Cotado como um dos possíveis nomes para comandar a equipe econômica, o ex-secretario executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta sexta-feira em São Paulo, durante o 35º Congresso Brasileiros dos Fundos de Pensão, que os principais desafios da presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato serão fazer a economia voltar a crescer mais rapidamente, com maior taxa de investimento, trazer a inflação para o centro da meta, recuperar a capacidade fiscal do governo e manter a inclusão social, aumentando a oferta de serviços públicos como saúde e educação, além da transferência de renda.
“Essa é basicamente a plataforma que foi colocada na reeleição do governo, tem pautado suas ações, e eu concordo plenamente com isso. É preciso ajustar a macroeconomia à nova dinâmica do Brasil e do mundo”, afirmou Barbosa. Perguntado se foi convidado ou sondado para substituir o ministro Guido Mantega, da Fazenda, o ex-secretário executivo da pasta disse que não recebeu o convite e nem vai alimentar especulações sobre isso.
“Não recebi o convite e não vou mais alimentar especulações da imprensa ou boatos de Brasília. Essa é uma decisão da presidente Dilma, a quem dei meu apoio na reeleição. Tenho certeza que ela vai fazer um ótimo segundo mandato”, afirmou Barbosa, garantindo que continua dedicado a sua carreira na Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde é professor.
Quando perguntado sobre qual ajuste fiscal seria possível em 2015, Barbosa respondeu que “não está no governo e, portanto, não vai fazer ajuste fiscal”. Mas lembrou que este ano a economia está crescendo perto de zero, o que traz impacto para o resultado fiscal. “O ideal seria que superavit primário fosse sempre o maior possível. Mas ele também é consequência do nível da economia. É sempre muito difícil falar num número para 2015, por causa da volatilidade da receita. O que tem sido sinalizado e até discutido pelo mercado é que é necessário recuperar a trajetória fiscal de longo prazo. Não é o primário de um ano, é uma sequência de primários, garantindo que a dívida pública vai parar de crescer e eventualmente voltar a cair. Esse é um trabalho para ser feito em mais de um ano, dois três anos. Mas o primário de 2015 certamente será mais elevado do que neste ano”, afirmou.
O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda afirmou que a presidente enfrentou uma conjuntura muito desfavorável em seu primeiro mandato, tanto internacional como climática, o que trouxe reflexos para a economia. “E apesar dessas dificuldades, o governo conseguiu manter a economia gerando empregos, em volume considerável, com baixa taxa de desemprego, e preservando o bem estar da população brasileira.”
Ele disse que o governo enfrentou esses desafios da maneira possível e, por isso, foi reeleito. Barbosa disse, durante sua palestra no Congresso da Abrapp, que os órgãos reguladores de fundos de pensão e seguros, como a Susep e a Previc, poderiam se fundir, transformando-se numa autarquia ou numa agência reguladora. “Essa é uma discussão que já vem do final do governo Lula. Poderia ser uma autarquia ou agência, é uma discussão de direito administrativo. Um cuida de previdência aberta e outro de fechada. É uma discussão que eu lancei para reflexão. Não é uma medida para ser tomada de uma mês para outro, mas para ser discutida”, afirmou.