ARTIGO: O surgimento do “CEO Social”

Por Túlio Fumis, associate Partner na Page Executive e líder para as áreas de serviços financeiros e seguros

Dando continuidade à série dos oito assuntos mais relevantes para os executivos em 2018, segundo pesquisa da Page Executive, comento neste mês o terceiro tópico da lista que explica que para irem em frente e, mais importante, ficarem na frente, os líderes de hoje precisam fazer o tipo certo de conexões.

A presença na mídia social, liderada por um executivo sênior de negócios de uma organização, está se tornando uma ferramenta crítica na batalha para atrair ou reter clientes e colaboradores. Se feito de maneira correta, “se tornar social” pode superar as restrições que algumas plataformas online estão enfrentando em relação a conteúdo de marca, e pode alavancar a performance de vendas também. Vejam abaixo como começar.

No atual mercado agressivo de seguros e resseguros, organizações líderes estão descobrindo que os melhores talentos são atraídos não somente por remuneração, benefícios e carreira mas também pelo forte alinhamento dos valores da instituição com os seus valores pessoais.

As implicações para os executivos sêniores se mostrou clara: de acordo com nosso estudo, resultados positivos aparecem mais dentro de empresas com cultura positiva. Existe uma expectativa entre as pessoas que estão entrando no mercado de trabalho de que suas atividades não são apenas comparecer todo dia a um local, mas que o trabalho pode oferecer, cada vez mais, uma sensação saudável de pertencimento.

Este senso de pertencimento se aplica também para clientes, cujo alinhamento com uma empresa exige constante reforço. Os clientes vão mostrar mais lealdade para organizações onde existe uma conexão emocional, que é um ativo que vai além de praticidade ou valor monetário. Quando isto funciona bem, eles podem se tornar os primeiros fãs e defensores desta instituição.

Com clientes – e potencias colaboradores – se tornando cada vez mais céticos em relação à algumas empresas e aumentado a resistência contra táticas de venda agressivas, vários executivos sêniores (incluindo o CEO) tem escolhido caminhos como a mídia social para apresentar uma visão menos artificial e mais pessoal das características e assuntos referentes às suas empresas.

Atualmente, os CEOs com maior visibilidade no mercado são claramente masters em mídia social. Muito popular por suas colunas no LinkedIn, Richard Branson, por exemplo, checa pessoalmente seus canais sociais toda manhã. Tony Fernandes, empresário e dono da Air Asia tem 1,5 milhão de seguidores no Twitter e ganhou considerável visibilidade devido à sua abordagem aberta e transparente logo em seguida ao acidente do avião de sua companhia (voo QZ 8501 da Air Asia Indonesia) em 2014.

Usar canais sociais também tem sido uma das estratégias do CEO da Microsoft Satya Nadella que assumiu a posição em 2014. Em três anos e meio, a gigante de tecnologia viu seu valor de mercado saltar para 250 bilhões de dólares – uma jornada de transformação descrita em um livro que ele lançou em 2017 chamado “Hit Refresh” (sem tradução ainda para o Português). Em outra situação, muitos responderam na conta pessoal de Satya quando ele compartilhou seus desafios em lidar com a severa paralisia cerebral de seu filho, o que gerou grande empatia entre ele e a população. Posteriormente, ele escreveu sobre a importância da empatia para o processo de inovação dentro da Microsoft.

E quando regras regulatórias internas restringem um líder de falar livremente? Para lidar com regras e resistências internas, deve haver um entendimento claro entre os “porta-vozes” da mídia social da empresa e a sua equipe jurídica e de compliance sobre o que pode e o que não pode ser compartilhado. Mídia social não deve ser para colocar resultados financeiros, por exemplo, e sim usar esta oportunidade para mostrar o lado humano de um organização e dar a ela uma “personalidade”.

Mesmo em setores discretos, o engajamento de um CEO através da mídia social tem ajudado no aumento das receitas. Em recente pesquisa sobre o setor financeiro da Austrália, foi verificado que as organizações que adotavam mídia social eram 51% mais propensas a atingir suas metas e que os “vendedores sociais” performaram 78% melhor que seu pares que não usavam mídias sociais.

Podemos até pensar que estes exemplos seriam recorrentes no mundo dos negócios mas apesar dos benefícios aparentes do uso correto da mídia social, supreendentemente, muitos CEOS das empresas listadas na Fortune 500 não utilizam a mídia social de maneira adequada.

Então, quais as características de uma empresa engajada? De acordo com um relatório da Forbes sobre as 50 empresas mais socialmente engajadas, grandes organizações como Amazon, Google e Starbucks estão dando exemplos de qual caminho tomar em relação ao engajamento social – isto tem contribuído para que alcancem uma taxa de crescimento anual entre 11% e 27%. A Forbes verificou também que 93% dos executivos da lista das empresas analisadas entendiam a importância do engajamento social e 88% delas estavam entre as líderes em termos de experiência do cliente, tendo criado no grupo, pelo menos uma posição executiva responsável por engajamento com clientes no último ano.

No mesmo tema, colaboradores que não estão engajados podem ser extremamente prejudiciais em suas entregas – resultando em altas taxas de absenteísmo, falta de lealdade com a marca e perda de produtividade. O relatório indica, por exemplo, que na Alemanha, 84% dos trabalhadores não estão engajados com suas atividades profissionais gerando um absenteísmo 67% mais alto que a média das empresas com funcionários engajados.

O engajamento é mais eficiente quando começa na liderança. Uma pesquisa da Hootsuite sugere que mais de 40% do uso da mídia social corporativa pelos colaboradores podem ser atribuídos por influência das atividades dos executivos.

Tendo encontrado a maneira certa de avançar, CEOs mais atentos vão investir em treinamentos de argumentação social de modo que seus colaboradores possam se juntar às conversas em mídia sociais de maneira apropriada. Vão fornecer regras claras e orientações para todos de modo a manter sua força de trabalho alinhada com as mensagens que vão apoiar os objetivos das empresas que lideram. Muito difícil crescer a presença na mídia social sem estar com todos os níveis ativamente envolvidos no processo.

Para nós da Page Executive, desenvolver uma plataforma bem sucedida de engajamento social significa também ajudar os colaboradores a compartilhar conteúdo de qualidade com facilidade. Em 2017 fomos reconhecidos pelo LinkedIn como a empresa de recrutamento mais engajada na plataforma social.

Com o Facebook anunciando que vão tomar uma postura mais rígida sobre os conteúdos das marcas porém permitindo mais compartilhamento de mídias sociais corporativas, compartilhar práticas e processos saudáveis de mídia social nas organizações poderá ser a chave para atrair mais visualizações ou “likes”. Vocês estão preparados para isto?

CONCLUSÕES:
• Atualmente construir uma marca requer uma conexão emocional com colaboradores e clientes;
• Se usada adequadamente, a mídia social é uma ferramenta vital para encorajar engajamento;
• Uma boa estratégia de mídia social corporativa vai ajudar os colaboradores a apoiarem os objetivos da empresa;
• As preocupações legítimas com assuntos legais e de compliance devem ser levadas em consideração.

Atualmente liderando a área de serviços financeiros e seguros na Page Executive (PageGroup), compartilharei mensalmente com o blog dicas sobre tendências, carreira, CVs, entrevistas e outros assuntos relacionados a recrutamento e seleção, voltados para empresas e profissionais de seguros.

Até breve!

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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