Crescer 12,4% num ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) está projetado para um patamar inferior a 1%. Esse é grande otimismo da Confederação Nacional de Seguros (CNseg), que congrega as empresas que atuam em seguros, previdencia, saúde, capitalização e resseguro. “Temos muito espaço para crescer e esse grande potencial da oferta de produtos e serviços para a sociedade, principalmente para as Pequenas e Médias Empresas, alimenta as nossas expectativas e investimentos”, disse Marco Antonio Rossi, presidente da CNseg e da Bradesco Seguros, durante almoço de final de ano realizado com jornalistas, em São Paulo.
A expectativa em 2014, que até junho registrou R$ 155 bilhões em faturamento total (com saúde suplementar), alta de 7,9%, é encerrar o ano com avanço de 11,2%, sendo o maior incremento vindo da saúde suplementar (15,2%), planos previdenciários (11%), seguros gerais (9%), vida (5,9%) e capitalização (5%). “Nos últimos 15 anos passamos de uma representatividade de 1% para 6% do PIB e ainda temos uma jornada para atingir o tamanho que esse setor deve ter para apoiar o crescimento do Brasil”.
Em valores, a CNseg informa que a carteira de automóvel registrou vendas de R$ 26 bilhões até outubro de 2014, ramos elementares de R$ 28,9 bilhões, vida de R$ 25 bilhões, previdência com arrecadação de R$ 61,6 bilhões, capitalização de R$ 18 bilhões e saúde suplementar de R$ 60,8 bilhões, neste caso com dados até junho.
Um dos pontos destacados por Rossi foi a diversificação nas vendas. Estados como Sergipe, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima, com exceção de 2012, foram maiores do que em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, ainda líderes em arrecadação. São Paulo ainda detém cerca de 50% das vendas e também do pagamento de indenizações.
Rossi destacou o quanto o mercado de seguros contribui para a sociedade e a economia com R$ 6,3 bilhões de sinistros pagos (Vida), R$ 28,2 bilhões sinistros pagos (Auto/RE), R$ 13,5 bilhões Resgates e Sorteios (Capitalização), R$ 35,2 bilhões regastes e benefícios (Previdência), R$ 49,1 bilhões em procedimentos médicos e R$ 1 bilhão em procedimentos odontológicos, com dados apresentados até outubro.
Na agenda da CNseg para 2015 boa parte do esforço das federações que compõem a confederação será tomada pelo trabalho na maior repercussão do setor junto aos poderes executivos e judiciários para melhorar as condições para o desenvolvimento da indústria de seguros, bem como em ações voltadas para a educação financeira. “Durante muito tempo tivemos dificuldades para mostrar a importância do setor tanto para o governo como para a sociedade”, finalizou Rossi.
Previdência – O entusiamo do segmento de previdência com 2015 chama-se previsibilidade segundo Osvaldo do Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). “A nova equipe econômica acalmou a tensão dos investidores ao sinalizar que transparência e seriedade com as metas, itens primordiais para os contratos de previdência, um investimento que requer previsibilidade para traçar estratégias vencedoras para o longo prazo”, avaliou Nascimento. Segundo ele, a idéia é que o investidor possa investir, por exemplo, em planos de previdência lastreados em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) com vencimento em 2035, ou em NTN-Bs com vencimento em 2050. Negociados pelo Tesouro Direto, esses papéis pagam juros mais a inflação do período do investimento, medida pelo IPCA.
Apesar do elevado saque de recursos no início de 2014, quando os aplicadores assustaram-se com a rentabilidade negativa de diversos fundos em razão da marcação a mercados, o segmento de previdência encerra o ano com crescimento de dois, como tem sido na última década. De janeiro a outubro, a arrecadação somou R$ 61,6 bilhões, avanço de 10,2% comparado ao mesmo periodo do ano anterior. Segundo estudo estatístico com um balanço de 2014 e perspectivas para 2015 divultado pela CNseg, a expectativa é de que a previdência encerre 2014 com crescimento de 11% e 2015 avance 10,5%. Para sustentar o crescimento previsto para o próximo ano, Nascimento afirma que a agenda da Fenaprevi está pautada na educação financeira e no relacionamento com os órgãos reguladores.
“Nosso obejtivo é trazer mais diversificação no portfolio de produtos para atender a diversidade de prioridades dos brasileiros, que têm metas de médio e longo prazo, como compra da casa, escolar do filho ou mesmo garantir a sucessão da empresa”, explica. Para isso, conclui, temos de ter uma carteira de investimento com títulos lastreados em diversos prazos e que tragam uma rentabilidade diferenciada. De acordo com ele, um dos focos da previdência é o segmento empresarial, principalmente, via tipificação de produtos com novas soluções como produtos de renda, VGBL saúde, com tributação diferenciada, e de universal life. No seguro de vida, segundo Nascimento, a manutenção de renda da população impulsiona o crescimento do setor.
Seguros gerais – Paulo Marraccini, presidente da FenSeg, destacou o crescimento das vendas de seguros gerais para pequenas e médias empresas e em 2015 seguirá num ciclo ascendente. “Nada contra os jornalistas, mas os jornais mostram muito mais a crise do que os avanços do Pais. Eu viajo muito, principalmente pelo interior do Brasil, e vejo muitas obras concluídas, em andamento e outras que estão prestes a começar. Esse é o motor que vai manter as vendas de seguros gerais em movimento”, afirma o executivo que faz parte também do conselho da Allianz. Do crescimento de 9% projetado para 2014, em 2015 o indicar recua um pouco, para 7,6%. Durante 2014, o grande destaque, segundo Marraccini, foi o habitacional e pequenas e médias empresas. Neival Rodrigues, diretor da Fenseg, destacou também a regulamentação dos desmanches em âmbito federal, previsto para acontecer até maio de 2015.
Saúde – Marcio Coriolano, presidente da Fensaúde, destacou o crescimento da saúde suplementar. Com receitas abaixo apenas do segmento de previdência, a saúde suplementar deverá encerrar 2014 com faturamento de R$ 52 bilhões. Para 2015, a expectativa é crescer 15,8%, para R$ 60,8 bilhões. Boa parte do incremento é creditado a venda de planos de saúde para pequenas e médias empresas, que manterá sendo o foco das companhias para o próximo ano, assim como os programas de prevenção. “Todos buscam reduzir custos num momento de crise e esse foco se manterá tanto em nossos clientes, para que não arquem com contas ainda maiores, como das operadoras de saúde com sua base de fornecedores e também internamente”, comentou Coriolano.
Capitalização – O presidente da Fenacap, Marco Barros, afirmou que capitalização apresentou um percentual menor de crescimento, em virtude de 2014 ter sido um ano com outras prioridades para a população de menor renda, como a Copa do Mundo. “Estamos trabalhando no desenvolvimento de novos produtos para 2015, mas mesmo assim nossa expectativa de crescimento é modesta”, comentou.
Barros foi o porta-voz da “van premier” da nova do setor dentro do Programa Nacional de Apoio ao Trânsito, que será lançado no dia 16 de dezembro. O tom da campanha é “Se Liga” e visa conscientizar a sociedade que é preciso estar mais atento ao trânsito. Em 2013, como mostra os números do DPVAT, mais de 634 mil pessoas sofreram acidentes em 2013. “A legislação trata das questões como dirigir embriagado ou para quem utiliza celular. Nós vamos tratar da conscientização do condutor para diminuir os riscos. Temos que investir na educação infantil e nos jogos virtuais, além de simuladores que mostram os efeitos de uma colisão a 15 quilômetros por hora”, comentou Barros.
Números em destaque
150 mil empregos diretos
82 mil corretores de seguros
17 empresas de capitalização
48 seguradoras em beneficios
1.258 empresas em saúde suplementar
118 empresas de seguros gerais
16 resseguradoras locais
R$ 744 bilhões em investimentos até outubro de 2014
R$ 557 bilhões em reservas técnicas até outubro de 2014
R$ 117,7 bilhões em patrimônio líquido
Em tempo: as estimativas podem ser revisadas de acordo com o desempenho da economia brasileira, informa o rodapé da tabela dos dados estatísticos apresentados pela CNseg.