O Valor Econômico publica hoje um Suplemento Especial sobre o mercado de seguros. As matérias traçam um cenário dos principais segmentos desta indústria que administra recursos de mais de R$ 800 bilhões, sendo previdência e saúde os principais nichos de negócios.
O especial está encartado no jornal de hoje e pode ser lido também no link
http://www.valor.com.br/especiais/suplemento?tid=5319&date=20170321
Mercado – A recuperação da economia após dois anos consecutivos de retração, o cenário de inflação em queda e a tendência de maior afrouxamento monetário balizam as projeções da CNseg de um avanço nominal entre 9% e 11% na arrecadação de segmento em 2017. Além da tímida expansão do PIB este ano – de 0,48%, conforme a mediana das expectativas dos economistas que compõem a pesquisa Focus, do Banco Central -, a aposta é que um reflexo dessa melhora na recuperação da trinca renda, emprego e crédito, parte primordial da engrenagem que sustentou os crescimentos “chineses” dessa indústria até 2013, ainda levará um tempo para se materializar. “Embora haja indicadores positivos, a recuperação será muito lenta, com os primeiros sinais surgindo no segundo semestre e os efeitos mais produtivos apenas em 2018”, diz o presidente da CNseg, Marcio Coriolano.
Saúde – Sob análise da Agência Nacional de Saúde (ANS), a proposta de criação dos chamados planos de saúde acessíveis tem gerado muita polêmica. Para representantes das empresas ele é visto como necessário para baratear custos e recompor a base de clientes, prejudicada pela perda, desde 2014, de mais de 2,5 milhões de usuários que possuíam planos corporativos e ficaram sem emprego. Para entidades como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), porém, a ideia é um retrocesso que retira direitos dos consumidores conquistados desde 1998 com a lei 9656, que regula planos e seguros privados. a presidente da Federação Nacional de Saúde Complementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro Mendes, acredita que a coparticipação fará com que o beneficiário “participe mais ativamente das decisões que envolvem a sua própria saúde”. “Ao ter que arcar com parte do custo, o paciente vai questionar o médico se o procedimento é realmente necessário . O paciente nunca irá substituir o médico, lógico. Mas muitas vezes ele não está preocupado em ter utilização mais consciente porque não é ele quem paga”, diz Solange.
Previdência – Alvo de protestos e de greves no último dia 15, a proposta de reforma da previdência aumentou a preocupação dos brasileiros com a aposentaria. Mas a PEC não é considerada fator determinante para o aumento de contratações dos plano privados e e nem tem estimulado a criação de novos produtos para o público com menor renda.
Vida – As seguradoras ampliaram o leque de produtos ligados à modalidade vida. Elas têm trabalhado para ofertar apólices com mais opções de investimentos e aguardam ainda a regulamentação do VGBL Saúde e do Vida Universal, um produto de vida com acumulação de recursos com potencial estimado em 125 milhões de beneficiários, segundo Edson Franco, presidente da Fenaprevi.
Millennials – A porta de entrada dos “millennials” para a contratação de um seguro de vida se dá por dois caminhos: por iniciativa própria, na maior parte das vezes motivado por um acontecimento marcante, ou por estar incluído no pacote de benefícios do empregador, o que é mais comum.
Insurtech – A tecnologia começa a chacoalhar, ainda que de maneira tímida, o setor de seguros. Parte desse movimento tem sido capitaneada pelas chamadas insurtechs, empresas que se valem de recursos tecnológicos para ofertar seguro de maneira inovadora.
Startups – O especial do Valor também destaca as novatas que usam tecnologia para inovar a forma de ofertar seguro têm despertado interesse de grandes investidores e fundos de venture capital. Desde 2011, mais de US$ 4,9 bilhões foram investidos em 196 insurtechs nos EUA, segundo a CB Insights e a Accenture Analytics. Conforme dados, 56% dos investimentos foram destinados a projetos no mercado de distribuição de seguros.
Digitalização – No ramo financeiro e também de seguros, o uso da tecnologia sempre foi intensivo. De uns anos para cá, no entanto, com o avanço da internet, da mobilidade e da computação em nuvem, a digitalização dos processos cresceu.
Auto – A queda de 20,1% nas vendas de veículos novos em 2016 representou não apenas o quarto ano consecutivo de retração, mas significou o patamar mais baixo de emplacamentos desde 2006. Por tabela, atingiu em cheio a carteira de seguro de automóveis.
D&O – Alívio. Esse é o sentimento dos principais executivos que atuam com o seguro de responsabilidade civil de executivos, conhecido como Directors & Officers (D&O).
Grandes riscos – A expectativa de uma retomada consistente do cronograma das grandes obras públicas de infraestrutura foi reforçada no início de março, quando o governo Temer anunciou um pacote de R$ 45 bilhões no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que incluem projetos nas áreas de energia, transporte e saneamento.
Rural – O seguro rural apresentou crescimento nominal de 11,3% em 2016, com vendas de R$ 3,6 bilhões. O ritmo foi menor do que em anos anteriores, mas foi comemorado por ter avançado diante da crise que derrubou outros nichos de negócios importantes, como o seguro de carro( que caiu 3,2%).
Crédito – Se para o mercado de seguros a percepção de riscos é o combustível que pode levar à adoção de medidas de proteção, para a área de crédito, são as crises econômicas que, em geral, tornam o produto mais conhecido e procurado.
Atletas – A Olimpíada de 2016 aqueceu o mercado de seguros para esportes que, no entanto, continua incipiente no Brasil. Marcelo Blanquier, diretor da corretora e consultora de riscos internacional JLT, explica que este mercado era praticamente inexistente até pouco tempo atrás, devido ao monopólio do resseguro, que durou 70 anos.
Risco cibernético – O roubo de dados de clientes da corretora XP Investimentos acendeu o alerta no mercado brasileiro. Quem não pensava em proteção de informações passou a discutir o assunto e a buscar alternativas para aumentar a segurança de seus bancos de dados e sistemas de informática.
Transporte – O mercado de seguro transporte passa por um período desafiador. Com notícias de assaltos frequentes, os clientes investem no gerenciamento de risco para conseguir contratar um seguro com taxas não proibitivas.
Resseguro – Passados dez anos da promulgação da abertura mercado brasileiro de resseguros, o resultado é comemorado por todos. Mesmo que faltem alguns ajustes nas regras, o Brasil já é considerado um mercado maduro e global. Saímos de um ressegurador autorizado a vender resseguro, em 2007, para 123, dez anos depois. Dos 40 maiores grupos resseguradores mundiais, 38 operam regularmente no Brasil e ofertam capacidade e produtos aos clientes brasileiros, diz Paulo Pereira, presidente da Fenaber. O IRB é o grande destaque da materia pelo lucro e expectativa de IPO.
Resseguro Tributação – A principal pauta de discussão dos resseguradores neste início de ano é a tributação. “Temos de ser competitivos com outros mercados para dar condições de os resseguradores aqui instalados poderem subscrever riscos da América latina no Brasil, o que fará do pais o pólo de resseguros da região, afirma Paulo Pereira, da Fenaber.
Compliance – Pelas estatísticas oficiais do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), nos últimos sete anos, 103 operações do mercado segurador foram configuradas como casos de lavagem de dinheiro. O dado surge da filtragem de mais de 1,4 milhão de comunicações relevantes, feitas por 729 informantes (corretoras e seguradoras) à Susep e encaminhadas ao Coaf entre 2010 e 2017.