Resseguro paramétrico: não uma alternativa, mas um complemento ao resseguro tradicional

cnseg_resseguro 4Fonte: Revista Cobertura – Por Karin Fuchs

Muito relacionado às catástrofes naturais, o resseguro paramétrico tem se apresentado como uma solução às restrições de acesso a alguns riscos e de oferta para coberturas complexas no mercado de resseguro tradicional, abrindo um vínculo com o mercado financeiro internacional (capacidade), na estrutura esquemática dos cat bonds (bônus por catástrofes).

Para ilustrar os benefícios do resseguro paramétrico, em sua apresentação na 4º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, Florian Kummer, diretor de Subscrição de Resseguros de Ramos Elementares para a América Latina da Swiss Re, começou explicando algumas diferenças com o resseguro tradicional.

“São duas características principais: superação de um índice paramétrico x ocorrência de um evento segurado. Enquanto no mercado tradicional a importância a ser paga é o valor do sinistro após, por exemplo, aplicação de limites, no paramétrico o valor é pré-definido. No momento em que o índice paramétrico (gatilho) é alcançado ou excedido, o pagamento é efetuado”, afirmou.

Segundo ele, no paramétrico o risco básico é a diferença entre valor definido e sinistro real, o tempo de pagamento do sinistro se dá, em média, entre duas e seis semanas, enquanto no tradicional o prazo pode demorar um pouco mais, dependendo da complexidade. “E o uso dos índices paramétricos são fáceis de entender e de explicar, com uso de recursos e de coberturas de acordo com a decisão do cliente. Já no tradicional as coberturas são mais restritas, de acordo com a oferta do mercado. Se bem desenhado, o produto paramétrico minimiza o risco básico”, explicou.

No que tange as coberturas, no produto paramétrico ela se dá a partir de uma área previamente definida como, por exemplo, exposta a furacões ou alagamentos. Para isso, informou Kummer, “a base são investimentos em pesquisa e desenvolvimento, estudo do risco, conhecer e criar modelos catastróficos de última geração, base de dados abrangentes, com a definição de cobertura para a área de frequência ou severidade, de forma que a cobertura de resseguro pode ser uma função do orçamento disponível”.

Sobre os riscos, o executivo destacou que além dos desastres naturais, o aumento da renda e tendências socioeconômicas implicam no crescimento de valores expostos e aumento da sua vulnerabilidade, com um incremento significativo nas perdas esperadas e nos custos de adaptação. No caso do Brasil, ele citou que alagamento é a catástrofe natural mais frequente no País, agravada com o crescimento da urbanização e de ativos econômicos em megacidades. “Em 2010, eram 33 milhões de pessoas expostas, número que chegará a 42,5 milhões em 2030 e a perdas esperadas com inundações é estimada em US$ 1.406 milhão. O resseguro paramétrico não é uma alternativa ao tradicional, mas um complemento”, concluiu.

Para Rodrigo Protassio, CEO da JLT Re Brasil, os resseguros paramétricos são uma oportunidade para o desenvolvimento de projetos. “Como no caso do mercado energético, para empresas geradoras e distribuidoras que precisam comprar energia e assegurarem sua entrega”, citou.

De acordo com ele, “é uma forma de fazer contratos de derivativos ou assumir uma apólice com uma seguradora, resseguradora, um tipo especial de contrato de derivativos que garanta pagamento em casos de eventos (situações previstas). A empresa paga um prêmio ao tomador do contrato (outra parte) em troca deste assumir o risco climático”, disse Protassio.

Assim como Kummer, ele também destacou o uso do paramétrico como complemento ao resseguro tradicional. “Para a agricultura, por exemplo, talvez seja a solução. O prêmio do seguro agrícola é muito alto, depende da subvenção, há um potencial enorme e pouca participação de segurados no campo”, finalizou.

Estima-se que a área protegida no País com algum tipo de seguro não ultrapasse 25% do total. 75% da área agrícola do País fica à mercê do clima.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS