Ciclovia Tim Maia, afinal onde está o erro?

tim maiaPor Gustavo Mello, especialista em gerenciamento de risco

Muito se fala sobre os erros que levaram ao acidente da ciclovia. A prefeitura cria fatos e discursos que confundem a todos. Afinal onde está o erro? Como não repetirmos as falhas em obras públicas?

Seguem então algumas definições para ajudar os jornalistas em suas matérias

PROJETO ARQUITETÔNICO: Trata da estética, da harmonia com a paisagem, do conforto e beleza do que se constrói;

PROJETO DE ENGENHARIA CIVIL OU PROJETO ESTRUTURAL: Trata dos cálculos de peso, volume, materiais usados, distâncias, etc. Determinando pilares, vigas, paredes, fundações, amarrações (ancoragem), etc. de uma construção.

PROJETO: definição ampla conforme o PMI (Project Management Institute) apresenta uma metodologia para qualquer projeto (inclusive de obras) que tem entre seus pilares a eficiência de custos, o respeito aos prazos, o Gerenciamento de Riscos, entre outros.

PROJETO (PMI) É MAIOR E MAIS AMPLO QUE UM PROJETO DE ENGENHARIA.

Como avançar e evitar os erros do passado?

Uma licitação de obras públicas precisa iniciar na compra de um projeto PMI (robusto, amplo e detalhado, incluindo a análise de riscos) para a obra desejada. Num segundo momento se faz a licitação (pelo menor preço) para a execução do projeto.

Qual foi o erro de topo (primeiro dominó da sucessão de falhas)?

Ao licitar projeto e execução todos juntos, após um projeto básico e resumido, teremos mais do mesmo: Ciclovia Tim Maia, Engenhão, entre outras obras mal terminadas ou de duração curta e qualidade duvidosa. Quem não sabe comprar direito, recebe qualquer coisa. Se licitar uma obra pelo menor preço sem definir os parâmetros mínimos e a qualidade desejada (definida em projeto), receberá uma ciclovia que desaba e mata!!!!

Falar em erro de projeto sem caracterizar o que é esse erro, não ajuda para evitarmos que se repita.
Não pensar na onda não foi um erro de projeto de engenharia. Errou quem licitou (pelo menor preço) sem exigir um projeto robusto (PMI). Pois a licitação inicial não pediu um projeto PMI para a ciclovia, mas pediu apenas uma ciclovia. Está, portanto, tudo errado desde a origem. Punir a construtora atual não resolve, e juridicamente – em alguns anos após o assunto cair no esquecimento, pois ela provará que atendeu o que a Prefeitura lhe pediu e pagou. Se a construtora colocasse uma obra robusta perderia a concorrência (menor preço) para outra empresa que não tivesse a mesma preocupação.

Não defendo a construtora, mas quero evitar que a prefeitura se isente ao apontar o dedo para o empresário.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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