O empresário André Gregori, que já tem em sua foto de perfil no Whatapp a nova bandeira do governo Michel Temer, é um dos cotados para assumir a Superintendência de Seguros Privados (Susep), em substituição a Roberto Westenberger. Também corre nos bastidores o nome de Osvaldo do Nascimento, ex-Itaú e ex-presiente da Federação Nacional Previdência Privada (Fenaprevi). Westenberger segue sua rotina de trabalho, sem se abalar com os comentários de bastidores.
O blog Sonho Seguro teve acesso apenas a proposta apresentada pelo ex-presidente do braço de seguros e de resseguros do BTG Pactual. Segundo fontes do setor, a agenda proposta é considerada inovadora por ter metas que vão muito além do seguro popular de carro, microsseguros, VGBL Saúde, que depois anos começam a se transformar em realidade. No entanto, os tópicos constam também da gestão de Westenberger, que está no cargo desde 2014, e tenta modernizar a regulação mesmo com a falta de recursos ou de apoio do governo até então.
A expectativa é que se mantenha um profissional técnico no comando da autarquia, que sempre sofreu com a disputa de políticos, especialmente do PTB, para indicar seus pupilos, segundo comentários recorrentes entre os executivos do setor. Em 2014, quando Roberto Westenberger assumiu, a comemoração era de que o PTB perdia a presidência da Susep, com a demissão de Luciano Portal, e o setor vencia com a indicação de um técnico para comandar as mudanças urgentes no arcabouço regulatório do setor e que permitam o avanço dos atuais 4% do PIB para algo próximo de 10% no médio e longo prazos.
Em recente entrevista à Agência Estado sobre a mudança no governo, com o afastamento de Dilma Rousseff e com o vice Michel Temer assumindo interinamente o comando do país, Márcio Coriolano, presidente da CNseg, destacou a necessidade de um olhar atento para as autarquias, que têm de contar com quadros técnicos, referindo-se à Susep e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Tanto Westenberger como Gregori têm experiência no mercado segurador. Como em política tudo é definido só na hora do anuncio, e mesmo assim pode mudar em seguida, vamos aguardar. Vale ressaltar que Henrique Meirelles, novo ministro da Fazenda, fez coletiva hoje pela manhã para anunciar nomes da equipe econômica, como Ilan Goldfajn, que estava como economista-chefe do banco Itaú, como o novo presidente do Banco Central, entre outros. A frase mais dita por Meirelles é “vamos devagar pois estou com pressa”, o que significa que analisará muito antes para não ter de voltar atrás. Os nomes que ele não anunciar é porque os técnicos ou executivos foram mantidos no cargo.
O primeiro ponto da proposta de Gregori sugere mudanças na agenda regulatória, tornando-a mais flexível no que diz respeito a produtos, assumindo o compromisso de regular mais por capital e liquidez, deixando dessa forma o mercado segurador crescer e evoluir, a exemplo dos mercados americano e londrino. De acordo com a proposta, com inovações que se fazem necessária para transformá-la em realidade, o setor que fatura anualmente mais de R$ 400 bilhões e administra reservas técnicas superiores a R$ 800 bilhões, pode ter vantagens se desenvolver produtos financeiros para apoiar projetos e investimentos do “mundo real” via estruturas adequadas e transparentes de mercado de capitais, a exemplo do modelo adotado pelo megainvestidor Warren Buffett, que entre suas controladas tem um dos maiores grupos segurador e ressegurador dos Estados Unidos.
O segundo ponto da agenda também é dedicado a atender a demanda de produtos de garantia para apoiar os projetos de infraestrutura, concessões e de mercado de capitais que devem entrar em uma agenda positiva no governo Temer. Gregori defende que é preciso permitir que haja a transferência de risco também ao mercado de capitais e não só às atividades securitárias, pois dessa forma, argumenta, aumentaria o volume de vendas de proteção e os limites de capacidade de seguro e resseguro, bem como a segurança e a transparência nos instrumentos de captação de recursos.
A tecnologia também está no resumo da agenda proposta por Gregori. Segundo a proposta, o setor de seguros ainda é um mercado bastante antiquado e caro no que diz respeito a produtos e inovação. Ele, que estuda modelos mais eficientes de se fazer negócio em seguro e resseguro há mais de quatro anos, afirma que existem vários modelos estrangeiros que com certeza trariam maior controle a esse mercado, através principalmente do uso da tecnologia.
Os corretores também fazem parte da agenda. Na proposta, ele afirma que hoje os pequenos corretores estão órfãos, por ser essa uma indústria de grande concentração na área de distribuição. Através da tecnologia, segundo ele, isso poderia ser mais facilmente acessado por esses canais e dessa forma o mercado seria ampliado e consequentemente mais pessoas se utilizariam do seguro. Hoje o profissional de seguros não conta com modelo de certificação qualificado, como o modelo CPA para mercado financeiro e outros. Para ele, implementar o CPA ajudaria o profissional a ter mais credibilidade e novas frentes de trabalho qualificado, por ser um selo de qualificação exigida em outros mercados internacionais.
E, por fim, ele sugere uma agenda de comunicação. Ele argumenta que falta ao mercado securitário um trabalho de “Relações Públicas” eficiente no que diz respeito ao papel da indústria no Brasil, que está entre os maiores investidores institucionais do país e não é vista como um segmento com alto potencial de geração de receita, a exemplo do que é fora do país.
Após sair do BTG Pactual, meses antes de o controlador do grupo, André Esteves, ser preso, Gregori saiu pelo mundo para entender mais o que poderia agregar valor ao mercado segurador brasileiro. Passou por Londres, África do Sul, Coreia, Estados Unidos e Itália. Começou a esboçar projetos que trazem inovação ao mercado segurador. Anunciou em março a criação da Thinkseg, uma seguradora dedicada exclusivamente à comercialização de seguros online.