Michael Diekmann deixa comando da Allianz; Oliver Baete assume

allianz diekmannComeçou a temporada de troca de executivos. Lá fora e aqui no Brasil. Geralmente é neste mês que os acionistas trocam aqueles que não atingiram as metas. Ou cortam agora, antes do dissídio em dezembro, para recontratar em janeiro, com um quadro político definido, o que ajudará a ter um mínimo de previsibilidade para investimentos. Hoje a principal notícia neste sentido veio da gigante alemã Allianz.

Fonte: Bloomberg/Valor

A seguradora Allianz nomeou Oliver Baete para substituir Michael Diekmann no cargo de executivo-chefe. A indicação ocorre menos de uma semana após a turbulência que atingiu sua controlada Pacific Investment Management (Pimco) com a saída do rei dos bônus, Bill Gross.

Baete – 49 anos, membro do conselho de administração responsável por seguros de bens e contra acidentes, e por seguros para o sul e a região ocidental da Europa – vai assumir o cargo em maio, disse a seguradora em comunicado divulgado ontem. Diekmann, de 59 anos, cujo contrato expira em dezembro, ocupou o cargo por 12 anos.

Os investidores retiraram bilhões de dólares dos fundos da Pimco desde 26 de setembro, quando a Allianz informou que Gross, seu diretor de investimentos, estava se retirando da empresa para ingressar na Janus Capital Group, com sede em Denver. Analistas do Deutsche Bank estavam entre os que previram mais de US$ 200 bilhões em resgates. As ações da Allianz, que controla o maior fundo mútuo do mundo desde 2000, tiveram sua maior queda de quase três anos no dia em que a saída de Gross foi anunciada, o que subtraiu € 3 bilhões de valor de mercado da empresa.

“O primeiro desafio do novo executivo-chefe será colocar a Pimco de novo nos eixos e conter as retiradas”, disse Werner Schirmer, analista do Landesbank Baden-Württemberg, que recomenda aos investidores a manutenção das ações da Allianz. “É uma tarefa difícil. Eles agiram com tanta independência por tanto tempo.”

As ações da Allianz recuavam 1,7%, para € 125,15 no fim da tarde de ontem em Frankfurt, ampliando suas perdas deste ano para 4% e atribuindo à empresa o valor de € 57,2 bilhões. O Índice Bloomberg 500 de Seguros Europeus recuou 1,5% ontem.

Baete ingressou na empresa em 2008, vindo da McKinsey, e foi também diretor operacional e diretor financeiro.

A direção da Allianz tenta tranquilizar os maiores investidores da empresa, como BlackRock e Deutsche Bank, de que é capaz de conter as perdas decorrentes da saída abrupta de Gross – um mito do setor que ajudou a consolidar a Pimco como uma das maiores gestoras de investimentos em renda fixa do mundo. A agência de classificação de risco Moody’s disse ontem que o aumento dos saques na Pimco implicará uma redução dos lucros da Allianz. A empresa, que administra quase US$ 2 trilhões em ativos de clientes, é responsável por 25% do lucro operacional da seguradora.

Mesmo antes da saída de Gross, a Pimco andava causando estranheza entre os investidores da Allianz. Seu carro-chefe, o Total Return Fund, sofreu resgates por 17 meses consecutivos até o fim de setembro, entre os fundos da Pimco que tiveram desempenho inferior à média dos congêneres. Em janeiro, a Pimco foi obrigada a reformular sua equipe de direção após a saída de seu ex-executivo-chefe Mohamed El-Erian.

“Baete é uma das principais pessoas que asseguraram à Allianz a superação das dificuldades da crise financeira e da crise da dívida dos governos europeus”, disse o analista Ben Cohen, da Canaccord Genuity, que recomenda aos investidores a compra das ações da seguradora. “A pergunta que muitas pessoas devem estar se fazendo agora é se ele vai levar uma prática de enfrentamento mais direto das questões na Pimco.”

A Pimco também está sendo acompanhada de perto pela SEC, o órgão regulador do mercado de capitais americano, sobre a maneira pela qual atribui preços aos ativos no Total Return Exchange-Traded Fund da Pimco, que gere fundos de índice negociados em bolsa.

Diekmann disse aos analistas no início da semana que a Allianz continua comprometida com a Pimco, adquirida em 2000. O diretor financeiro, Dieter Wemmer, disse que a previsão do lucro operacional da Allianz para este ano não mudou. Poucas horas após da saída de Gross, a Pimco anunciou que Daniel Ivascyn, um dos seis vice-diretores de investimentos nomeados após o afastamento de El-Erian, substituirá Gross como diretor de investimentos.

Além de estabilizar a Pimco, Baete enfrenta desafios como administrar a queda dos retornos decorrentes das baixas taxas de juros. A exemplo da maioria das seguradoras, a Allianz tem a maior parte de seus investimentos em renda fixa, como bônus governamentais e corporativos. E a empresa está reformulando o Fireman’s Fund, sua divisão americana de bens e acidentes, que enfrenta dificuldades para continuar lucrativa.

A Allianz também está sendo pressionada pelos investidores, entre os quais a Union Investment de Frankfurt, a distribuir uma parcela de seus lucros maior que os 40% habitualmente repartidos. sob a forma de dividendos. “Que Baete era um dos candidatos sabia-se há tempos”, disse o analista Thomas Seidl, da Sanford C Bernstein, de Londres. “A pergunta é: este é o momento certo?”

Baete nasceu em Bensberg, na Alemanha, e tem MBA da Faculdade Leonard Stern de Administração de Empresas, da Universidade de Nova York. Ele trabalhou como diretor operacional após entrar na empresa, em 2008, e se tornou diretor financeiro em 2009. Diekmann comanda a Allianz desde 2003, quando a seguradora teve seu primeiro prejuízo anual desde a Segunda Guerra Mundial, devido a baixas contábeis patrimoniais e ao acúmulo de créditos de liquidação duvidosa no Dresdner Bank, banco adquirido em 2001. Ele reconduziu a empresa à lucratividade e organizou a venda emergencial do Dresdner em agosto de 2008, poucas semanas antes do colapso do Lehman Brothers.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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