O otimismo tem sido o tom das entrevistas neste começo de 2019. Até mesmo no segmento de corretores de seguros, que se sentem ameaçados com as plataformas de vendas digitais que se proliferam no Brasil e no mundo. Principalmente os de varejo. No caso da Lockton, focada em seguros empresariais e listada entre as 10 maiores corretoras de seguros do mundo, o otimismo vem por diversas razões. “A tecnologia nos afetou positivamente, pois como atuamos com riscos corporativos, ela nos ajuda a gerenciar ainda mais riscos. No cenário macroeconômico, acreditamos no Brasil, um país com grande potencial para crescer em diversas áreas, principalmente em projetos de infraestrutura, energia, óleo e gás, agronegócios. Sem falar em riscos como ataques cibernéticos, crédito e garantias judiciais e de contratos”, diz empolgadíssimo Marcelo Elias, que depois de quase 30 anos atuando em aéreas estratégicas da Marsh, a número um do mundo, assumiu neste ano a Diretoria Geral de riscos corporativos (“risk solutions”) da Lockton no Brasil.
Depois de ter priorizado investimentos na Ásia nos últimos anos com a aquisição de alguns concorrentes, sendo o principal a Alexander Forbes, a bola da vez do grupo sediado em Kansas, Estados Unidos, é a América Latina, com destaque para o Brasil, país que registrou quatro aquisições entre 2010 e 2014. “Nosso mix de produtos era 90% em riscos patrimoniais, que inclui também seguros financeiros. Agora somos meio a meio riscos patrimoniais e 50% planos de benefícios, com saúde, dental, vida e previdência. Depois de absorvidas as aquisições, nosso planejamento prevê crescimento orgânico e também aquisições, caso se mostrem adequadas”, diz Elias durante almoço com o blog Sonho Seguro.
No Brasil, o grupo encerrou 2018 cerca de R$ 1 bilhão em prêmios administrados e 220 funcionários. O faturamento em comissão não é revelado pelos corretores no Brasil. Já no mundo sim, por serem quase todos de capital aberto. A Lockton é praticamente a única no ranking das dez maiores que tem o capital fechado. “Somos especializados em seguros sob medida para corporações. A concorrência é grande, mas nos temos conseguido blindar nossos clientes e conquistar novos com serviços diferenciados”, conta Marcelo Elias. “Veja, temos um índice de retenção de clientes no mundo de 96%, 11% acima da média do mercado”, apontando para o folder do grupo que registrou faturamento de US$ 1,57 bilhão em 2018, com 52 mil clientes atendidos por mais de 90 escritórios espalhados pelo mundo.
Hoje a Lockton tem no Brasil cinco escritórios: São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas (SP), Recife (PE) e Curitiba (PR), de onde atende toda a região Sul do país. “Estamos olhando alguma aquisição para nos ajudar a crescer em Minas Gerais e também fortalecer a região Sul”, contou o executivo, que responde ao CEO Tony Gusmão, que assumiu o comando no Brasil em 2013 depois de ter gerenciado empresas na área de consultoria atuarial na África do Sul e na Inglaterra.
Além da responsabilidade de expansão comercial com produtos e serviços que façam a diferença para as médias e grandes empresas, Elias também tem de viabilizar um contrato com grande potencial fechado com a Santander Corretora. A Lockton será a corretora do banco espanhol no Brasil para atender às necessidades de proteção patrimonial dos clientes médios e grandes. O contrato, muito disputado, foi fechado no ano passado e ainda está sendo construído por nós e pela equipe da Santander Corretor, como produtos a serem ofertados e parceiros especializados”, antecipou.