Empresas de telefonia passam a ser concorrentes de seguradoras de carro

Fonte: Bloomberg

A unidade O2 da Telefónica — uma das primeiras operadoras de telefonia celular do Reino Unido a oferecer seguro automotivo — expandiu sua linha de produtos em fevereiro para incluir caixas telemáticas, que monitoram os hábitos de direção das pessoas e podem levar a prêmios mais baratos para os mais jovens. Isso está gerando a especulação de que uma onda de empresas de tecnologia financeira entrará no mercado e revolucionará a interação das seguradoras com os clientes.

As empresas de telefonia celular e de internet poderiam, por exemplo, utilizar a enorme quantidade de dados que possuem de seus clientes para vender seguro automotivo a eles, evitando corretoras tradicionais e websites de comparação de preços. A entrada do Google, pertencente à Alphabet, no negócio de comparações de preços, no ano passado, fracassou, mas analistas dizem que o gigante da web poderia fazer uma nova tentativa no segmento.

“Não há dúvida de que o Google descobrirá uma forma de retornar”, disse Christopher Ling, líder regional de prática de seguros da Capgemini para o Reino Unido e a Europa em Londres. “A O2 atualmente está estudando as possibilidades. Entre outras ideias está também a de usar os dados dos celulares para monitoramento doméstico e de saúde e ter o seguro associado a isso.”

O Google não respondeu aos pedidos de comentário.

O setor de seguros teme há tempos a chegada de empresas como Google, Amazon.com e Facebook, que têm uma relação mais próxima com os clientes — e, acima de tudo, dados melhores sobre eles. A possível revolução do mercado está aumentando a pressão sobre provedoras que já têm investimentos prejudicados pela baixa recorde dos juros.

As seguradoras estão reagindo ao desafio. O CEO da Allianz, Oliver Bäte, prometeu tornar a maior seguradora da Europa “digital por padrão” para ajudar a aumentar a produtividade e reter clientes. Thomas Buberl, CEO da Axa, disse a investidores no ano passado que “agora que estão acostumados a comprar coisas na Amazon para interagir com o Google e o Facebook, os clientes estão exigindo o mesmo de nós e, como vocês podem imaginar, comprar uma apólice de seguro na Axa não é exatamente como comprar um livro na Amazon.”

A O2 entrou em um “mercado que sem dúvida é bastante competitivo”, disse Mark Evans, CEO da unidade britânica da Telefónica. A empresa planeja usar a tecnologia “para identificar o comportamento do motorista e, portanto, incentivar pacotes muito atraentes para aqueles que dirigem com responsabilidade.” A Telefónica também fornece seguro automotivo na Espanha e oferece produtos no Reino Unido desde 2015.

As empresas de tecnologia financeira já são uma parte crescente, embora limitada, do mercado global: 173 startups focadas em seguros receberam financiamento no ano passado, contra 122 em 2015, segundo a empresa de pesquisa de capital de risco CB Insights.

“A monetização dos dados dos celulares é uma proposta incrivelmente animadora”, disse Ling, da Capgemini. “Outras pessoas começarão a perceber o potencial disso, da mesma forma que o Google percebeu o potencial de monetização do tráfego na internet.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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