Rogério Vergara deixa a BB e Mapfre e parte para novos desafios

Vergara: Há muita coisa para fazer em crédito e garantia
Vergara: Há muita coisa para fazer em crédito e garantia

Depois de 15 anos dedicados ao grupo espanhol Mapfre, um dos protagonistas do desenvolvimento dos seguros de garantia e de crédito no Brasil, Rogério Vergara, decidiu partir para novos desafios. “Algo novo”, diz ele ao blog Sonho Seguro. “Estou conversando com muitos amigos, de várias seguradoras, bem como da Escola Nacional de Seguros e das associações e federações. Tenho em mente desenvolver projetos que façam a diferença para o desenvolvimento dos seguros de crédito e de garantia. Estou finalizando uma tese no momento e tenho no meu radar colocar a minha experiência a favor do crescimento de pessoas que farão este mercado algo grande no futuro”, diz ele com disposição contagiante.

A conversa para encerrar o ciclo na Mapfre começou em novembro e foi finalizada em fevereiro. Ainda está com a cabeça nos afazeres que deixou aos cuidados da equipe. “Tenho dificuldade de me desligar, mas pretendo fazer isso em breve para descansar por um pouco antes de ficar novamente comprometido com um novo desafio”, comentou. Vergara é especialista em dois segmentos da indústria de seguros que enfrentam desafios significativos. Exatamente por isso tem em seu currículo centenas de palestras em seminários, congressos, bem como participação ativa nas discussões de pautas do mercado segurador com governos, clientes e órgãos reguladores dos setores envolvidos com os produtos.

Mapfre e Euler Hermes, controlada pela Allianz, criaram a Solunion, uma joint venture com atuação seguro de crédito e garantia presente na Espanha, México, Colômbia, Chile e Argentina. O Brasil ficou isolado neste acordo de 2012, o que não faz muito sentido aos olhos dos especialistas. Ambos seguros enfrentam um momento desafiador no Brasil.

“O seguro garantia, que envolve diferentes nichos como garantia financeiras de contratos, do setor público e do setor privado, vai passar por uma transformação. Hoje as vendas, que já foram lideradas pelo garantia financeira, estão muito concentradas em garantia judicial. A demanda por especialização em judicial é grande por ser um mercado com imenso potencial e ainda novo no Brasil”, explica Vergara. No ramo garantia de contratos de obras, já em fase de discussão do mercado com governo e órgão regulador para novas regras, como poder ser ofertado para 100% da obra, o executivo aposta no crescimento no médio prazo.

Atualmente, o seguro garantia de obras é um segmento em crise tanto pela elevada quebra de contratos por pedidos de recuperação judicial de empresas, como também pelos efeitos da investigação Lava Jato, que afastou do mercado as maiores compradoras deste seguro: as construtoras. Muitas das apólices de garantia são questionadas judicialmente. As que envolviam a Petrobrás, por exemplo, na maioria não puderam ser acionadas pois os contratos em questão não foram cumpridos exatamente por conta da suspensão de pagamentos da petrolífera (que era a segurada) aos tomadores, como empreiteiras, fornecedores, estaleiros entre outros. Como foi a falta de pagamento do segurado que gerou o a perda, isso não é considerado um sinistro, de acordo com boa parte dos seguradores envolvidos.

Há controvérsias discutidas dentro de renomados escritórios de advogados. No Brasil e no mundo, uma vez que as milionárias quantias envolvem um grande grupo de seguradoras e resseguradoras para a diluição do risco. “O governo brasileiro tem de fazer investimentos e logo que isso ocorrer o segmento será importante composição dos contratos de financiamentos dos projetos, assim como é em vários países do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, muitas obras contratam seguro garantia para 100% do valor da obra”, explica.

O seguro de crédito depende mais da volta da estabilidade da economia, com a inflação, por exemplo, controlada e na casa de um dígito. Atualmente o segmento enfrenta uma séria crise com a alta da inadimplência das empresas. Ou seja, quase metade das empresas brasileiras estão inadimplentes, o que causou um grande volume de pedidos de indenizações. “A balança precisa chegar a um equilíbrio e dai as empresas vão conseguir encontrar a equação adequada entre aceitação de risco e precificação”, acredita Vergara.

Todo esse cenário torna Vergara uma peça importante em projetos, tanto voltados para a educação, como o desenvolvimento de pessoas que possam transformar esses segmentos em negócios rentáveis, tanto voltados para negócios, implementando produtos e difundindo a cultura de garantia e crédito no Brasil.

Por enquanto, bom descanso!

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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