Índia quer se tornar um pólo de resseguro para a Ásia

indiaAssim como o Brasil vem tentando há anos se tornar o polo de resseguros da América Latina, a Índia pegou firme nas ações para a construção de um centro de resseguros no país para atender às exigências do mercado indiano e impulsionar o setor de seguros, de acordo com um alto funcionário da Insurance Regulatory Authority e Desenvolvimento da Índia (IRDAI), segundo informou o portal eDaily, em matéria de Jimmy Jonh.

A pergunta que não quer calar é se ela pega carona com o banco dos BRICs e acaba sendo um polo de resseguros para os emergentes se o Brasil continuar deixando esse projeto de lado, analisa o blog Sonho Seguro. Vale lembrar que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), a entidade financeira multinacional criada pelos cinco países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), começou a operar dia 21 de julho, em Xangai. A nova instituição, em princípio chamada de Banco de Desenvolvimento do Brics, foi concebida como uma alternativa desses países ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), “dominados pelos Estados Unidos”, explica o diretor do NBD, o indiano Kundapur Vaman Kamath. O banco terá sua sede central na China, em Xangai, um presidente indiano, um diretor brasileiro e a autoridade da entidade na Rússia, enquanto um escritório regional será estabelecido na África do Sul. O banco pretende financiar uma maior cooperação entre os cinco países, que somam 41,4% da população mundial e mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. E, ao contrário do Banco Mundial que determina os votos conforme a participação de capital de cada membro, o NBD permitirá um voto por país, sem previsão de vetos.

Discussões à parte sobre o Brasil, a notícia é que a Índia tem estudado o tema e se preparado para atrair o capital de resseguradores para o país e para a região. “Um hub de resseguros tem o potencial de atrair capital para o país”, disse Singh Randip Jagpal, diretor sênior da IRDAI, durante palestra no seminário NIA-FEIRA, em Pune, que tem como tema “A evolução do panorama de resseguros global”. Ele disse que há uma necessidade de criar um ambiente moderno e transparente para apoiar esta iniciativa. Um hub também requer uma adequada regulamentação, impostos e quadro jurídico sobre as linhas de um centro financeiro global, destacou.

Chandrasekaran, secretário-geral do Conselho Geral de Seguros, complementou a fala do colega e disse que o país tem a localização ideal no coração do sul da Ásia e a proximidade com a região do Oriente Médio, Sudeste da Ásia e os mercados chineses, a Índia pode assumir a papel de um hub de resseguros para a região”.

Segundo a reportagem do eDaily, um hub de resseguros pode ajudar o país a libertar todo o potencial do seguro como um catalisador para o crescimento econômico, permitindo que os empreendedores assumam riscos e, assim, a gerem inovação ao mercado local.

AK Roy, presidente da GIC Re, disse que “não é possível para uma empresa de resseguros atender sozinho todo o país”. Ele disse que, como o mercado de seguros se expande, ele vai precisar de mais apoio de resseguros. Atualmente, a estatal GIC Re é a única resseguradora do mercado de resseguro nacional. Muitas resseguradoras internacionais criaram escritórios de representação e estão dispostos a abrir filiais no país.

Sob a lei de seguro alterada em março, resseguradores estrangeiros podem agora criar sucursais na Índia. Segundo a IRDAI, novos regulamentos para o setor de resseguros devem ser divulgados em breve para apoiar a legislação, como aqueles que garantam uma fiscalização das companhias e dos contratos, como, por exemplo, garantir que os as provisões sejam investidas no país. “A entrada de resseguradoras globais podem apoiar ainda mais as atividades de subscrição das seguradoras indianas e também garantir que recursos dentro do país”, disse Roy.

Dominic Burke, presidente-executivo da corretora JLT, em entrevista ao The Economic Times em maio, disse que se a Índia quer se tornar um hub de resseguros, ela precisa liberar e abrir mais o seu mercado mais. “Se você quiser criar um hum,é necessário recursos financeiros com também capital intelectual, capacidades atuariais, corretores de resseguro, analistas, consultores, atuários e reguladores. Tem de criar cursos universitários para a formação desse pessoal. É preciso definir as políticas para não perder o ônibus”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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