Há muito espaço para crescer

Fonte: Revista Valor Financeiro – Seguros

Preço estimula adesão aos planos odontológicos, porque só 10% da população tem cobertura para tratamento dentário

Por Adriana Aguilar

O s planos odontológicos apresentam baixo tíquete de mensalidade e são desejados pela população, ainda pouco coberta pelo produto. Os dois fatores continuam impulsionando os planos odontológicos em 2015. Para este ano, empresas estimam crescimento de novos beneficiários dos planos odontológicos acima dos 10%.

“Os planos odontológicos têm custo mais baixo que os planos de saúde. Com isso, a previsão é de desempenho melhor do que o setor de saúde tradicional por ser um novo produto mais acessível”, afirma o dirctor-executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), José Cechin. “O plano odontológico tem uma história de apenas de 15 anos de formação. A tendência é esse plano crescer mais que o plano de saúde”, ressalta Cechin.

Além dos planos individuais, há um grande potencial de crescimento dos planos odontológicos em empresas micro, pequenas e médias. Esse tem sido o foco, principalmente, das empresas de medicina de grupo e de seguradoras no Brasil em função da baixa taxa de cobertura.

Em dezembro de 2014, o mercado de saúde suplementar alcançou 72,2 milhões de beneficiários, incluídos planos de saúde e planos dentários, uma expansão de 3,4% em comparação ao registrado em igual período de 2013. No ano passado, os planos de assistência médica tiveram uma expansão de 2,5%, enquanto os planos odontológicos registraram incremento de 5,6%, segundo dados da FenaSaúde.

O Brasil é o país latino-americano no qual as empresas oferecem mais benefícios aos funcionários. Já há algum tempo, profissionais das operadoras da área de planos de saúde e odontológicos notam que as micro, pequenas e médias empresas (PMEs) estão contratando planos como política de retenção dos colaboradores. Em um cenário de menor crescimento da economia, o plano odontológico é um benefício que tem custo final menor para o consumidor ou empresas.

Atualmente, o Brasil tem 28 milhões de trabalhadores em PMEs. Desse total, 21 milhões estão em empresas com mais de 250 empregados. Portanto, há um grande potencial em empresas com menos vidas. Há muitas microempresas com três e quatro funcionários em ramos bastante variados: pequenos comércios, escritórios, consultórios, cursos de informática, entre outros.

Em busca de uma carteira de clientes com maior estabilidade, em 2015, a Caixa Seguradora está concentrando a distribuição de planos odontológicos em PMEs, por meio das agências da Caixa espalhadas por todo Brasil. Hoje, a Caixa Seguradora tem uma rede credenciada com 7 mil dentistas e mais de 23 mil opções de atendimento (clínicas, hospitais, entre outros). São 620 mil beneficiários de planos odontológicos. Deste total, 60% são pessoas físicas e 40% são produtos para PMEs e corporativos.

Ao longo de 2015, a Caixa Seguradora quer inverter essa proporção para que o maior percentual dos planos (60%) fique concentrado nas PMEs e o restante, em pessoas físicas. “A carteira de PMEs tem maior perenidade.

São contratos de 24 meses, permitindo uma melhor margem dos contratos, apesar de o tíquete mensal ser menor, quando comparado ao dos planos voltados às pessoas físicas”, afirma o diretor-superintendente da unidade de odonto, Julio Cesar Felipe.

Para atrair o interesse das PMEs, a Caixa Seguradora reformulou os planos. Além da assistência odontológica, o seguro ainda oferece, ao participante do plano, assistência para residência, serviço de chaveiro e eletricidade. A perspectiva é de aumentar em 25% o número de beneficiários do plano odontológico, entre indivíduos e empresas. “Em 2015, estamos fazendo uma atuação maior nas agências do banco. No ano passado, o número de beneficiários aumentou 18%, entre pessoas físicas e jurídicas que contrataram o plano”, destaca Felipe.

Entre as operadoras do mercado, as mensalidades dos planos odontológicos no setor corporativo podem variar de RS 10 a RS 13, enquanto a mensalidade do plano odontológico para pessoa física varia de RS 29 a RS 39. Mais de 70% dos planos odontológicos contratados no Brasil são básicos, que cumprem 98% dos procedimentos obrigatórios listados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com um percentual menor de contratação, estão os planos odontológicos completos, que podem incluir tratamento ortodôntico e próteses das mais sofisticadas.

