CVG-SP Limra Day apresenta as tendências globais no seguro de vida

Por Márcia Alves/CVG

As inovações e transformações da indústria de seguro de vida global e a mudança de comportamento de consumo das novas gerações foram temas debatidos no evento.

O inédito evento CVG-SP Limra Day aconteceu hoje, 16 de agosto, no Teatro Renaissance, em São Paulo. Promovido pelo CVG-SP em parceria com a Limra e patrocínio do IRB Brasil Re, o evento apresentou as principais inovações da indústria de seguro global para se adequar à mudança de comportamento de consumo dos segurados.

“O seguro de vida em um mundo em transformação” foi o tema da palestra apresentada por Thad Burr, Managing Director da LL Global, no primeiro painel do evento, que contou com a mediação do diretor de Relações com o Mercado do CVG-SP, Gustavo Toledo.

Thad elencou cinco megatendências para o seguro de vida: internet e robótica; tecnologia combinada com mobilidade; pobreza e riqueza da população mundial; demografia e saúde; segurança, serviços financeiros e seguros. Em relação às mudanças provocadas pelas novas tecnologias, o especialista da Limra afirmou que o principal resultado será a redução de custos. 

“Significa que os negócios existentes serão alterados de maneira severa, incluindo o seguro de vida e a previdência”, disse. Ele citou o blockchain e a IoT (Internet das Coisas) como as tecnologias mais disruptivas para o seguro no futuro. Sobre pobreza e riqueza, condições que impactam a indústria de seguros, o especialista deu uma boa notícia: a pobreza está diminuindo em todo o mundo.

Com mais de cem anos de existência, a Limra produziu estudo que demonstra a redução da pobreza mundial. Em 1820, 94% da população mundial viviam na extrema pobreza; em 1900, 84%; em 1950 o percentual se manteve em queda constante, passando de 72% para 26% em 2000, até chegar a 10% em 2015. “Para nossa indústria é importante que o mundo se torne rico”, disse.

Em relação à distribuição de seguros, Thad mencionou que uma das tendências é a fusão entre este serviço e as instituições financeiras. Outra tendência é o uso das redes sociais para a oferta de seguros. Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP e debatedor no painel, prevê a convergência entre a distribuição de seguros e as novas tecnologias. “A mudança é inexorável e o corretor precisa se adequar”, disse.

Ronald Kaufmann, Country Manager da Limra Brasil, acredita que o futuro será de muitas mudanças para o seguro. “O comportamento de consumo está mudando, mas o ser humano nunca perderá a necessidade de proteção do seguro”, disse.

Importância do relacionamento

No segundo painel, Carlos Islas Murguía, representante da Limra/Loma no México e América Latina, analisou “Como as seguradoras e seus profissionais estão se preparando para atuar neste novo horizonte de Seguro de Vida”. A partir do exemplo do México, onde a venda consultiva prevalece, ele acredita que no Brasil ocorra o mesmo. 

Porém, o especialista advertiu que o papel do corretor de seguros está mudando e que, por isso, o mais importante não é a quantidade de apólices vendidas, mas a relação de confiança estabelecida com o cliente. Segundo Murguía, o corretor deve se transformar em um consultor financeiro, oferecendo outros produtos, além do seguro de vida, que supram as necessidades do cliente.

Murguía elencou os drivers de mudança para o seguro de vida: tecnologia, regulatório, econômico, demográfico e consumo. Em relação aos avanços da tecnologia, ele também aposta no crescimento do uso de inteligência artificial, blockchain e telemática. O especialista expôs alguns exemplos, como o do aplicativo que prevê a expectativa de vida da pessoa apenas com base na foto do rosto. 

Uma pesquisa da Limra com executivos da indústria de seguros, realizada em 2018, mostrou que a preocupação com a segurança cibernética lidera nos Estados Unidos, com 92% das respostas, na América Latina, com 75% e na Ásia, com 84%. Ele citou, ainda, uma pesquisa da Accenture, realizada em 2017, que revela a disposição do consumidor em ser atendido por um robô para gerir as suas finanças. Em relação à aquisição de seguros, 74% concordaram com o atendimento feito por uma máquina.

Por isso, Murguía acredita que o mais importante para o corretor de seguros é o relacionamento. “Quanto mais bem relacionado com o cliente final, melhor”, disse. A mesma pesquisa também mostrou que as pessoas estão mais confortáveis em relação às compras online, tanto que 39% responderam que aceitam se comunicar com os corretores pelas redes sociais. “Por isso, as mídias sociais não são opcionais, mas obrigatórias para atingir o cliente”, disse.

Debatedor no painel, Bernardo Castello, diretor Bradesco Vida e Previdência, afirmou que não duvida que algumas áreas das seguradoras estão em xeque, principalmente, a de subscrição de riscos e de sinistros. “O papel da seguradora será mais baseado em algoritmos. Daí a necessidade de se reinventar”, disse. A seu ver, as seguradoras terão algumas áreas com maior destaque no futuro, como suporte jurídico e inovação na criação de produtos. Já a distribuição também se transformará, segundo Castello. “O corretor será um especialista em cliente e não mais em produto”, disse.

Alessandra Monteiro, diretora de Vida e Longevidade do IRB-Brasil RE, considera que as redes sociais serão importantes para a oferta de seguros e mais ainda para se conhecer o consumidor. “Precisamos entender o nosso cliente para oferecer o produto mais adequado. O grande desafio será preparar o profissional de seguros para esse novo mundo”, disse.

No encerramento do CVG-SP Limra Day, o presidente do CVG-SP, Silas Kasahaya, elogiou o conteúdo apresentado nas palestras e informou que a Limra dispõe de muitos estudos que serão colocados à disposição dos associados, por meio de parceria firmada entre ambas as entidades. 

Foto: Palestrante e debatedores do painel 1: Gustavo Toledo, Silas Kasahaya, Thad Burr, Alexandre Camillo e Ronald Kaufmann – Crédito: Antranuk Photos

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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