Três dias de debates sobre como usar a tecnologia para atrair mais e mais clientes para a indústria de seguros, dona de um faturamento anual de quase R$ 300 bilhões. Essa é a proposta da 8a. edição do Insurance Meeting Service, que acontece neste fim de semana (14 a 16 de novembro), em Angra dos Reis. O blog Sonho Seguro entrevistou Eugênio Velasques, presidente da Comissão de Microsseguros e Seguros Populares da CNseg e mentor do evento para contar um pouco mais sobre qual o papel da tecnologia dentro da estratégia do setor em estar entre os dez maiores mercados de seguros do mundo nos próximos anos. “Em um mundo onde a tecnologia tem um papel cada vez mais determinante em qualquer ramo de negócios, sobretudo no relacionamento com os clientes, o evento pretende deixar um legado para a indústria de seguros avançar cada dia mais na sofisticação do atendimento ao consumidor em todos os canais de relacionamento”, diz o executivo, que também é diretor da Bradesco Seguros.
No Brasil, o preço ainda é um fator de decisão de compra. Quais as prioridades das seguradoras para ofertar um produto com preço acessível a todos os públicos, do perfil de alta renda ao do microsseguro?
Concordo com afirmativa de que preço ainda é um fator de decisão de compras no Brasil. Mas quem busca diferenciais encontra nas diversas ofertas hoje disponibilizadas pelas seguradoras. A acirrada concorrência tem estimulado investimentos significativos em uma grande variedade de produtos para conquistar os clientes. Por isso está cada dia mais difícil estabelecer o critério “preço” para decisão somente pela avaliação absoluta na comparação de custos. A decisão para o público de alta renda ainda continua sendo a avaliação custo benefício e também a credibilidade, solidez e garantia oferecida pela seguradora, bem como dos serviços praticados por ela ou pelas corretoras. Ainda considerando o portfólio tradicional, as pessoas possuem bens, sonhos, desejos e necessidades de proteção que levam praticamente as seguradoras terem várias opções de produtos para que um deles se encaixe na melhor relação custo benefício daquele cliente ou família. Já no seguro de automóvel sempre passamos muitas vezes pela avaliação somente do valor, o que leva esse segmento a ter cada vez a busca da excelência em serviços e agilidade e efetividade desde a emissão até a regulação de sinistros.
E no microsseguros?
No segmento de microsseguros a comparação de preços também acaba sendo possível, pois os produtos são muitos simples, mas para este público o que fará a diferença será a forma e o momento certo de uma oferta que realmente faça sentido para que este cliente pague por aquilo que é oferecido. Para isso, necessitamos cada vez mais investir na educação financeira deste mercado.
Há um perfil de público que não em importa de pagar um pouco a mais para ter um serviço diferenciado. Em termos de tecnologia, quais as novidades para atender a esse consumidor mais exigente?
Podemos dizer que para todo o público que é alvo da indústria de seguros, com exceção do mercado de menor renda, se torna cada dia mais exigente. Eles cobram por pagar mais por meio da exigência em qualidade, não só em serviço diferenciado, como principalmente na segurança da instituição que ele está optando em ter como fornecedora do produto. Porém pagar mais tem um limite e voltamos novamente a equação custo benefício. Nesta hora, não só a tecnologia, mas toda a cadeia produtiva, terá de ter um processo enxuto para que o produto possa chegar a um preço acessível ao consumidor, sem sacrificar as margens de rentabilidade da operação. A tecnologia, nestes tempos de pessoas cada vez mais sem tempo, deverá oferecer comodidade, conveniência e convergência visando facilitar cada vez mais a vida de segurados e dos corretores. A fidelização destes certamente passará por uma análise criteriosa e será um fator determinante de compra.
Há uma previsão de quanto o setor investirá em tecnologia em 2015 (e quanto investiu em 2014 ou últimos anos)?
Não temos como consolidar os números dos investimentos feitos em tecnologia na indústria de seguros, mas podemos dizer que investimos mais de uma dezena de bilhões de reais e que isto tende a crescer por mais uns 3 ou 4 anos.
O setor tem investido muito em preparar novos canais de distribuição para estar onde o cliente quer ser atendido. Quais as principais novidades lançadas em 2014 e quais as previstas para 2015?
O setor tem investido no desenvolvimento de novos canais de distribuição como principalmente em canais de atendimento. Mas como você mesmo afirma, quem vai definir onde quer ser atendido ou onde quer comprar o seguro é o cliente. Cabe às seguradoras e corretoras demonstrarem aos seus clientes as facilidade de interação, comunicação e resolutividade que elas oferecem. Estamos em uma fase de consolidação de lançamentos feitos nos três últimos anos, tais como utilização de telefonia celular móvel e POS, mas neste ano tivemos lançamento de venda de seguro tradicionais em “vending machines”. O aperfeiçoamento do uso de tabletes, andróides, celulares, além da utilização mais intensa da internet, das ATM’s, POS entre outros para prospecção e atendimento serão os grandes desafios de 2015 e 2016, bem como o lançamento de produtos adequados a estas novas soluções. O nosso evento tem com tema central esses desafios.
E quanto ao investimento em criar “apps” que criam conveniência e interação com o consumidor, quais as principais novidades lançadas em 2014 e quais as previstas para 2015?
Temos os chamados “apps” ainda em uma fase muito inicial e ele são comparáveis aos nossos sites nos anos 90. Ajudam a conhecer as seguradoras, seus produtos e, principalmente, são usados como convivência e instrumento de comunicação com os segurados e corretores. Ainda passaremos um bom tempo com os nossos principais parceiros utilizando outras tecnologias, pois precisamos de tempo da desenvolver e testa os “apps” e também aguardar as máquinas se tornarem mais populares e acessíveis. A funcionalidade da internet hoje está nos “apps” de amanhã e também discutiremos isto no Insurance Service Meeting.