Semana mais curta, porém intensa e decisiva para a Reforma da Previdência. Às vésperas da eleição da reforma da Previdência, que será votada na comissão da Câmara na quarta (texto principal) e na quinta-feira (com as mudanças dos parlamentares), o governo avisou que não irá tolerar traições, referindo-se aos que votaram contra a reforma Trabalhista. Alguns dos que votaram contra foram afastados do governo, com desonerações de apadrinhados políticos publicadas hoje no Diário Oficial. A expectativa da votação da Reforma da Previdência na comissão especial é boa por parte do governo. Ontem Temer se reuniu com parlamentares para acertar alguns pontos.
A Folha trouxe no último domingo pesquisa do Datalhafolha. Só 38% dos entrevistados na pesquisa do Datafolha dizem aplicar em poupança e outros investimentos, e só 10% têm planos de previdência privada – tipo de investimento de longo prazo que costuma ser usado para o momento da aposentadoria. Os porcentuais se elevam com a escolaridade e o nível de renda do entrevistado. Possuem plano de previdência privada 22% dos que terminaram a faculdade, contra 5% dos que só concluíram o ensino fundamental. A taxa é de 27% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos e de 4% abaixo dos 2 salários mínimos.
Em todos os casos, a minoria poupa. Apenas entre os profissionais liberais a previdência privada alcança mais da metade dos entrevistados. A situação melhora para investimentos em geral. A maioria dos mais escolarizados e dos mais ricos faz poupança, e o índice chega a 72% dos profissionais liberais, 56% dos empresários e 53% dos estagiários e aprendizes.
Em parte, informa a Folha, o baixo índice de poupança pode estar relacionado às regras mais benevolentes do sistema previdenciário brasileiro, de acordo com estudos internacionais. Países em que o valor dos benefícios na aposentadoria é menor do que a renda do trabalhador da ativa apresentam índices maiores de poupança. São exemplos Canadá, com taxa de reposição de 43%, Estados Unidos e Coreia do Sul, ambos com 45%, segundo a OCDE.
A taxa de reposição no Brasil é de 74% para quem ganha o salário médio do país, diz a OCDE. Para quem recebe o mínimo, porém, o benefício equivale a 100% da renda. Trabalho dos economistas Ricardo Brito e Paulo Minari, do Insper, sugere que a taxa é ainda maior no Brasil, por causa do FGTS. Somados, os recursos “são mais que suficientes para manutenção do consumo; inclusive com folga financeira para aumentar o padrão de vida, doar aos familiares mais jovens, antecipar a aposentadoria, ou mesmo assimilar um corte significativo dos benefícios”, escrevem.