Henrique Brandão, presidente do Sindicato dos Corretores do Rio de Janeiro (Sincor-RJ), com 4,6 mil associados, falou sobre inovação com o blog Sonho Seguro. “A tecnologia é ótima e pode ser usada como aliada do corretor de seguros. Mas, nunca irá substituir a relação afetiva, o olho no olho”, afirma.
Como o senhor vê a revolução que as insurtechs tem causado no mundo dos corretores?
Não vejo “revolução”, embora reconheça que haja uma mudança de patamar e de alguns paradigmas. A tecnologia é muito importante. Como presidente do Sindicato, vejo alguma preocupação nas conversas com profissionais mais antigos e de menor porte, que não tem recursos para forte investimento em novas tecnologias. A categoria, em geral, ainda busca compreender quais os rumos que precisa seguir com os avanços tecnológicos. Invariavelmente, respondo que a tecnologia é ótima e pode ser usada como aliada do corretor de seguros.
O senhor acredita que a negociação “olho no olho” vai prevalecer?
A máquina nunca irá substituir a relação afetiva, o olho no olho. Máquina alguma tem condições de perceber o que o cliente de fato precisa para proteger o seu patrimônio, a família e os seus negócios. O corretor não pode ficar distante do cliente. O bom profissional não pode simplesmente apostar em um relacionamento frio pelas redes sociais e aplicativos. A tecnologia não é a mãe de todas as respostas.
Como o senhor acha que os corretores têm de se preparar para essa mudança que o consumidor exige num cenários que todos se acostumam a fazer as transações bancárias no celular, a pedir um Uber pelo aplicativo, ver filmes a hora que bem puder e consultar preços de hotéis em um portal de comparação de preço. O senhor concorda que esse novo estilo afeta a forma de comprar seguro também?
Afeta, claro. Há um novo comportamento trazido pelos consumidores mais jovens, que priorizam as ferramentas tecnológicas nos seus relacionamentos pessoais, profissionais e nas compras. Então, em algum momento a tecnologia deverá ser usada nessa relação entre cliente e corretor. Entendo que esses mesmos consumidores não têm como abrir mão de um bom atendimento pessoal, que respeite e atenda suas peculiaridades. Como eu consumo dizer, esses jovens são modernos, mas não são máquinas. O fator humano sempre prevalecerá seja qual for a idade do consumidor ou sua faixa etária e perfil sócio econômico.