Edição carioca do seminário “Viés Inconsciente” discute diversidade nas empresas

Fonte: CNseg

Encontro promovido pela AMMS reúne quase 100 pessoas no Rio de Janeiro

Quase 100 pessoas prestigiaram a edição carioca do seminário “Viés Inconsciente: Desconstruindo Preconceitos”, realizado na cidade do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira à noite, 27 de junho, para avaliar ações de seguradoras para desconstruir os preconceitos nas empresas e avançar o processo de diversificação de seu quadro funcional. O evento – iniciativa da Associação das Mulheres do Mercado de Seguros (AMMS) em parceria com o Grupo de Diversidade da CNseg e o Instituto pela Diversidade e Inclusão no Setor de Seguros (Idis) – ocorreu no auditório da Escola Nacional de Seguros (ENS). Na véspera, o encontro foi realizado em São Paulo.

A palestra “Viés inconsciente, desconstruindo preconceitos” foi apresentada pelo superintendente de Relações de Consumo e Sustentabilidade da CNseg, Pedro Henrique Pinheiro, logo na sequência de breves relatos das ações realizadas pelas AMMS, Idis e o GT da Confederação das Seguradoras, em prol da diversificação. 

Pedro Pinheiro procurou demonstrar como os vieses inconscientes podem ser prejudiciais à diversificação e à inclusão nas empresas. “O viés inconsciente é uma relíquia evolutiva que explica a nossa dificuldade de lidar com as diferenças em um mundo cada vez mais diverso”,  assinalou ele.

Segundo Pinheiro, o viés inconsciente produz julgamentos intuitivos, rápidos, impedindo que se adotem as melhores decisões. Lembrando conceitos do livro “Rápido e Devagar, as duas formas de pensar”, do Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman, ele assinalou que há duas formas de pensamento.  O primeiro sistema responde por 95% de nossas atitudes, sem uma avaliação consciente e realmente verdadeira. O outro, que responde por 5%, encaixa nosso pensamento mais estruturado e racional. 

O viés inconsciente pauta a atuação profissional de todos, com julgamentos que, portanto, podem não ser os mais racionais. Essa é a razão que faz com que muitas pessoas tenham medo de andar de avião e não de carros, ainda que, estatisticamente, voar seja menos perigoso que dirigir. 

Valéria Schmitke, presidente do Idis, pediu que o mercado de seguros reflita se esta em linha com a diversificação por raça ou gênero do povo brasileiro, tendo em vista 54% da população  brasileira ser formada por negros e pardos e 52%  são mulheres. Não é menor o desafio de, na busca de equidade no mercado de seguros, incluir aos quadros pessoas LGTBI+. Não é por outra razão que três pilares são considerados prioritários para o Idis: a representação por gênero, a questão LGTBI+, e questão racial, com foco em negros e negras. A meta é alcançar a verdadeira equidade no mercado de seguros.

A outra etapa do encontro foi um debate sobre as dificuldades enfrentadas no mundo corporativo por gays, lésbicas, negro (a)s, pessoas acima de 50 anos e até estrangeiros. Participaram do debate a presidente da AMMS, Margo Black, que tratou com bom humor os preconceitos enfrentados por estrangeiros; a empresária Patrícia Braga, membro da RME (Rede Mulher Empreendedora), que perdeu emprego ao completar 50 anos falou preconceito contra os profissionais mais experientes; Pedro Pinheiro abordou os desafios de ser um jovem gay em uma posição de liderança.

Outra participante, Bianca Nascimento, mulher, negra e jovem, falou com voz embargada sobre seus nove anos no mercado de seguros, da desconfiança enfrentada e de sua persistência para “prosseguir na carreira profissional”. Também emocionada, a Casualty Senior Underwriter para América Latina Cone Sul da Swiss Re, Juliana Pelegrin, narrou a sua trajetória e as dificuldades para assumir sua orientação sexual.

Ficou claro que o processo de diversificação, ainda que irreversível, terá de superar diversas etapas para se materializar, a partir dos vieses inconscientes que ditam o comportamento individual e corporativo, de acordo com os participantes. O divisor de águas serão as novas gerações, a partir dos millennial, com valores e propósitos inovadores no campo do comportamento e padrão de consumo, além de aderentes à diversidade.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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