O mercado brasileiro é o que tem o maior número de dentistas do mundo, com aproximadamente 266 mil profissionais. E apenas 21 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 10% da população brasileira, têm um plano odontológico. Os planos coletivos, compostos por planos empresariais e planos por adesão, apresentam o maior número de pessoas (17 milhões) com planos odontológicos, enquanto os planos individuais somam apenas 4 milhões de pessoas. Uma pesquisa da ANS revelou que cerca de 3 milhões de brasileiros nunca foram ao dentista. As operadoras de planos odontológicos ainda têm muito a explorar no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, há 160 mil dentistas e 66% da população com plano odontológico, enquanto 80% dos americanos têm plano de saúde.

“O mercado odontológico ainda é pouco explorado no Brasil e convive com alto grau de concentração. Sem dúvida, dois ingredientes fortes para quem quer crescer”, afirma o superintendente de relações institucionais da Seguros Unimed, Fernando Poyares.

A Unimed Odonto ocupa a sétima posição entre as operadoras do setor. Seu faturamento em 2014, quando comparado ao ano anterior, cresceu 30%. No primeiro trimestre de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, o faturamento cresceu 26%. Com relação de beneficiários, entre 2013 e 2014, o número passou de 261.191 mil clientes para 327517. “Nosso principal foco de atuação é o segmento corporativo.Temos a vantagem da capilaridade do sistema Unimed, com 370 unidades em todo o Brasil, representando quase 90% do território”, ressalta Poyares.

Na Omint, 100% da carteira de beneficiários do plano odontológico (45 mil pessoas) são de planos corporativos. “Do total de planos, aproximadamente 70% são produtos tradicionais, contratados por empresas de pequeno e médio porte, que buscam cobrir os acordos sindicais. Mas há o caso de empresas que optam por um produto odontológico como beneficio diferenciado aos colaboradores, incluindo próteses, ortodontia e implantes”, explica o diretor-geral da Omint, André Coutinho. Para o atendimento dos beneficiários, a Omint realiza cerca de 3 mil atendimentos por mês.

Nos primeiros cinco meses de 2015, houve aumento do número de planos odontológicos contratados na Omint. “A expectativa é de incremento no número de novos clientes até o fim deste ano, em dois dígitos”, explica Coutinho. Em 2014, novos beneficiários de planos odontológicos aumentaram 9%”, diz.

Líder no setor de planos odontológicos, a OdontoPrev conta com a exclusividade de distribuição dos planos por meio do Bradesco e Banco do Brasil. De 2006 a 2014, o número de beneficiários da OdontoPrev passou de 1,49 milhão para 6,31 milhões de pessoas, o que corresponde ao crescimento médio de 20% ao ano no período. Hoje, a empresa apresenta uma rede credenciada de 25 mil cirurgiões-dentistas no país. De janeiro a março de 2015, o segmento individual apresentou aumento líquido de 4 mil vidas, segundo os resultados divulgados no trimestre. O melhor desempenho desde 2013, principalmente pela participação crescente do Bradesco.

A OdontoPrev fez um acordo com a Bradesco Dental em 2009. Outro acordo de associação foi fechado entre a OdontoPrev e a BB Seguros para Brasildental em março de 2014. Mas agora, em 2015, a base de clientes da OdontoPrev deve aumentar ainda mais em função de um nova estrutura comercial da Bradesco Seguros, a maior acionista da OdontoPrev. No novo formato, o corretor vende todos os seguros (saúde, dental, automóvel, previdência, vida). Antes, cada funcionário ofertava apenas uma modalidade de seguro.

Também em função da crescente participação do Bradesco, houve crescimento do tíquete médio em todos os segmentos da OdontoPrev, passando de R$ 15,85 para RS 16,66 nos três primeiros meses do ano, com destaque para a carteira de planos individuais. Juntamente com a carteira de planos individuais, a carteira de PME da OdontoPrev representa as maiores margens de retomo, e também os maiores riscos, comparadas ao segmento corporativo. E importante ressaltar que as PME mantêm o crescimento consistente de vidas desde 2011.

A carteira corporativa da OdontoPrev é responsável por 81% do total de clientes, sendo que a carteira PME responde por 12%. Por último, estão os planos individuais, com 7% do total de beneficiários. No primeiro trimestre, o segmento corporativo foi responsável por 75,5% da receita operacional líquida (ROL), enquanto o PME respondeu por 12,6%.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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