Com o apoio da seguradora Zurich e da corretora Marsh, o Fórum Econômico Mundial elaborou o tradicional relatório Global de Riscos, sempre divulgado dias antes do encontro anual de Davos, na Suíca. Neste ano, a décima segunda edição do estudo destaca os cinco principais fatores que estão determinando o cenário de riscos global. A crescente desigualdade e estagnação do crescimento da economia; as mudanças climáticas; a polarização crescente da sociedade; o aumento da dependência cibernética; e o envelhecimento da população.
Entre as consequências dos riscos destacados, o estudo cita o desemprego e subemprego, a profunda instabilidade social, a migração involuntária em larga escala, o colapso ou crise do Estado, a falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, as crises de água e a falha da governança nacional, criando a insegurança social e o conflito interestadual com consequências regionais.
A 12ª edição do Relatório Global de Riscos é publicada em um momento em que tendências sociais e econômicas profundamente enraizadas se manifestam de forma cada vez mais disruptiva em todo o mundo. A persistente desigualdade, particularmente no contexto de fraqueza econômica global comparativa, pode comprometer a legitimidade do capitalismo de mercado. Ao mesmo tempo, o aprofundamento da polarização social e cultural pode comprometer os processos nacionais de tomada de decisões e obstruir a colaboração global vital, conclui o relatório.
A tecnologia continua a oferecer a esperança de soluções para muitos dos problemas que o mundo enfrenta. Mas o ritmo da mudança tecnológica também tem efeitos perturbadores: eles vão desde a interrupção dos mercados de trabalho, passando pela automação, até exacerbando as divisões políticas, incentivando a criação de comunidades rígidas de cidadãos com idéias semelhantes. “Precisamos melhorar a gestão da mudança tecnológica e precisamos fazê-lo rapidamente.
Acima de tudo, temos de redobrar os nossos esforços para proteger e reforçar os nossos sistemas de colaboração global. Em nenhum lugar isso é mais urgente do que em relação ao meio ambiente, onde avanços importantes foram feitos no ano passado, mas onde muito mais ainda está por fazer. Este é um momento febril para o mundo. Enfrentamos riscos importantes, mas também oportunidades para fazer um balanço e trabalhar juntos para encontrar novas soluções para os nossos problemas comuns. Mais do que nunca, este é um momento para todas as partes interessadas reconhecerem o papel que podem desempenhar exercendo uma liderança responsável e responsiva em riscos globais”, finalizam os autores.
“Vivemos tempos agitados em que o progresso tecnológico também cria desafios”, disse Cecilia Reyes, CRO da Zurich, durante a apresentação do relatório, em Londres. “Os governos já não podem fornecer níveis históricos de proteção social, e uma narrativa contrária ao establishment ganhou força, com novos líderes políticos culpando a globalização pelos desafios das sociedades, criando um círculo vicioso em que baixo crescimento econômico apenas amplifica a desigualdade.”