ARTIGO: Juros baixos aumenta tendência a riscos em investimentos

Por John Liu, diretor executivo de investimentos da Zurich Brasil Seguros e Zurich-Santander Seguros e Previdência

O atual cenário de juros baixos tem sido uma novidade desafiadora para os investimentos dos brasileiros. Acostumados a um quadro bem diferente, com juros altos, as pessoas estavam confortáveis com suas aplicações conservadoras, optando em sua maioria por poupança, previdência renda fixa e fundos de renda fixa.

Porém, com a Selic a 6,5% e com as chances cada vez maiores de permanecer nesse patamar em 2019, o menor da história do País, o brasileiro terá que sair da zona de conforto e tomar mais riscos para obter retornos incrementais. Um levantamento recente do MIT e Harvard mostra que pessoas em ambientes de baixa taxa de juros investem significantemente mais em ativos de risco do que pessoas em ambientes de juros elevados. Investidores individuais quando submetidos a situações em que ativos de risco, que possuem o mesmo prêmio de risco e a mesma volatilidade, porém partindo de níveis distintos de juros básicos, tendem a alocar em ativos com maior risco quando o juro básico é menor.

Com isso, os investidores devem ter uma propensão maior a correr riscos para obter rendimentos melhores em suas aplicações em 2019. Adicionalmente, investidores individuais tendem a se movimentar por notícias recentes, variações extremas de preço e aumento de volumes negociados, ou seja, com o aumento de veiculações nas mídias sobre a performance da renda variável também poderá levar mais investidores a adquirir ativos de maior risco. 

Não haverá mais espaço para ficar acomodado na renda fixa. Segundo dados recentes da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), as aplicações que contém renda variável significam somente 2% do total das reservas dos planos de previdência.  Devido à grande quantidade de fundos de previdência disponíveis, cabe esclarecer que o primeiro passo para as pessoas se familiarizarem com risco são os fundos multimercados e balanceados com alguma parcela de renda variável.  Estes fundos apresentam uma volatilidade maior que a renda fixa, porém são mais amenos que uma exposição a ações.

Um estímulo adicional a aplicações em renda variável é a baixa penetração dos fundos de previdência. Somando os fundos de pensão e os de previdência aberta encontramos uma participação de 23% do PIB, enquanto em países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) essa taxa alcança 130%. A combinação de taxa de juros menores com a necessidade de formação de poupança de longo prazo, gera a situação ideal para que os indivíduos iniciem suas alocações em ativos de maior volatilidade.

Fatores macroeconômicos também influenciam. A consolidação do novo governo, a possível entrega das reformas fiscais, a estabilização da inflação, a conjuntura internacional mais recessiva são fatores que contribuem para a manutenção da taxa de juros em níveis reduzidos, o que historicamente não presenciamos no passado e que poderá nos levar a outro nível de alocação em renda variável.

Para 2019, prevemos a continuação do movimento de maior apetite por riscos. Hoje, a indústria de previdência privada já oferece fundos com vários níveis de alocação em ações, desde 0% até 70%; além de fundos multimercados, de inflação e de crédito. Também observamos a necessidade de aumento da educação financeira para os investidores individuais; a qual permitirá que cada pessoa possa tomar as corretas decisões sobre seu patrimônio.*

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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