paulo (USP) e a prefeitura de São Paulo, com as quais realiza eventos voltados para as gerações 60+.
Apesar desses eventos não falarem diretamente de tecnologia, é ela que vai ajudar a trazer escala para qualquer negócio que se pense em criar para este nicho da população ao proporcionar redução de custos e, portanto, inclusão. “Temos um time bastante atuante. Em 2018, conseguimos atrair mais de 100 empreendedores com ideias de negócios voltados para a longevidade. De concreto, selecionamos 20 ideias que estão dando muito certo. Estamos agora na segunda chamada, com 125 inscritos e já temos 10 finalistas, que serão anunciados em 28 de agosto, em um evento sobre longevidade em São Paulo.
A conclusão é que a longevidade é um tema relevante e praticamente novo no Brasil, que caminha para ser um dos países mais velho do planeta a partir de 2050. E já está mais do que na hora de não só colocar em prática aquilo que depende de cada um, como praticar esportes, se alimentar corretamente e poupar, como também fomentar política públicas e privadas que discutam a geração de empregos, de lazer, de educação, de mobilidade entre tantas outras demandas.
Eis um nicho de negócio atraente para quem realmente souber entender a dor de um cliente que já tem idade para saber o que quer e o que não quer em sua vida. “O tema longevidade é transversal e temos de nos preocupar com ele desde que nascemos”, disse Monica Martins, gerente de comunicação da Mongeral Aegon, seguradora centenária, especializada em seguros de pessoas. Este foi o terceiro debate e muitos outros estão na agenda para contribuir com a construção da longevidade no Brasil.