Agronegócios atrai a atenção do IRB, que prevê crescimento mínimo de 10% em 2019

Miguel Fonseca de Almeida, responsável por resseguro no segmento de agricultura do IRB Brasil RE, acredita que as vendas de seguro rural devem crescer, no mínimo, 10% em 2019. Veja abaixo a entrevista:

Quais as tendências de crescimento do seguro rural no Brasil?

Temos visto o grupo de ramos rural crescendo nos últimos anos em dois dígitos, de forma recorrente, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Para 2018, estimamos que o mercado primário produzirá algo em torno de R$ 4,9 bilhões, o que representaria um crescimento de 16% sobre o ano de 2017. Já para 2019 esperamos um crescimento mínimo de 10%. É importante ressaltar, todavia, que o potencial de crescimento ainda é muito grande, considerando a baixa penetração do seguro agrícola.

O Brasil difere muito de outros países?

Outros mercados mais maduros em termos de seguro rural possuem uma taxa de penetração muito superior à brasileira, algo superior à 40% da área plantada, podendo chegar até 80%. Invariavelmente estes mercados possuem muito mais história de vida com erros e acertos, dados consistentes, produtos mais sofisticados, coberturas diferenciadas e etc, como o mercado americano onde o Congresso autorizou o Seguro na década de 30. No caso Brasileiro, apenas nos anos 2000 o seguro agrícola começou sua trajetória de crescimento até os níveis atuais.

Quais iniciativas têm dado certo no exterior?

A transformação de uma agricultura analógica para uma agricultura digital é uma questão de tempo e, diria também, de sobrevivência no Brasil e no Mundo. No lado do setor produtivo há cada vez mais empresas oferecendo os mais diferenciados produtos e serviços, visando sempre ganhos de escala, melhoras na produtividade e sem agredir o meio ambiente, como no caso da agricultura de precisão. Para o lado do mercado privado de seguros e resseguros, a subscrição digital e o uso de aplicativos em smartphone na regulação de sinistros é a principal iniciativa para dar mais agilidade aos processos de aceitação dos riscos e de indenização em caso de perdas cobertas pelo seguro. Essa mudança para uma Agricultura Digital no mercado privado de seguros e resseguros é que fará com que todos mudemos de patamar em produtos e serviços, atendendo ainda mais nossos clientes finais. Como consequências imediatas desta transformação, destacamos a coletas precisa de informações do campo, a redução de erros operacionais, a minimização da interferência humana e dos riscos de fraudes), a criação de bancos de dados cada vez mais complexos e, por consequência, produtos e serviços cada vez mais sofisticados. No Brasil este movimento também está acontecendo, e o IRB Brasil RE tem tido um papel importante neste processo disruptivo como agente fomentador e incentivador de transformação, citando o app de sinistros e produtos paramétricos para o setor.

Quais tendências devem ser trazidas do exterior para o Brasil?

É um movimento esperado de qualquer mercado de seguros agrícola ter os produtos ofertados se desenvolvendo, aperfeiçoando ao longo do tempo. Em alguns mercados mais maduros essa evolução já aconteceu e os produtos de seguro que protegem o produtor contra perdas de produtividade por eventos climáticos mais a variação de preço de uma determinada commodity, ou seja, o faturamento do estabelecimento, são largamente utilizados. No Brasil, lançado com o apoio exclusivo do IRB Brasil RE, este produto já é oferecido há 6 safras, mas a tendência é que ele atinja a sua representatividade esperada em poucos anos. Vemos como uma realidade muito próxima porque está cada vez mais claro para as partes envolvidas (setor privado de seguro e resseguro, setor produtivo, setor financeiro e setor público) que a transferência de risco via contrato de seguro é significativamente mais barato que, por exemplo, o custo de renegociações de dívidas do agronegócio após a quebra de safra em determinada(s) região(ões) por conta do clima e/ou por problemas de fluxo de caixa do setor produtivo em decorrência de mercado (queda de preço da commodity). Os produtos do tipo paramétrico (ou de índices), também já são é uma realidade no exterior e uma tendência no mercado brasileiro. O IRB vê com entusiasmo e tem trabalhado para oferecer ao mercado produtos.

Quais tecnologias devem ser desenvolvidas aqui dentro, como o uso de drones, por exemplo.

O uso de drones no Seguro Agrícola ainda não aconteceu. Na agricultura de precisão já vemos acontecer esse movimento, mas para nosso mercado o uso desta tecnologia no campo ainda precisa ganhar escala e ter empresas com know-how específico para não encarecer os custos da operação e podermos, de fato, tirar o máximo proveito deste equipamentos de ponta. No entanto, o IRB avalia constantemente novas possibilidades e acredita na inovação como diferencial competitivo. Caso surja uma demanda com essas características ou uma maior oferta de serviços, a empresa está preparada para de adaptar.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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